Celere

6 inovações na produção de materiais que contribuem para tornar a construção “carbono zero”

Foto criada por Marek Piwnicki para Unsplash

Conheça tecnologias e inovações aplicadas à fabricação de materiais que geram menos impacto ambiental e podem contribuir para tornar a construção carbono zero

Estima-se que a indústria da construção seja responsável por cerca de 37% das emissões globais de CO2. E, infelizmente, o caminho para mudar esse cenário é longo…

Para você ter uma ideia, segundo o 2022 The Global Status Report for Buildings and Construction, o setor atingiu um novo recorde de emissões em 2021. 

De acordo com o relatório, só a fabricação de materiais de construção (concreto, aço, alumínio, vidro e tijolos) lançou cerca de 3,6 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera naquele ano.

Porém, é possível encontrar formas de diminuir a emissão de CO2 na construção por meio de inovações e novas tecnologias aplicadas à produção de materiais. Está na hora de entender como!

Leia também: Sidac: a plataforma que mede a emissão de CO2 na construção civil

A importância dos materiais sustentáveis para tornar a construção carbono zero

Atualmente, muitos materiais de construção dependem de processos extrativos baseados em minerais, com uso intensivo de energia, que causam impactos ambientais significativos – como perda de biodiversidade e escassez de água –, além de contribuir para emissões de dióxido de carbono.

Além disso, na fase de fim de uso dos sistemas de construção e infraestrutura, frequentemente os materiais são descartados de forma irresponsável ou desperdiçados, o que também impacta diretamente o meio ambiente.

Globalmente, aproximadamente 100 bilhões de toneladas de resíduos de construção, reforma e demolição são gerados todos os anos. Cerca de 35% desses resíduos vão para aterros sanitários. Contudo, grande parte desses resíduos poderia ser recuperada e reciclada – diminuindo a extração de materiais e as emissões liberadas durante a fabricação de novos insumos.

Então, o caminho para uma construção carbono zero passa necessariamente por desenvolver novas formas de fabricar e utilizar materiais, com foco em tornar os insumos mais sustentáveis desde sua produção e seu uso até o descarte.

Para se ter uma ideia, somente nos países do G7, estratégias para aumentar a eficiência de materiais de construção (incluindo o uso de materiais reciclados) poderiam reduzir as emissões de gases de efeito estufa da construção de 80% a 100% até 2050.

Leia também: 10 artigos sobre sustentabilidade na construção civil para você acompanhar essa tendência

6 materiais inovadores que contribuem para a construção carbono zero

As soluções que apresentamos a seguir são alguns exemplos de novos processos e tecnologias que utilizam materiais mais sustentáveis. Além de utilizarem processos de fabricação com menos impacto ambiental, algumas até contribuem para a regeneração do meio ambiente!

#1 Fontes alternativas para queima na fabricação de cimento

6 materiais inovadores que contribuem para a construção carbono zero
Centro de coprocessamento de pneus não utilizáveis na fábrica da Votorantim Cimentos em Rio Branco do Sul (PR) – Foto: Divulgação

Sozinha, a indústria do cimento é responsável por cerca de 7% das emissões globais de CO2. Grande parte dessas emissões vem da queima de combustíveis fósseis utilizados na caldeira durante a fabricação do cimento.

Porém, muitos fabricantes têm utilizado fontes alternativas de combustíveis para diminuir o impacto desse processo. É o caso da Votorantim Cimentos, que substitui o coque petróleo por outras fontes de energia – como pneus, resíduos de tintas, restos de madeira, caroços de açaí e azeitona, casca de arroz e soja, além de resíduos urbanos.

No Brasil, a Votorantim substituiu 26% dos combustíveis fa fabricação de cimento por fontes alternativas em 2021, com a utilização de 1 milhão de toneladas de resíduos. Na prática, isso resultou em uma redução de 833 mil toneladas de emissões de CO2 – e evitou o consumo de 525 mil toneladas de coque de petróleo.

#2 Cimento feito com ajuda de algas

Wil Srubar, líder do trabalho e diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade do Colorado Foto: Glenn Asakawa/CU Boulder

O processo atual de fabricação do cimento Portland, um dos materiais de construção mais comuns do mundo, consiste em extrair o calcário de pedreiras e aquecê-lo em temperaturas altas.

Como resultado desse aquecimento, o carbono que ficaria preso na terra é liberado na atmosfera na forma de dióxido de carbono – o que contribui diretamente para o aquecimento global.

Uma tecnologia desenvolvida na Universidade de Colorado promete ajudar a diminuir o impacto da fabricação deste insumo. Inspirados pela produção de calcário que acontece nos recifes de corais, os pesquisadores criaram um método que utiliza microalgas na fabricação do cimento.

Cocolitóforos são uma espécie de algas brancas que capturam dióxido de carbono do ar através da fotossíntese. As algas criam carbonato de cálcio, que pode ser usado como substituto do calcário extraído da terra na produção de cimento.

Isso pode ser um divisor de águas, afinal, com o calcário produzido pelos cocolitóforos, o aquecimento que acontece na produção do cimento liberaria apenas dióxido de carbono que foi previamente extraído da atmosfera durante a vida das algas. Ou seja, assim seria possível neutralizar as emissões da fabricação do cimento.

Em contraste, o aquecimento do calcário vindo da terra libera carbono armazenado por milhões de anos. A estimativa é que a substituição do calcário extraído pelo produzido pelas algas possa evitar duas gigatoneladas de emissões de dióxido de carbono por ano.

#3 Tecnologia para captura de CO2 na fabricação do cimento

Imagem: Divulgação

Outro exemplo de inovação que visa neutralizar as emissões de dióxido de carbono na produção do cimento é uma solução da fabricante Hanson.

A tecnologia, chamada C-Capture, utiliza um solvente para capturar seletivamente o CO2 produzido. Esse processo utiliza 40% menos energia do que outros processos de captura de carbono, o que reduz significativamente o custo da descarbonização do cimento.

Além do projeto nas fábricas de Ketton, também estão sendo realizados testes com essa solução na indústria de vidro e em uma usina de resíduos para energia. Se for bem-sucedida, a tecnologia poderá ser implementada em outros locais, com previsão de instalações C-Capture em escala comercial até 2030.

#4 Concreto reciclado que armazena CO2

Imagem: Divulgação

Neutralizar as emissões de carbono durante a fabricação do cimento pode ser uma boa alternativa. Mas e se formos e além e pensarmos que o próprio cimento poderia ajudar a capturar o CO2 da atmosfera? E melhor, se utilizarmos concreto reciclado que seria descartado na natureza? Essa é justamente a ideia da tecnologia desenvolvida pela Neustark.

De maneira resumida, funciona assim:

Segundo a Neustark, já é possível armazenar cerca de 10 kg de CO₂ permanentemente em um metro cúbico de concreto fresco. Até 2025, a empresa estima aumentar esse valor para mais de 150 kg de CO₂ por metro cúbico.

#5 Materiais de construção feitos de plástico reciclado

Imagem: Divulgação

Para tornar a construção carbono zero, é importante pensar não somente em como neutralizar as emissões dos processos tradicionais, mas também em maneiras de utilizar outras matérias-primas para tornar os insumos mais sustentáveis.

Uma inovação interessante nesse sentido é o material desenvolvido pela Le Pavé, empresa que fabrica painéis feitos de plástico reciclado, que podem ser utilizados em revestimentos de paredes, bancadas e móveis em projetos de construção.

Produzido em chapas, o Le Pavé pode ser serrado, furado, lixado e termoformado no formato desejado. Também é totalmente reciclável, o que significa que é possível reutilizá-lo. Ao final de sua vida útil, as chapas são trituradas na fábrica da empresa e reintegradas em um novo projeto.

Segundo a empresa, na fabricação de uma chapa de 19mm e 28 quilos são evitados 35 quilos de emissão de CO₂. Portanto, com a utilização de 1 tonelada de resíduos plásticos, a Le Pavé evita a emissão de 1.500 quilos de CO₂.

#6 Concreto reforçado com pneus

Imagem criada por Robert Laursoo para Unsplash

Você sabia que cerca de 1 bilhão de pneus são jogados em aterros sanitários todos os anos? E se, ao invés descartar esse material, ele virasse ingrediente no concreto para fornecer uma série de benefícios para a construção?

Essa é outra inovação focada em aproveitar resíduos para gerar novos materiais, ajudando a reduzir a pegada de carbono do setor construtivo. 

Pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália desenvolveram uma laje de concreto residencial feita de uma mistura de borracha de pneu triturada – que funciona tão bem quanto uma laje tradicional.

De edifícios a estradas, o concreto de borracha fornece um produto mais flexível e durável. A flexibilidade é particularmente útil em climas com temperaturas que envolvem congelamento e degelo, reduzindo assim a probabilidade de rachaduras. O resultado a longo prazo é uma redução nos custos e tempo de manutenção.

E quando a borracha é usada nas calçadas, a superfície de caminhada torna-se muito menos escorregadia, o que melhora a segurança geral dos espaços públicos.

Mas o que sustentabilidade e construção carbono zero tem a ver com gestão de obras?

A resposta é: tudo! 

Afinal, decisões tomadas na gestão dos projetos – seja em relação ao local da obra, ao design ou aos materiais utilizados – impactam diretamente a sustentabilidade da construção.

Além disso, por meio de um gerenciamento mais eficiente, seus projetos utilizarão melhor os recursos disponíveis, e os processos serão mais eficientes e rápidos. Isso, por si só, já ajudará a gerar grande economia de recursos naturais e diminuição de desperdício de materiais.

Nesse sentido, ter informações e dados qualificados pode ajudar os gestores de obras a tomarem decisões melhores – que tornarão as obras mais eficientes e sustentáveis. Essa, aliás, é justamente a premissa do Budget Analytics (B.A.), a ferramenta de gestão de orçamentos da CELERE Consultoria de Eficiência na Construção.

As informações coletadas e analisadas na nossa plataforma permitem que incorporadoras e construtoras tomem decisões estratégicas baseadas em informações mais precisas, detalhadas e específicas. Portanto, além de reduzir custos e aumentar a lucratividade, o B.A. ajuda a posicionar a empresa no mercado.

Com o Budget Analytics, é possível, por exemplo:

Conheça melhor o Budget Analytics e descubra como, com a ajuda da CELERE, suas obras podem ser mais eficientes e lucrativas!

Mais materiais inovadores que tornar a construção mais sustentável

Se um de seus objetivos é aumentar a sustentabilidade das suas obras, não deixe de ler os artigos abaixo. Eles apresentam outras tecnologias e inovações aplicadas a materiais que também podem contribuir para tornar a construção carbono zero.

Informações: Valor; Springwise; Neustark; 2022 The Global Status Report for Buildings and Construction

Sair da versão mobile