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PPCI, Compartimentação e Isolamento de risco: como planejar a prevenção e o combate a incêndios em projetos de construção

Entenda a importância da elaboração do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e saiba como planejar projetos de construção focando na prevenção e no combate à propagação de incêndios 

Estimativas apontam que, em 2020, cerca de 1.240 ocorrências de incêndios estruturais foram registradas no Brasil. Esse número representa um aumento de 44% em relação ao ano anterior!

Existem diversos motivos por trás de tais ocorrências. No entanto, é possível colocar em prática medidas para prevenir e evitar a propagação do fogo em uma edificação, antes mesmo de ela ser construída.

O que é o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI)

O que é o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI)

O Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) é um documento que prevê diferentes formas para o desenvolvimento de uma edificação, com foco específico na prevenção de incêndios e no combate à propagação do fogo.

Carolina Andrade Souza, coordenadora da área de Levantamento da CELERE Consultoria de Eficiência na Construção, ressalta que o objetivo do PPCI é assegurar a vida humana, auxiliar as operações de resgate, dificultar formas de propagação do incêndio e proteger o patrimônio.

Segundo Carolina, para a elaboração de um PPCI adequado, é preciso se atentar às condicionantes de cada projeto. 

A especialista aponta que, dentre as questões determinantes para o desenvolvimento correto de tal planejamento, estão, por exemplo:

Além disso, há duas medidas que precisam ser planejadas dentro do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios: compartimentação e isolamento de risco.

Compartimentação horizontal e compartimentação vertical

O planejamento da compartimentação é uma das questões mais importantes no desenvolvimento do PPCI. “A compartimentação trata-se do uso de diferentes elementos que servem para a divisão do edifício em setores de incêndio, a fim de se evitar que o fogo iniciado em determinado ponto se propague para as demais regiões – seja vertical ou horizontalmente”, explica.

Carolina aponta que a compartimentação é um mecanismo de proteção passiva. Ou seja, tais soluções não atuam diretamente no combate ao incêndio, mas servem para evitar o seu início ou impedir sua propagação.

Tipos de compartimentação  

Isolamento de risco 

“O isolamento é a distância entre edificações que permite que elas sejam interpretadas como independentes, de modo que o dimensionamento das medidas de proteção seja pensado para cada edificação isoladamente”, revela Carolina. 

Ou seja, o isolamento evita que o incêndio se espalhe entre diferentes construções e por diferentes formas – radiação de calor, convecção dos gases quentes e transmissão direta de chamas.

🚨 Duas questões importantes relacionadas ao Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI)! 🚨

🧯 Manutenção de mecanismos ativos no combate a incêndios

Além das medidas de proteção passiva, também é crucial planejar a implementação e a manutenção dos mecanismos de proteção ativa. Aqui, estamos falando, por exemplo, de: alarmes, iluminação de emergência e chuveiros automáticos.

“Se a manutenção desses elementos for negligenciada, casos como o incêndio de um prédio residencial da Zona Sul de São Paulo podem se tornar recorrentes. Nele, de acordo com os moradores, havia um sistema de combate a incêndio, porém, os alarmes não dispararam”, alerta.

🧱 Escolha de materiais corretos 

Além disso, Carolina atenta para a importância da escolha dos materiais no planejamento do projeto – principalmente daqueles que servirão de acabamento. 

Segundo ela, é crucial entender como esses materiais reagem em contato com fogo. “O incêndio ocorrido em Grenfell Tower (em 2017, em Londres) é um exemplo da importância desse ponto. Apesar de o fogo ter iniciado com um curto-circuito em uma geladeira, o material do revestimento usado na fachada do edifício (Reynobond PE – painel de alumínio preenchido com polietileno) foi responsável por fazer com ele se propagasse pelos 24 pavimentos da torre. Aliás, o mesmo ocorreu no caso da Boate Kiss – em Santa Maria (RS), em 2013: o material usado para isolamento acústico do forro foi responsável pela propagação das chamas do incêndio”, cita.

Erros que prejudicam o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI)

1) Não contar com a ajuda de um profissional capacitado nessa área

Somente empresas e/ou profissionais habilitados perante o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) podem elaborar um Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). Além disso, o responsável precisa estar apto à emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

2) Falta de alinhamento das ações às especificidades do projeto

“A não observância em relação às exigências técnicas de acordo com as características da edificação pode culminar na falta de segurança contra incêndio do patrimônio, assim como prejuízos à vida humana”, adverte a especialista da CELERE na área de Levantamento.

3) Falta de acompanhamento e adequação dos projetos às normas vigentes

Como qualquer outro tipo de regulamentação, os arquivos e orientações do o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) podem sofrer alterações e ajustes. Portanto, de forma a atender ao atual e vigente plano de prevenção, é muito importante realizar o devido enquadramento do projeto e, consequentemente, o levantamento e orçamento dos serviços.

Dica!
As normas em torno das medidas necessárias para a elaboração do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) variam de acordo com o estado. Consulte o site dos Bombeiros do seu estado para verificar a legislação vigente. 

4) Falta de implementação de medidas por conta de custos ou desconhecimento

Carolina conta que algumas medidas simples, que podem ser incorporadas no projeto (como, por exemplo, o uso de selagem em shafts), muitas vezes são negligenciadas em função do seu custo ou também por conta do desconhecimento técnico das boas práticas de construção.

5) Foco apenas nas medidas ativas

Alguns profissionais e construtoras focam somente na proteção ativa das edificações – como, por exemplo: aplicação de extintores, extração de fumaça e chuveiros automáticos. Essas medidas são fundamentais! Porém, também é preciso dar a devida atenção ao planejamento de soluções de proteção passiva – caso, por exemplo, da sinalização, do revestimento estrutural e da compartimentação.

O Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e o orçamento de obras

Elementos de prevenção e combate a incêndios precisam estar no planejamento de custos! Afinal, ao levantar e orçar o projeto e os mecanismos previstos pelo PPCI, garante-se a previsão de custo e planejamento da obra. Isso, por sua vez, ajuda a aumentar a eficiência do projeto.

Nesse sentido, Carolina ressalta o valor da ferramenta de orçamento da CELERE – o Budget Analytics – para construtoras, incorporadoras e profissionais de construção.

“O processo do Budget Analytics permite que avaliemos inicialmente todos os projetos de uma empresa. A partir daí, fazemos questionamentos sobre diferentes pontos. Ou seja, em algumas situações, a CELERE pode ser crucial para ‘acender o botão de alerta’. Afinal, nós identificamos quando não há previsão de determinados elementos (seja de proteção passiva, seja de proteção ativa) no projeto analisado e, portanto, permitimos que algumas soluções sejam adotadas como premissa”, explica.

Além disso, a especialista destaca que todos os custos e serviços necessários são devidamente detalhados e precificados no Budget Analytics. Assim, é possível fazer uma análise completa de engenharia de custos e das etapas necessárias para implantação dos sistemas previstos no PPCI.

Saiba mais sobre como o Budget Analytics eleva a performance, a precisão e a eficiência do seu planejamento e gestão de obras.

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