Entenda a importância de gerenciar riscos na construção e saiba quais são os passos para identificar e se preparar para lidar com potenciais ameaças
Como a sua empresa lida com problemas que podem acontecer durante o desenvolvimento de uma obra?
Você é um gestor de obras que se prepara para possíveis ameaças? Ou espera os riscos se tornarem realidade para, então, lidar com eles?
A verdade é que, na maioria das empresas de construção, os gestores gastam muito tempo e energia “apagando incêndios” . Porém, o tempo e a energia investidos na resolução de problemas poderiam ser utilizados para agregar mais valor e gerar mais eficiência e produtividade.
Sabendo disso e pensando em ajudá-lo a entender a importância de se planejar para lidar com potenciais problemas e ameaças aos seus projetos, neste artigo vamos falar sobre a gestão de riscos na construção e explicar como gerenciar riscos possibilita a otimização dos processos e dos resultados de seus projetos.
O que significa gerenciar riscos?
Em primeiro lugar, vale destacar que, segundo o PMBOK®, um risco é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, pode ter um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto.
Neste artigo, vamos focar na gestão de riscos negativos, com o intuito de mostrar como se antecipar a essas ameaças para diminuir potenciais problemas que geram perda de tempo e dinheiro. Ou seja, levaremos em conta questões como, por exemplo:
- Atrasos no cronograma;
- Estouro do orçamento;
- Falhas técnicas;
- Queda de desempenho;
- Perda de reputação.
Então, do que se trata o gerenciamento de riscos?
A gestão de riscos é um processo que permite identificar, compreender e gerenciar de forma proativa possíveis ameaças à qualidade e execução do projeto.
Ou seja, ao gerenciar riscos, o gestor do projeto consegue prevenir possíveis imprevistos e implementar ações para reduzir as incertezas.
Portanto, o objetivo é minimizar os riscos ao diminuir a exposição às ameaças e maximizar oportunidades e resultados do projeto.
Leia também: Guia PMBOK®: o que é e como utilizar na construção civil
Tipos de riscos na construção civil
Os riscos na construção civil podem ser categorizados por seu nível de previsibilidade:
- Há os riscos conhecidos por várias pessoas envolvidas em um projeto e que, portanto, são evidentes no início do planejamento;
- Existem os chamados desconhecidos, que apenas um grupo muito limitado de pessoas está ciente de que podem acontecer, então não constam no planejamento;
- Por fim, há os indecifráveis, que são totalmente inesperados e praticamente impossíveis de prever – como a Covid-19, por exemplo.
Além disso, os riscos também se diferenciam em relação ao seu nível de impacto:
- Um risco individual é uma condição incerta que pode afetar uma parte específica do projeto.
- Já um risco geral é o efeito da incerteza do projeto no seu todo, decorrente de todas as fontes de incertezas e riscos.
Como gerenciar riscos – etapas do gerenciamento de riscos
A gestão de riscos envolve uma série de processos para identificação, análise, priorização e tratamento das possíveis ameaças ao projeto. Segundo o Project Management Institute, para gerenciar riscos é preciso passar pelas seguintes etapas:
1) Planejamento de gerenciamento de riscos
Esse é o trabalho inicial para identificar a abordagem de gerenciamento de riscos e os critérios de avaliação específicos dessa análise.
Na prática, é durante o planejamento de gerenciamento de riscos que se descrevem os processos de gestão de riscos e como eles se encaixam no todo.
Atenção: à medida que as necessidades do trabalho e das partes interessadas se tornam mais claras ou mudam é preciso adaptar esse planejamento.
2) Identificação de riscos
Uma vez acordados o escopo e os objetivos da gestão de riscos, inicia-se o processo de identificação dos riscos.
É improvável que todos os riscos sejam identificados no início. Até porque, ao longo do tempo, o nível de exposição ao risco pode mudar em decorrência de decisões, ações tomadas e de mudanças impostas externamente. Portanto, a atenção a novos riscos deve ser constante.
Leia também: Diagrama de Ishikawa na gestão da construção civil
3) Avaliação Qualitativa de Riscos
Este é o processo de realmente avaliar os riscos, levando em conta os critérios de avaliação das ameaças definidos no planejamento.
A análise de risco qualitativa avalia a relevância de cada risco para categorizar e priorizar riscos individuais e que merecem maior atenção, bem como o risco geral.
Essa avaliação qualitativa considera uma série de características, como, por exemplo:
- Probabilidade de ocorrência;
- Grau de impacto nos objetivos;
- Capacidade de gerenciamento;
- Período de possíveis impactos;
- Relações com outros riscos;
- Causas ou efeitos comuns.
4) Avaliação Quantitativa de Riscos
Já a avaliação quantitativa fornece uma estimativa numérica do efeito geral do risco nos objetivos. Os resultados dessa análise são usados para avaliar a probabilidade de sucesso na conquista dos objetivos e para estimar quaisquer reservas de contingência
Esse processo leva em consideração efeitos probabilísticos ou de componentes amplos, como correlação entre riscos, interdependência e ciclos de feedback.
5) Planejamento de resposta ao risco
Trata-se do processo criativo de identificação das estratégias de resposta aos riscos e do detalhamento dos planos de resposta aos riscos (o que será feito ou não) para cada possível ameaça.
O objetivo do planejamento das respostas aos riscos é determinar o conjunto de ações que oferece a maior chance de sucesso, respeitando as restrições aplicáveis. Uma vez identificados, analisados e priorizados os riscos, são desenvolvidos planos para enfrentar cada risco que a equipe considere suficientemente importante.
Esses planos devem descrever ações a serem tomadas e possíveis mudanças que essas ações podem causar.
Cinco respostas podem ser consideradas para lidar com ameaças:
- Eliminar o risco. Por exemplo, a contratação de mão de obra 100% própria para evitar problemas com terceirizados;
- Mitigar o risco. É o caso de estratégias de gestão da saúde e segurança, que não eliminam o risco de acidentes, mas reduzem significativamente;
- Transferir o risco. Nesse caso, o risco é passado a outra pessoa ou organização. É o que acontece na contratação de seguros, por exemplo;
- Aceitar o risco. Nessa estratégia, apenas espera-se que o evento aconteça para depois decidir o que fazer. É o que acontece quando a obra não conta com gerador de eletricidade, por exemplo.
Leia também: Seguro de obra: o que levar em consideração na hora de contratar esse serviço
6) Implementação de resposta ao risco
Depois de finalizar o planejamento das respostas aos riscos, todas as ações de resposta aprovadas são incluídas e definidas nos planos de gerenciamento relevantes.
Essas ações podem ser delegadas aos proprietários de ação, conforme apropriado.
O proprietário do risco deve monitorar as ações para determinar sua eficácia e para identificar quaisquer riscos secundários que possam surgir devido à implementação das respostas iniciais.
7) Monitoramento e controle de riscos
Por fim, é importante monitorar os riscos, reavaliando as ameaças (probabilidade e consequência), acompanhando o desempenho do plano de resposta ao risco e relatando os resultados.
O monitoramento dos riscos é fundamental para:
- Reavaliar o status dos riscos identificados anteriormente;
- Identificar riscos emergentes, secundários e residuais;
- Determinar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos.
Essa avaliação periódica é importante porque o projeto pode mudar à medida que alguns riscos ocorrem, sejam eles previstos ou imprevistos, e outros riscos tornam-se ou deixam de ser relevantes.
Além de revisões de status regulares, auditorias periódicas de risco determinam os pontos fortes e fracos no tratamento de riscos dentro do projeto.
Os riscos específicos da construção civil
Projetos de construção são complexos e envolvem uma série de riscos. A análise para identificação das principais ameaças ao projeto deve levar em conta as diversas áreas e fatores – internos e externos – envolvidos no planejamento e na elaboração da obra e que podem ter impacto em seu resultado.
A seguir, veja um exemplo de diagrama que lista alguns dos principais riscos relacionados a projetos de construção.
Fonte: Gestão de Riscos na Indústria da Construção Civil: proposição de uso integrado de metodologias
Leia também: O que é o método PERT de gestão de projetos e como utilizá-lo na construção civil
Além disso, também é importante levar em conta estes diferentes tipos de riscos:
- Risco de segurança. Refere-se a ameaças à segurança e saúde da equipe. É importante entender os perigos que os profissionais podem enfrentar e criar um plano para garantir a segurança dos funcionários.
- Risco financeiro. Diz respeito a fatores que podem prejudicar o fluxo de caixa. Ou seja, pode incluir aumento de custo de materiais, concorrência e assim por diante. Quanto mais você entender o risco financeiro, maior a probabilidade de ficar dentro do orçamento.
- Risco legal. Aqui, falamos de possíveis restrições legais, como regulamentos, violações de código e disputas de termos contratuais com seus clientes, fornecedores e subcontratados.
- Risco do projeto. São riscos universais de gerenciamento – como má gestão dos recursos, perda de prazos e atrasos no cronograma. O gestor de obras deve ser meticuloso e estar ciente das dificuldades que podem prejudicar o andamento do projeto.
- Risco ambiental. Encaixam-se neste tipo de risco inundações, terremotos e outros desastres naturais… afinal, qualquer evento da natureza que torne o canteiro de obras inacessível é caro e potencialmente destrutivo para um projeto de construção, portanto, precisa ser previsto.
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4 benefícios da gestão de riscos na construção civil
1 – Aumento da eficiência operacional
Criar e implementar com sucesso um plano de gerenciamento de riscos na construção ajuda a garantir que sua empresa esteja sempre preparada e com os recursos necessários para lidar com um problema quando ele surgir. Além de gerar economia de dinheiro, tempo e recursos físicos, esse preparo permite que os gestores invistam mais tempo e recursos em tarefas de valor agregado do que lidando constantemente com problemas inesperados.
2 – Mais segurança na obra
A construção é indiscutivelmente uma das indústrias mais perigosas. Afinal, os trabalhadores da construção civil estão expostos a muitos riscos e perigos no local que podem causar complicações de saúde, lesões ou até mesmo a morte.
Um plano de gerenciamento de riscos eficiente ajuda a identificar e evitar possíveis perigos ou desastres antes que eles aconteçam e comprometam a segurança dos colaboradores. Isso garante um ambiente seguro e protegido, reduzindo não somente o número de lesões no local de trabalho, mas também a ameaça de litígio e responsabilidade legal.
3 – Aumento na lucratividade
Ao gerenciar riscos de maneira eficiente na construção, é possível planejar adequadamente respostas a riscos potenciais e eventos inesperados que podem interromper suas operações e levar a despesas adicionais. Por exemplo:
- A criação de um plano de gestão de riscos para melhorar a segurança no local de trabalho reduz a probabilidade de acidentes e fatalidades e protege seus recursos financeiros.
- Além disso, esse plano pode aumentar os lucros da sua empresa, reduzindo ou evitando problemas de não conformidade que podem levar a penalidades, multas e ações judiciais dispendiosas.
- Por fim, oferecer aos funcionários um ambiente de trabalho seguro e protegido mostra que você se preocupa com a segurança e o bem-estar deles. Isso os motiva a trabalhar de forma mais eficaz e eficiente, contribuindo para o cumprimento do cronograma do projeto.
4 – Novas oportunidades de negócios
Ao saber como prevenir e mitigar riscos potenciais antecipadamente, sua empresa se torna mais atraente para investidores.
E ainda, um planejamento de riscos cuidadosamente elaborado garante que você conclua projetos com sucesso, construindo a reputação de sua empresa e atraindo mais clientes.
Leia também: Guia PMBOK®: o que é e como utilizar na construção civil
Como a CELERE pode ajudar a gerenciar os riscos de suas obras
Como uma consultoria especializada em Eficiência na Construção Civil, a CELERE ajuda construtoras e incorporadoras a realizarem a gestão de riscos em diferentes níveis:
Planejamento de obras
Nossa metodologia de planejamento de obras ajuda as empresas a definirem com mais clareza o que precisam executar, como e quando. Esse tipo de plano, por sua vez, diminui os riscos relacionados à gestão do projeto – tais como especificações incorretas ou falta de detalhamento para execução da obra.
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Orçamento de obras
Uma das principais ameaças em projetos de construção é o potencial estouro do orçamento. Aliás, quando se trata de riscos na construção, é provável que ‘gastar além do orçamento’ ocupe o primeiro lugar na lista dos gestores. A CELERE conta com metodologias e ferramentas exclusivas que utilizam análise avançada de dados para avaliar de forma aprofundada e específica todos os custos envolvidos em uma obra.
Fazemos isso na fase preliminar do projeto e desenvolvemos orçamentos executivos extremamente detalhados. Saiba mais:
Monitoramento de obras
Por fim, para reduzir os riscos relacionados à execução do projeto, nós temos metodologias de acompanhamento de obra para garantir que o projeto siga o que foi planejado em termos de orçamento, materiais, design e cronograma.
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Informações: PMI; Extensão para Construção do Guia PMBOK®; The Standard for Risk Management in Portfolios Programs And Projects; Project Manager Blog; Sienge