Entenda as diferenças entre CUB e INCC e saiba como utilizar essas referências no orçamento de obras
No universo da construção civil brasileira, dois indicadores se destacam quando o assunto é orçamento e variação de custos: CUB (Custo Unitário Básico) e INCC (Índice Nacional da Construção Civil).
Enquanto o primeiro oferece uma visão clara dos custos médios por metro quadrado em determinados projetos e regiões, o segundo reflete as mudanças nos custos gerais da construção ao longo do tempo, em nível nacional.
Ambos são referências relevantes. Porém, é preciso analisá-los e utilizá-los corretamente, sempre levando em conta as particularidades da empresa e dos projetos.
A seguir, entenda melhor cada um desses índices. Além disso, conheça as principais diferenças entre eles e saiba como são utilizados na gestão do orçamento de obra. Por fim, descubra como a CELERE ajuda a garantir uma análise de custo mais efetiva e precisa – indo além das referências de boletins públicos.
O que é o Custo Unitário Básico (CUB)?
O CUB é um indicador utilizado para se obter uma estimativa dos custos envolvidos em um projeto de construção.
Ele é regido pela Lei Federal 4.591/64, que determina que os sindicatos estaduais da indústria da construção (os Sinduscons) devem divulgar mensalmente os custos unitários de construção a serem adotados nas respectivas regiões jurisdicionais.
O cálculo do CUB varia de acordo com o padrão e a designação da obra, conforme estabelece a ABNT NBR 12.721:2006.
Padrão:
- Baixo (B)
- Normal (N)
- Alto (A)
Designação:
- R1 (Residência Unifamiliar)
- PP (Prédio Popular)
- R8 (Residência Multifamiliar)
- R16 (Residência Multifamiliar)
- PIS (Projeto de Interesse Social)
- RP1Q (Residência Popular)
- CAL8 (Comercial Andares Livres)
- CSL8 (Comercial Salas e Lojas)
- CSL16 (Comercial Salas e Lojas)
- GI (Galpão Industrial)
Saiba mais: Custo Unitário Básico (CUB) x orçamentos precisos na construção
O que é o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC)?
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) calcula e divulga mensalmente o INCC – índice que mede a variação dos custos da construção civil.
Essa análise dos custos da construção leva em conta os preços levantados em sete capitais brasileiras: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).
O cálculo é feito com base em orçamentos analíticos de empresas de engenharia civil e lista 64 itens de mão de obra, além de 659 de outros três fatores – materiais, equipamentos e serviços.
Como oferece um panorama geral dos custos no Brasil, o INCC ajuda a avaliar a evolução dos preços mais relevantes para a construção civil.
Utiliza-se o INCC para, por exemplo, reajustar os valores das prestações de imóveis comprados na planta. Além disso, ele é um dos componentes do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
O INCC pode variar de acordo com o período do levantamento dos dados:
- INCC-M: traz dados coletados entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês vigente.
- INCC-DI: baseia-se em dados coletados entre o primeiro e o último dia do mês.
- INCC-10: ocorre entre o dia 11 do mês anterior até o dia 10 do mês de referência.
Para acompanhar a introdução de novos materiais e técnicas de construção, em julho de 2023 foi realizada uma atualização na estrutura de avaliação do índice. Dessa forma, o INCC passou a ser calculado para distintos padrões construtivos (econômico, médio e alto).
Leia também: Estudo da CELERE revela o real impacto do aumento dos preços na construção civil
Quais são as diferenças entre CUB e INCC?
CUB e INCC fornecem informações valiosas sobre os custos de construção. Contudo, é importante ficar atento às diferenças entre eles, que impactam na sua aplicação.
Abrangência geográfica
Sindicatos e associações da indústria da construção civil de diferentes estados calculam o CUB, ou seja, ele tem caráter regional, específico para cada estado. Já o INCC é um índice mais abrangente, que reflete a variação de custos em nível nacional.
Composição de custos
O CUB leva em consideração os custos com mão de obra, materiais, equipamentos e despesas administrativas. Por outro lado, o INCC é mais segmentado, composto por dois sub-índices:
- Materiais, Equipamentos e Serviços – que representam cerca de 30% do total;
- Mão de Obra – que representa cerca de 70% do total.
Utilização em contratos
É comum que em contratos de construção e em alguns contratos de compra e venda de imóveis na planta se utilize o CUB como referência. O INCC, por sua vez, é bastante aplicado em contratos de financiamento imobiliário e em contratos de compra e venda de imóveis na planta para reajuste das parcelas.
Base de cálculo
O cálculo do CUB baseia-se em uma cesta de insumos e serviços típicos de uma construção padrão definida pelos sindicatos e associações da construção civil. O INCC, por sua vez, baseia-se em pesquisas de preços de materiais e salários de profissionais da construção civil em diversas regiões do país.
CUB e INCC e seus usos no orçamento de obras
Tanto o CUB quanto o INCC são referências relevantes para o desenvolvimento de orçamento de obras.
O CUB é um indicador que dá uma ideia de quanto custa construir por metro quadrado. Dessa forma, é bem útil para quem quer ter uma noção dos gastos em uma obra. Basicamente, ele ajuda a ter uma média de preço, facilitando o planejamento.
Já o INCC tem uma função diferente. Em contratos de financiamento imobiliário ou venda de imóveis na planta, frequentemente se utiliza o INCC para reajustar as parcelas do empreendimento, refletindo a variação dos custos (inflação) de construção. Isso pode influenciar o orçamento final de um projeto, uma vez que altera o fluxo de caixa previsto.
Limitações do CUB e do INCC
Além do CUB e do INCC, existem outras referências para consulta de preços de insumos e serviços da construção civil, tais como:
- TCPO: Tabela de Composições e Preços para Orçamentos
- SINAPI: Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
- SICRO – Sistema de Custos Referenciais de Obras
- INCC – Índice Nacional de Custo da Construção
- IPOP – Índice de Preços de Obras Públicas
- Outros órgãos regionais (por exemplo: SETOP, em Minas Gerais; EMOP, no Rio de Janeiro)
Contudo, não é uma boa ideia basear seu orçamento apenas nessas informações gerais de mercado, sem uma análise sobre o contexto referente ao seu projeto.
Afinal, como explica Bruna Bergamo, sócia-diretora da CELERE Consultoria de Eficiência na Construção, apesar de serem referências significativas quando se trata da composição de custos relacionados a materiais e insumos de construção, bases como a CUB e INCC possuem algumas limitações.
“É de suma importância ressaltar que as tabelas divulgadas fazem parte de estudos teóricos e médias de valores praticados. Portanto, seu uso indiscriminado, sem a correta avaliação e refinamento, pode incorrer em imprecisões orçamentárias”, adverte. “Além disso, por serem médias gerais, não são precisas para nenhuma única obra em particular”, acrescenta.
Sendo assim, Bruna aconselha que, ao utilizar referências de boletim público, o responsável pelos estudos de orçamento analise quais possíveis ajustes são necessários – tanto em termos de custos praticados pela empresa, quanto índices de produtividade/consumo e até mesmo a incidência de recursos diferenciados.
No cenário ideal, sua empresa deveria ter uma base de dados própria, com informações relacionadas aos principais custos dos seus projetos.
Essa é justamente a premissa do Budget Analytics, a ferramenta de gestão de orçamento executivo de obras da CELERE.
O Budget Analytics transforma dados em conhecimento que gera mais eficiência e economia em diferentes aspectos da obra. E faz isso por meio da metodologia detalhada de orçamentação, que utiliza inúmeras análises de engenharia de custos.
“Assim como índices como CUB e INCC, 100% das atividades e serviços previstos para execução do empreendimento no Budget Analytics são orçados por meio de composições de custo unitário, adotando índices, valores, cotações e serviços específicos para o projeto em questão, respeitando sempre a identidade, a cultura e as características de cada empresa”, explica Bruna.
A sócia da CELERE detalha ainda que por meio do Budget Analytics é possível criar um banco de dados próprio e representativo para cada empresa. “É como se criássemos tabelas de custos personalizadas, que representam a realidade construtiva, os custos e padrões específicos da organização”, conclui.
Carlos Eduardo Roginski, sócio-diretor da CELERE, complementa: “Muitas vezes partimos de tabelas públicas como base, mas adaptamos as composições à realidade dos clientes. Hoje, podemos dizer que temos nossa própria base de composições”, ressalta.
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Informações: FGV; Mais Controle; URBS