Saiba o que levar em conta em relação aos tipos de solos e fundações na hora de montar o orçamento da obra e evite estouros que comprometam seu investimento
O que o solo, a fundação e o orçamento de obras têm em comum? Todos eles formam a base do projeto.
A verdade é que esses três fatores estão intimamente interligados, já que um pode impactar significativamente o outro. Na prática, o solo define o tipo de fundação, e o tipo de fundação influencia diretamente o orçamento. Portanto, uma análise incorreta dessas variáveis pode resultar em surpresas desagradáveis – desde atrasos até estouros no orçamento que comprometem a viabilidade do empreendimento.
A seguir, entenda por que a seleção das fundações deve ser orientada pelas características do solo e como essa escolha impacta diretamente os custos de uma obra. Ao compreender os diferentes cenários de solo e as soluções de fundação correspondentes, você conseguirá antecipar possíveis problemas, evitar gastos excessivos e, acima de tudo, garantir um orçamento mais seguro e realista.
Tipos de solos e fundações e seus impactos no orçamento
Tudo começa no solo. A composição e as características do solo são determinantes para definir o tipo de fundação de um empreendimento. E isso gera impacto direto no custo da obra, porque diferentes tipos de fundação também têm diferentes custos.
“É essencial analisar o solo da região por meio de uma sondagem. Esse estudo identifica se o solo é argiloso, arenoso ou siltoso e verifica a presença de água e a profundidade de resistência. Esses fatores influenciam diretamente a escolha da fundação e o peso da estrutura”, explica Leandro Nagano, coordenador de Orçamentos e partner da Celere.
Além disso, ele destaca que é importante analisar a relação entre o tipo de solo e a estrutura da obra. “Quanto mais alto for seu empreendimento, mais carga será demandada, e o tipo de fundação pode variar dependendo disso”, detalha.
Então, juntando essas duas informações – o tipo de solo da região e a carga da estrutura – você saberá qual é o tipo de fundação ideal para um projeto.
Saiba mais: Fundações de obras: como escolher a mais adequada para cada projeto
E como isso pode direcionar o orçamento?
Leandro esclarece que cada tipo de fundação demanda custos específicos relacionados aos materiais, equipamentos e mão de obra utilizados – além de possuírem índices de perda de concreto distintos, que também pesam no custo.
Ele comenta que a fundação do tipo rasa, por exemplo, é relativamente mais simples e demanda menos equipamentos especiais. Isso, por sua vez, se traduz em custos menores.
“Na fundação rasa, você tem uma quantidade de materiais, de concreto, de aço relativamente menor do que em uma fundação profunda; além disso, as perdas de concreto acabam sendo um pouco menores”, salienta.
Por outro lado, ele explica que, dentro da fundação profunda, existem diferentes tipos de métodos: estaca escavada, hélice contínua, raiz, estaca raiz. Essas variações também influenciam o orçamento. “Afinal, cada fundação exige um equipamento diferente – e você tem perdas diferentes de concreto para cada tipo de fundação também”, frisa.
Fatores relacionados a solos e fundações que impactam o orçamento
Segundo o especialista da Celere, alguns fatores-chave influenciam a decisão sobre qual tipo de fundação será utilizada – e, consequentemente, também guiam o orçamento.
1) Sondagem do terreno
Este é o primeiro e principal requisito. Por meio desse estudo, avaliam-se a resistência do solo, sua rigidez ou plasticidade, a presença de água e a profundidade das camadas mais firmes. Esses dados indicam qual tipo de fundação é necessária e quais são as demandas em termos de custos.
Por exemplo:
- Estaca escavada: indicada onde não há presença de água. É relativamente mais barata dentro do grupo de fundações profundas, pois a concretagem ocorre após a perfuração e demanda menos recursos de bombeamento.
- Hélice contínua: se o terreno tem água ou necessidade de perfurar mais fundo, a máquina executa a perfuração e já realiza a concretagem simultaneamente. Isso encarece a obra devido ao equipamento especializado e às perdas maiores de concreto.
- Estaca raiz: usada em terrenos com rocha, exige perfuração mais robusta e encarece o processo, tanto pelo maquinário quanto pela dificuldade de execução. O valor por metro linear sobe à medida que se atinge a rocha.
Saiba mais: Tipos de solo e as fundações mais aconselháveis para cada um deles
2) Carga estrutural
Além da sondagem, o projetista precisa conhecer as cargas que o edifício ou estrutura vai transmitir ao solo. Com base nisso, ele dimensiona as fundações para suportar essas cargas de maneira segura, escolhendo entre fundações rasas ou profundas.
3) Disponibilidade regional
Além de solo e cargas, Leandro lembra ainda que é preciso considerar o que é mais usual na região do empreendimento. Em alguns locais, não há equipamentos ou fornecedores para certos tipos de fundação. Nesse caso, a disponibilidade de máquinas e a expertise local podem ditar a melhor escolha.
4) Demanda de mercado
Outro fator externo que pode elevar ou reduzir significativamente o custo de execução é a demanda de mercado na região: se houver escassez de fornecedores ou se o mercado estiver “aquecido”, os preços tendem a subir.
“O custo da fundação que, em determinado período, estava em torno de R$ 24 por metro linear (para uma estaca de 30 cm de diâmetro), pode dobrar ou até triplicar em poucos anos por conta de insumos, como o diesel, ou de maior demanda por máquinas especializadas”, aponta o especialista.
5) Logística
A logística de obra também precisa ser considerada. A distância entre o ponto de concretagem e a bomba ou a localização do canteiro em relação aos fornecedores influencia diretamente os gastos com transporte e as perdas de material. Ou seja, obras em local de difícil acesso podem exigir mais horas de deslocamento de equipes e maquinário, encarecendo o orçamento.
A importância de se conhecer os processos construtivos envolvidos nas fundações
O especialista da Celere ressalta que, para elaborar um orçamento de fundações com maior precisão, é essencial compreender todos os processos construtivos envolvidos na solução adotada – desde as etapas de execução até a forma como a contratação da mão de obra e dos equipamentos se dá na prática.
Isso inclui entender se a fundação é rasa ou profunda, como será a escavação, quantas peças precisam de armação e concretagem, além de saber qual é a forma de medição aplicada pelo empreiteiro ou fornecedor (por exemplo, por metro linear de estaca ou por quantidade de concreto lançado).
- No caso das fundações rasas (como sapatas ou blocos), não há custo extra de mobilização de máquinas especializadas, mas ainda são necessárias etapas como montagem de fôrmas, armação e concretagem, que podem variar em complexidade e demanda de mão de obra.
- Já para as fundações profundas, como a estaca hélice contínua, a mobilização e a desmobilização do equipamento são itens relevantes no orçamento.
“É importante entender todos os processos construtivos daquilo que você está orçando. Você precisa saber como isso é medido, como é pago em obra, como o empreiteiro vai cobrar isso depois. E ainda, é importante considerar que cada tipo de fundação representa perdas diferentes do concreto que você precisa considerar dentro das composições de custo unitário”, frisa.
Tipos de solos e fundações e perdas de concreto: como inserir no orçamento
Uma das dúvidas mais comuns ao orçar fundações é onde inserir os percentuais de perda de materiais, sobretudo do concreto.
Conforme explica Leandro Nagano, as boas práticas indicam que o levantamento de quantidades deve sempre refletir o volume real do elemento (bloco, baldrame, sapata ou estaca). Em outras palavras, se o projeto estrutural determina 1 m³ de concreto em determinada peça, essa quantidade deve constar exatamente assim no orçamento.
O percentual de perda, por sua vez, deve ser calculado dentro da composição de custo unitário, jamais inflando o levantamento. Essa prática evita confusões e garante que, no final, haja rastreabilidade clara das quantidades reais e do percentual adicional previsto.
Cada tipo de fundação tem índices de perda específicos. Por exemplo:
Fundações rasas (sapatas, blocos, baldrames, estacas escavadas):
Geralmente apresentam perdas de 15% de concreto, pois a escavação é feita antes e não há um processo simultâneo de concretagem durante a perfuração.
Fundações profundas (hélice contínua, estaca raiz):
Podem atingir até 30% ou mais de perdas, pois a pressão do solo e o procedimento de concretagem contínua contribuem para maior consumo de concreto. Em solos com características excepcionais (muito moles, rochosos ou com alto nível de água), as perdas podem ultrapassar os 40% ou 50%.
“Para evitar surpresas, é recomendável que a equipe de obra faça um controle das primeiras concretagens, verificando se as perdas estimadas correspondem à realidade do canteiro. Se houver discrepâncias, é possível ajustar os percentuais de perda nas composições, mantendo a precisão do orçamento ao longo da execução”, aconselha o coordenador de orçamentos e partner da Celere.
Orçamento de obras: erros que precisam ser evitados na análise de solos e fundações

#1 Ignorar a importância da sondagem
Leandro alerta que subestimar ou não realizar o estudo do solo antes de fechar o orçamento é um dos principais equívocos. Ele avisa que, ao usar sondagens de terrenos vizinhos ou estimativas genéricas, corre-se o risco de enfrentar surpresas que inviabilizam o projeto no decorrer da obra.
“Algumas vezes, vemos projetos sendo desenvolvidos sem a realização prévia de uma sondagem do terreno, o que representa um grande risco. Ao utilizar dados de sondagens feitas em áreas próximas e presumir que os terrenos sejam iguais, corre-se o perigo de se deparar com surpresas – como blocos maciços (matacões) ou níveis de água imprevistos – que podem inviabilizar totalmente a obra”, aponta.
#2 Basear o orçamento apenas no CUB
Outro alerta do especialista da Celere é em relação ao uso de base de dados genérica. “Muitas vezes, as incorporadoras acabam fazendo um estudo de viabilidade do orçamento considerando somente o CUB, sendo que ele nem considera o custo por metro quadrado de fundação”, pondera.
“Cada obra e processo construtivo é único. Cada projeto e orçamento têm particularidades, assim como cada empresa adota métodos diferentes de pagamento e medição. Por exemplo, na fundação rasa, algumas construtoras pagam por metro cúbico, enquanto outras remuneram por serviço. Por isso, é fundamental entender como a execução será feita e como será medida para garantir um orçamento preciso”, frisa Leandro.
Ou seja, é um erro achar que o CUB vale para qualquer tipo de empreendimento, em qualquer localidade.
Saiba mais: Custo Unitário Básico (CUB) x orçamentos precisos na construção
#3 Não considerar as perdas de materiais
Alguns orçamentistas acabam “inflando” o levantamento de quantidades para incluir perdas de material, especialmente de concreto. Leandro Nagano destaca que a prática correta é manter o volume real no quantitativo e inserir o percentual de perda dentro da composição de custo unitário, evitando confusões e orçamentos imprecisos.
#4 Falta de envolvimento da liderança
Por fim, Raphael Chelin, CEO da Celere, acrescenta que um dos grandes problemas na elaboração de orçamentos muitas vezes recai sobre a forma como a liderança e os tomadores de decisão encaram essa etapa.
Isso começa com o tipo de profissional que é colocado para conduzir esse processo.
“Em empresas onde o orçamento é conduzido por pessoas sem experiência suficiente, como estagiários ou recém-formados que orçaram pouquíssimos projetos, a probabilidade de erros cresce consideravelmente”, indica.
Ele comenta ainda que organizações focadas em vender apartamentos podem tratar o custo como um mero número por metro quadrado, sem mergulhar nos detalhes que formam esses valores.
Na visão do executivo, esse descaso se traduz em estimativas genéricas ou em parâmetros copiados de empreendimentos aparentemente semelhantes, quando, na realidade, cada projeto apresenta características que exigem análises de viabilidade personalizadas – incluindo possíveis soluções de fundação, contenções especiais e variações de mercado local.
Como a Celere pode ajudá-lo a orçar fundações com mais precisão
A Celere oferece uma abordagem diferenciada para o orçamento de fundações, integrando dados técnicos do solo e do projeto em um ambiente BIM-5D. Isso significa que cada elemento da obra (da estaca ao bloco de fundação) pode ser rastreado individualmente, com identificação clara de quantidades, perdas e impactos no custo final.
“Com a metodologia da Celere, você tem um levantamento quantitativo muito detalhado. Você consegue fazer um filtro no nosso orçamento e saber exatamente qual é a quantidade de concreto, qual é a quantidade de aço, quantidade de forma e o custo da sua mão de obra em 2, 3 cliques”, explica Leandro.
Com essa rastreabilidade e o know-how de quem já orçou projetos em diversas regiões do país, a Celere consegue antecipar cenários de fundações rasas ou profundas, prever perdas de concreto de forma mais precisa em casos específicos e ajustar com rapidez o planejamento de custo
“Como já analisamos muitos empreendimentos, conseguimos rapidamente ter uma noção dos custos e cuidados necessários. Mesmo em regiões ou cidades onde nunca fizemos orçamento, conseguimos identificar possíveis metodologias construtivas e alertar o cliente sobre a importância de obter essas informações”, conclui Raphael.
Saiba mais sobre a metodologia de orçamento da Celere, que garante mais precisão e detalhamento mesmo nas fases iniciais do projeto:
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