Crescimento nas vendas de imóveis e criação de empregos destacam sinais de recuperação na construção civil, apesar de desafios econômicos
O mês de maio apresentou resultados importantes e positivos para a indústria da construção. A seguir, apresentamos os detalhes de cinco notícias:
- Sinapi registra maior variação mensal desde setembro de 2022
- Venda de imóveis cresce 40,4% em doze meses
- Faturamento das indústrias de materiais de construção sobe 1,7% em abril
- Construção civil cria 28,6 mil novos empregos em março
- Incorporadoras têm bons resultados no primeiro trimestre
Além disso, A Economia B fala sobre uma estrutura de aço com resíduos da construção que reduz a poluição sonora em até 24%.
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Sinapi registra maior variação mensal desde setembro de 2022
De acordo com o IBGE, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) registrou uma variação de 0,41% em abril. Essa foi a maior taxa desde setembro de 2022.
Este aumento – significativo em comparação aos 0,07% registrados em março – resulta em um acumulado de 2,51% nos últimos 12 meses, superior aos 2,36% dos 12 meses anteriores. Em abril de 2023, o índice foi de 0,27%.
O custo nacional da construção por metro quadrado aumentou de R$ 1.729,25 em março para R$ 1.736,37 em abril. Desse total, R$ 1.007,30 são relativos aos materiais; R$ 729,07, à mão de obra.
Augusto Oliveira, gerente do Sinapi, destacou que a parcela dos materiais manteve uma variação de 0,11%, enquanto a mão de obra apresentou um aumento de 0,83%, influenciada por três dissídios coletivos no mês. Os acumulados em 2024 foram de 0,55% para materiais e 1,21% para mão de obra.
A região Sudeste teve a maior variação mensal. Minas Gerais liderou o crescimento entre os estados, com um aumento de 1,80% em abril, impulsionado por altas nas categorias profissionais. Bahia e Amapá também se destacaram, com variações de 1,54% e 1,52%, respectivamente. As demais regiões apresentaram variações menores.
- Nordeste: 0,44%
- Norte: 0,18%
- Sul: 0,08%
- Centro-Oeste: 0,04%
Venda de imóveis cresce 40,4% em doze meses
As vendas de novos imóveis no Brasil registraram um crescimento de 40,4% no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2024, atingindo um total de 173.352 unidades. Esse é o melhor resultado desde o início da série histórica, em 2014.
O segmento de médio e alto padrão (MAP) também se destacou, com um aumento de 14,1% no volume de unidades vendidas e 21,9% no valor das vendas.
No mesmo período, o valor total dos lançamentos aumentou 11,5%, sinalizando uma recuperação nos lançamentos do segmento MAP.
Os estoques de imóveis, que estavam em 24 meses no início de 2023, reduziram-se para 15 meses, voltando a níveis considerados saudáveis e permitindo novos lançamentos.
O Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) registrou um crescimento significativo, com um aumento de 54,7% no número de unidades vendidas e de 66,1% no valor total das vendas. Esse resultado foi impulsionado por políticas governamentais como o FGTS Futuro, que facilita o acesso à moradia para famílias de baixa renda.
Além disso, a relação de distratos no segmento MAP permanece baixa (em 12,4%), evidenciando a eficácia do marco legal de 2018, que reduziu essa relação de cerca de 40% para os níveis atuais.
Segundo Luiz França, presidente da Abrainc, a expectativa de novas reduções na taxa Selic ao longo do ano pode aumentar ainda mais as vendas de imóveis, tanto para aquisição da casa própria quanto para investimentos, beneficiando o setor imobiliário e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país.
Esse dados compõem o indicador Abrainc-Fipe, que reflete dados de 20 empresas do setor coletados pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)
Faturamento das indústrias de materiais de construção sobe 1,7% em abril
O faturamento deflacionado das indústrias de materiais de construção cresceu 1,7% em abril em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o Índice Abramat divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Apesar do crescimento anual, o faturamento apresentou uma ligeira queda de 0,1% em comparação a março de 2024. A Abramat projeta um crescimento de 2,0% no faturamento total deflacionado para o setor ao longo deste ano.
Os dados consolidados de março de 2024 revelaram uma queda de 3,1% no faturamento das indústrias de materiais de construção em relação a março de 2023. Além disso, houve uma retração de 3,9% em comparação a fevereiro, após ajustes sazonais. Essa variação indica desafios econômicos que a indústria enfrenta para alcançar uma recuperação consistente.
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, destacou a importância de programas governamentais como Minha Casa Minha Vida, PAC e Nova Indústria Brasil para o crescimento sustentável do setor.
Ele também enfatizou a necessidade de abordar questões como a desoneração da folha de pagamento e a Reforma Tributária para melhorar o desempenho da indústria.
Construção civil cria 28,6 mil novos empregos em março
De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a indústria da construção civil gerou 28.666 novos empregos no Brasil em março de 2024. Isso representa um aumento de 1,01% em relação ao mês anterior.
No acumulado do primeiro trimestre, o setor criou 109.911 empregos, um crescimento de 4%. Nos últimos 12 meses até março, o setor registrou um aumento de 6,53%, com 173.350 novos postos de trabalho.
Apesar do crescimento, Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, alerta para uma possível desaceleração nas contratações devido à reoneração da folha de pagamento.
Segundo Estefan, essa medida pode aumentar os custos das obras em andamento e inviabilizar novos projetos, especialmente os destinados à habitação de baixa renda, como o programa Minha Casa, Minha Vida, desestimulando investimentos e impactando a manutenção de empregos no setor.
Em março, a construção civil foi o quarto setor que mais gerou empregos no Brasil. Os três primeiros foram Serviços, Comércio e Indústria. Ao final do mês, o setor empregava 2.860.879 trabalhadores com carteira assinada.
Entre os estados que mais se destacaram na criação de empregos no setor em março estão:
- São Paulo
- Minas Gerais
- Rio de Janeiro
Por outro lado, Acre, Amapá, Piauí, Ceará e Mato Grosso do Sul registraram fechamento de postos de trabalho.
Incorporadoras têm bons resultados no primeiro trimestre
A temporada de resultados do primeiro trimestre revelou avanços significativos para as incorporadoras imobiliárias brasileiras, especialmente àquelas envolvidas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Um levantamento feito pelo Valor Data com 32 empresas apontou crescimento de 158,6% no lucro líquido e de 16,4% na receita. Os resultados operacionais positivos – como o aumento de 43,1% no valor geral de vendas (VGV) dos lançamentos – influenciaram esse crescimento.
De acordo com o Valor Econômico, empresas listadas que atuam no MCMV, como a Direcional e a Cury, apresentaram resultados acima das expectativas, impulsionando a confiança do mercado. No entanto, outras, como a Plano&Plano, registraram um trimestre mais fraco devido a menores volumes de lançamentos.
Recomendamos a leitura da matéria completa para saber mais.
Estrutura de aço com resíduos da construção reduz poluição sonora em 24%
Por *A Economia B
Recentemente, a Belgo Arames (produtora brasileira de arames de aço) apoiou um estudo que propõe a criação de barreiras de proteção para vias urbanas preenchidas com resíduos da construção civil.
Desenvolvido pelo professor e engenheiro Antonio Celso de Souza Junior, da UNINOVE, o projeto utiliza gabiões da Belgo Soluções Geotech preenchidos com materiais recicláveis.
A pesquisa mostrou que essas barreiras de proteção podem reduzir o ruído causado pelo trânsito em até 24%, oferecendo ainda uma solução sustentável para o destino dos resíduos da construção (estima-se que o setor de construção seja responsável por um terço do lixo global gerado no mundo).
Além de contribuir para um ambiente urbano mais silencioso, o arame de aço usado nos gabiões é 100% reciclável e durável, enquanto os resíduos de construção usados são uma alternativa econômica e ambientalmente vantajosa.
Este estudo pioneiro pode transformar as cidades brasileiras em locais mais inteligentes e sustentáveis, servindo como modelo para futuras intervenções.
Que tal?
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, nós entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso, na prática.
Leia também: Como gerenciar resíduos de forma responsável na construção civil