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Falta de mão de obra qualificada pode emperrar projetos de construção civil no Brasil

Escassez de mão de obra e integração da tecnologia: desafios e oportunidades para a construção 

Saiba como estratégias focadas na inovação e na capacitação podem ajudar as construtoras a lidar com a escassez de mão de obra qualificada

Quando se fala em desafios relacionados à gestão de orçamentos na construção, logo vêm à tona as variações de custos no setor. 

Claro, entender como navegar as flutuações de preços de materiais e serviços e promover uma gestão orçamentária apoiada por uma cultura de controle é fundamental para desenvolver orçamentos eficazes e precisos, que se sustentem ao longo do projeto. 

Contudo, também é importante levar em conta outros aspectos que impactam diretamente a eficiência dos orçamentos de obras, tais como a disponibilidade de mão de obra qualificada e o uso de tecnologias. 

Afinal, esses são dois fatores que podem aumentar a eficiência dos processos de construção, tendo impacto direto nos custos e na performance da obra. 

Esse foi um dos temas debatidos por Raphael Chelin (CEO da Celere), José Herbert Rocha de Almeida (engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Massai) e Fábio Nutini (arquiteto urbanista e diretor técnico da Construtora Mirman) durante o webinar INCORPOD 3.  

Acompanhe os destaques da conversa.

Entendendo o impacto da automatização na construção e na gestão de obras

Entendendo o impacto da automatização na construção e na gestão de obras

Raphael Chelin, CEO da Celere, comenta que a introdução de tecnologias de automação nos processos de construção representa um grande passo para tornar a gestão de obras muito mais otimizada e baseada em dados.

Na visão do executivo, em alguns anos, a automação se tornará algo comum no dia a dia das construtoras e incorporadoras. Para ele, isso impactará inclusive na demanda de mão de obra. 

“Nós vimos a transição da era da prancheta para o AutoCAD, que agora está evoluindo para o BIM. Nessa mesma linha, acredito que em um futuro não muito distante, a gestão de obra se tornará uma commodity. Veremos a conversão automática de projetos em dados, facilitando os processos da obra. Com a escassez de mão de obra, essas automações serão ainda mais necessárias no cotidiano das empresas”, indica. 

Raphael destaca ainda que as empresas que não acompanharem a evolução da tecnologia tendem a se tornar cada vez menos competitivas. 

“A tecnologia está se tornando tão avançada que em breve quem não ingressar nesse mundo estará em desvantagem. Não se trata apenas de obter uma vantagem competitiva, mas também de evitar uma desvantagem por não se adaptar a essa realidade em constante evolução”, frisa o CEO da Celere.

Leia também: BIM e dados: uso na prática para um orçamento preciso

O aquecimento do mercado e a escassez de mão de obra

O aquecimento do mercado e a escassez de mão de obra

Raphael ressalta que diversas análises indicam um aquecimento do mercado de construção. A redução das taxas de juros e a entrada de mais investidores estão impulsionando positivamente o setor, estimulando o crescimento, novas construções e oportunidades de compra. 

No entanto, ele alerta que o aumento de lançamentos e a retomada de projetos previamente adiados podem gerar novos desafios de escassez de mão de obra qualificada.

“Uma pesquisa aponta que sete em cada dez empresas estão preocupadas com a falta de mão de obra qualificada, levando algumas a antecipar contratações e treinamentos. A competição por pessoas qualificadas não se restringe apenas às empresas do setor, já que muitos dos profissionais de construção nos últimos anos passaram também a considerar oportunidades em outros setores, como motoristas de Uber ou entregadores de aplicativos”, comenta Raphael.

Para ele, essa diversificação de opções de emprego intensifica a escassez de mão de obra na construção. O aumento dos custos relacionados à força de trabalho é uma consequência disso.

Como lidar com a escassez de mão de obra

Estratégias para lidar com a escassez de mão de obra

Fábio Nutini, arquiteto urbanista e diretor técnico da Construtora Mirman, destaca que, para lidar com a escassez de mão de obra, é crucial olhar para o futuro em consonância com a evolução tecnológica. 

Ele acredita que observar as novas tecnologias, técnicas e métodos de construção é essencial para se posicionar de forma mais estratégica no mercado, atraindo mão de obra qualificada. 

“A maioria das construtoras continua adotando métodos tradicionais de construção. Nesse contexto, a escassez de mão de obra é ainda mais evidenciada. Agora, se você usa tecnologias diferentes, se usa métodos inovadores – como peças pré-fabricadas e light steel frame –, você se posiciona na frente. Afinal, a utilização de uma técnica ou tecnologia inovadora na construção facilita a atração e a aquisição de mão de obra especializada. Contanto que você permaneça na vanguarda do mercado, essa mão de obra não será facilmente tomada de você”, analisa.

José Herbert Rocha de Almeida, engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Massai, concorda com Fábio. Ele complementa destacando a importância de se buscar processos que demandem menos mão de obra no canteiro de obras.

“A complexidade da logística em nossa indústria, onde o produto permanece no local, é um desafio que estimula a busca por novas maneiras de operar. Por isso, acredito que a tendência futura é que a construção civil passe a adotar mais montagem de peças pré-fabricadas e menos fabricação in loco”, aponta. 

Herbert salienta ainda que uma estratégia importante nesse sentido é a capacitação da mão de obra. Afinal, dessa forma, os profissionais podem acompanhar a adoção de novos processos, técnicas e tecnologias de construção.

“Atualmente, enfrentamos escassez de mão de obra em todos os níveis, e a busca por mestres de obra tornou-se desafiadora. Por isso, estamos investindo na formação de mestres de obra dentro do próprio canteiro, transformando encarregados habilidosos em mestres. A concorrência com empresas de outro setor, como o Raphael comentou, é real. Nossa abordagem para resolver esse desafio é manter proximidade com os colaboradores, desconstruindo visões que possam afastá-los”, compartilha. 

Leia também: Tendências na gestão de pessoas na construção civil

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