Fundações de obras: como escolher a mais adequada para cada projeto

Conheça as diferentes fundações que existem na construção civil, entenda como escolher a melhor categoria de fundação para um projeto e saiba qual é o impacto das fundações no orçamento da obra

Base, fundação, alicerce. Esses três termos se referem à parte fundamental de uma estrutura ou sistema, aquela que é responsável pela segurança e estabilidade de todos os elementos. Ou seja, na construção civil, a fundação de uma obra é primordial para garantir que toda a estrutura seja segura e resiliente.

Inclusive, por se tratar de um elemento tão importante, não é exagero dizer que saber escolher o melhor tipo de fundação para a obra e executar sua construção corretamente pode fazer toda a diferença para o sucesso do projeto e até mesmo para a credibilidade da construtora.

Sabendo disso, destacamos a seguir os tipos de fundações existentes, para quais estruturas recomenda-se cada um deles e como definir a melhor fundação para sua obra. Acompanhe.

Leia também:

• Tipos de blocos de concreto e suas aplicações na construção civil
• Fibras de aço para concreto: entenda a real função desse elemento na construção

O que são fundações na construção civil

Fundações são elementos estruturais que têm uma função central: distribuir adequadamente o peso da construção para o solo, evitando riscos de deslizamentos de terra e outros problemas – como trincas e rachaduras nas paredes, por exemplo. 

Por ser literalmente a base da construção, a fundação é uma das primeiras etapas do desenvolvimento de uma obra.

A norma que define os critérios a serem observados no projeto e execução de fundações é a NBR 6122.

Tipos de fundações de obras

Existem diversos tipos de fundações, que variam de acordo com as características do terreno, os materiais que a obra utiliza e a dimensão do projeto.

Em geral, é possível dividir as fundações entre rasas (ou diretas ou superficiais) e profundas – dentro desses dois modelos, os materiais e as técnicas de construção podem variar bastante. 

Fundações rasas (diretas ou superficiais) 

Fundações rasas distribuem as cargas provenientes da edificação diretamente no solo, predominantemente pela base da fundação.

Recomenda-se o uso dessas fundações apenas em solos com boa resistência. Além disso, de acordo com a NBR 6122, é preciso assentá-las em uma profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação.

Geralmente, realizam-se pequenas escavações nas fundações rasas e, por isso, elas não demandam grandes equipamentos para a sua execução.

Tipos de fundações rasas

#1 Fundações rasas com sapatas (isoladas, corridas ou associadas)

As sapatas são um elemento estrutural de concreto armado, que são dimensionadas para que as tensões de tração exercidas sobre a fundação sejam resistidas pela armadura, não pelo concreto.

A capacidade de carga das sapatas fica entre baixa e média, e as fundações rasas com sapatas devem ser utilizadas em locais em que a sondagem do subsolo indica a presença de argila ou materiais semelhantes.

Tipos de sapatas

Sapata isolada:

• Suporta as cargas de um único pilar ou coluna;
• Seu formato pode ser quadrado, retangular, circular, dentre outros;
• As sapatas isoladas conectam-se diretamente aos pilares e ficam relativamente distantes umas das outras.

Sapata corrida:

• Suporta cargas provenientes de elementos contínuos, que têm distribuição de cargas lineares – como, por exemplo, paredes, muros ou outros elementos alongados;
• Têm formato de viga;
• Geralmente são utilizadas quando as distâncias entre os pilares são pequenas.

Sapata associada:

Costuma ser utilizada quando a posição de duas sapatas isoladas está muito próxima uma da outra, seja por falta de espaço ou por opção estrutural. Quando isso acontece, as bases podem ficar sobrepostas ou influenciar estruturalmente uma na outra. A utilização das sapatas associadas permite que uma única sapata possa receber as cargas de dois ou mais pilares.

#2 Radier

O radier é uma fundação rasa semelhante a uma laje de concreto armado. A diferença é que o radier apresenta uma espessura maior. Além disso, ele é construído por baixo de toda a área da estrutura e distribui as cargas provenientes da edificação para o solo através de toda sua extensão.

Recomenda-se utilizar radiers em obras de pequeno porte, pois possuem algumas vantagens em comparação aos outros tipos de fundação superficial – como, por exemplo: baixo custo, rapidez na execução e mão de obra reduzida.

#3 Bloco de fundação

Segundo a NBR 6122/2010, não há necessidade de utilizar armadura no dimensionamento dos blocos de fundação. Isso porque as tensões de tração que agem sobre esse elemento podem ser resistidas pelo concreto, devido às dimensões do bloco.

Recomenda-se o uso desse tipo de fundação para obras de pequeno porte, em que o solo possui uma boa capacidade de suporte.

Em todos esses métodos é necessário escavar o solo para verificar sua resistência.

Fundações profundas

A fundação profunda transmite a carga da obra para o terreno de três maneiras:

• Pela base (a chamada resistência de ponta);
• Por sua superfície lateral (a resistência de fuste);
• Ou por uma combinação das duas.

Salvo casos especiais, esse tipo de fundação deve ser assentado em uma profundidade superior a oito vezes a sua menor dimensão em planta e no mínimo 3 metros.

Recomenda-se o uso de fundações profundas para casos em que o solo apresenta baixa resistência nos primeiros 3 metros de profundidade. Afinal, como o nome sugere, elas alcançam grandes profundidades e, em muitos casos, a cobrança é feita por metro linear. Sendo assim, quanto mais profunda for a fundação, mais cara ela é.

Tipos de fundações profundas

Fundações profundas que utilizam estacas

Recomenda-se o uso da fundação de estacam para solos que não possuem uma grande capacidade de suporte em praticamente nenhuma das camadas. Afinal, como nesse tipo de fundação é possível fazer a cravação de vários metros do solo e utilizar várias estacas ao mesmo tempo, é possível garantir a estabilidade da edificação com muito mais facilidade.

Esse tipo de fundação profunda pode ser executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que haja necessidade de trabalho manual em profundidade em qualquer fase de sua execução.

As estacas podem ser de madeira,  aço,  concreto pré-moldado,  concreto moldado in loco, argamassa, calda de cimento, ou qualquer combinação dos anteriores.

Modelos de estacas 

Estaca pré-moldada:

• Feita de concreto armado ou concreto protendido;
• Pode ser cravada por percussão, prensagem ou vibração;
• Oferece boa capacidade de carga e boa resistência a flexão e cisalhamento.

Estaca tipo Franki:

• Possui grande capacidade de carga e consegue alcançar grandes profundidades;
• É executada por meio de perfurações, através da cravação de um tubo de ponta fechada, com o auxílio de um bate-estaca.

Estaca hélice contínua:

• Feita com uma haste tubular que possui uma hélice. Essa haste é introduzida no terreno por aplicação de um torque fazendo a perfuração.

Estaca de madeira:

• Geralmente é composta de troncos de árvores e cravada por bate-estacas;
• Utilizada em obras provisórias.

Estaca metálica:

• Parecida com as pré-moldadas, inclusive recebe o mesmo processo de cravação no solo. Contudo, as estacas metálicas atingem maior profundidade, porque é possível executar as emendas com mais facilidade e segurança.

Estaca escavada:

• Executada por meio da escavação do solo com perfuratriz ou trado mecânico;
• Pode ou não necessitar de revestimento, dependendo das condições do solo;
• Após a escavação, recebe a armadura e a concretagem é feita no próprio local.

Estaca raiz:

• Indicada para locais com acesso restrito ou solos de alta resistência;
• Executada por perfuração com circulação de água ou argamassa sob pressão;
• Após a perfuração, recebe uma armadura tubular e é preenchida com calda de cimento.

Fundações profundas que utilizam tubulões

Os tubulões são um tipo de fundação profunda com diâmetro mínimo de 50 cm, podendo ter uma base alargada. Tradicionalmente, sua execução exigia que um operário descesse no poço para expandir a base, o que expõe os trabalhadores a altos riscos de segurança, como desmoronamento e falta de oxigenação.

Atualmente, devido às exigências de segurança no trabalho e à disponibilidade de métodos mais seguros, os tubulões têm sido cada vez menos utilizados, especialmente em empresas mais estruturadas.

Tipos de tubulões:

Tubulões a céu aberto são executados pela escavação do terreno e concretagem direta do poço. Tradicionalmente, a base alargada era feita manualmente por um operário dentro da escavação, mas devido aos riscos, esse método tem sido substituído por alternativas mais seguras. Seu uso é viável apenas em solos suficientemente coesivos e acima do nível da água, onde o escoramento não é necessário.

Execução de um tubulão a céu aberto

Tubulões a ar comprimido são utilizados em fundações abaixo do nível da água. As escavações acontecem com o auxílio de bombeamento para a retirada da água do poço. Quando não é mais possível retirar a água desse modo, insere-se um equipamento que introduz ar comprimido, que dispersa a água e permite a entrada e saída de operários do tubulão. 

Embora permita o acesso de operários, esse método também apresenta riscos operacionais e é pouco utilizado atualmente.

Execução de um tubulão a ar comprimido

O que levar em conta na hora de escolher um tipo de fundação para sua obra

A definição da fundação correta para o projeto condiciona diversos fatores no planejamento, no orçamento e no cronograma. Acima de tudo, a escolha correta da fundação garante qualidade, segurança e estabilidade de longo prazo para a obra.

Por isso, é importante seus planejamentos e orçamentos contemplem as definições e projetos de fundação.

Ainda que se trate de um dos elementos mais caros do projeto, é crucial que a decisão sobre qual tipo de fundação utilizar não seja guiada somente pelo preço. Afinal, comprometer a qualidade da fundação apenas pensando em economia de curto prazo pode gerar uma série de problemas na estrutura que, consequentemente, trarão mais gastos e retrabalhos e prejuízos. 

Além disso, uma fundação inadequada pode levar a problemas no pós-obra – como, por exemplo, baixa resistência a deslizamentos e aparecimento de rachaduras nas paredes. Então, essa é uma questão que pode prejudicar seriamente a credibilidade da construtora.

Um engenheiro capacitado deve fazer a análise que vai apontar qual é o melhor tipo de fundação. Afinal, ele poderá estudar as características do terreno em comparação com o perfil do projeto para determinar o modelo e os materiais mais adequados para a fundação.

Essa avaliação leva em conta fatores como tipo de solo e seus componentes, o porte da edificação, a presença de construções vizinhas e fatores econômicos. Nesse sentido, antes de tudo, realiza-se um estudo das camadas de solo por meio de uma sondagem. A partir dessa sondagem, o engenheiro será capaz de identificar o tipo de solo e indicar a fundação mais adequada.

Por exemplo:

• Fundações rasas: as características do solo que possuem as melhores condições para a sua execução são areia compacta, argila mole, presença do lençol freático e aterro não compactado.
• Fundações profundas: podem ser utilizadas em praticamente qualquer tipo de solo. A escolha do tipo adequado depende das características do edifício, bem como da segurança e da viabilidade técnica e econômica.

Além do tipo de solo, é preciso levar em consideração questões como:

Segurança

É preciso especificar os serviços manuais e mecanizados de acordo com as características de cada terreno e, também, observando os aspectos práticos da região. Além disso, a fundação deve propiciar segurança durante a vida útil da edificação, não apresentando deformações excessivas que possam levar à inutilização ou ao colapso da obra.

Técnica de execução

O projeto de fundação deve considerar a disponibilidade de equipamentos e de mão-de-obra do local do empreendimento.

Cronograma

Os tipos de fundações devem estar em sintonia com o cronograma ou prazo de execução da obra. Inclusive, por vezes, pode ser mais interessante adotar uma solução de fundação mais cara, mas que seja mais rápida. 

Construções vizinhas

Existem fundações que produzem barulhos, sujeiras e grandes vibrações. Se houver construções próximas ao terreno onde será construído, a vibração do solo pode acarretar danos às estruturas vizinhas, por exemplo. Por isso, é preciso realizar um estudo junto aos proprietários dos lotes adjacentes. 

Viabilidade econômica

Por fim, a fundação escolhida deve ser aquela de menor custo possível, levando em conta os itens citados anteriormente e a disponibilidade de orçamento da construtora.

O impacto das fundações no orçamento da obra

Leandro Nagano, coordenador da área de Orçamentos da Celere, explica que a escolha do tipo de fundação – rasa (sapata, radier, baldrame) ou profunda (estaca escavada, hélice contínua, estaca raiz, entre outras) – está diretamente ligada ao custo final, pois envolve tanto a disponibilidade de equipamentos específicos quanto a quantidade de mão de obra e materiais utilizados.

Ele detalha que, de forma geral, fundações rasas demandam menos concreto, armaduras mais simples e não exigem máquinas tão robustas, resultando em custos menores. Já as fundações profundas, aplicadas em solos com água ou em terrenos onde a camada resistente se encontra em profundidades maiores, elevam o orçamento por ocasionarem maiores perdas de concreto e maior consumo de aço, e por exigirem equipamentos especializados, cuja mobilização e desmobilização também pesam no orçamento.

Para garantir previsões financeiras mais realistas, Leandro destaca três pontos essenciais:

• Estudo prévio do solo: a sondagem detalhada indica se o terreno exige soluções de fundação mais elaboradas e previne erros de dimensionamento.
• Perdas de material: cada tipo de fundação apresenta índices de perda diferentes, sobretudo no que diz respeito ao concreto.
• Mobilização de máquinas e equipes: equipamentos especializados e pessoal qualificado podem ser mais onerosos e nem sempre estão disponíveis em todas as regiões.

Além disso, o especialista da Celere ressalta que, para garantir um orçamento realmente eficaz, é fundamental que o profissional responsável conheça muito bem os métodos construtivos envolvidos em diferentes tipos de fundações – já que isso impacta diretamente os custos.

“É importante entender todos os processos construtivos daquilo que se está orçando – se é uma fundação rasa, se é uma fundação profunda. É preciso entender como isso é medido, como é pago em obra, como o empreiteiro vai cobrar depois. E ainda, é importante considerar que cada tipo de fundação representa perdas distintas do concreto, que você precisa considerar dentro das composições de custo unitário”, ressalta. 

Superando desafios no orçamento de fundações com a Celere

A Celere adota uma abordagem inovadora no orçamento de fundações, integrando dados técnicos do solo e do projeto em um ambiente BIM-5D. Essa tecnologia permite que cada componente da obra – desde estacas até blocos de fundação – seja rastreado individualmente, garantindo uma clara identificação das quantidades, perdas e impactos no custo final.

“Com a metodologia da Celere, você obtém um levantamento quantitativo diferenciado. É possível filtrar nosso orçamento e saber, com precisão, as quantidades de concreto, aço, formas e o custo da mão de obra em apenas dois ou três cliques”, destaca Leandro.

Essa rastreabilidade, aliada ao know-how de quem já orçou projetos em diversas regiões do país, permite à Celere antecipar cenários de fundações sejam rasas ou profundas. Somos capazes de prever maiores perdas de concreto em casos específicos e ajustar rapidamente o planejamento de custos para otimizar o orçamento.

Conheça nossas soluções de orçamento que garantem precisão e detalhamento desde as fases iniciais do projeto:

• Budget Paramétrico: ideal para estabelecer premissas sólidas e orçamentos confiáveis, mesmo com informações limitadas.
• Budget Analytics: perfeito quando já existem projetos de fundação, garantindo rastreabilidade e precisão nos quantitativos dos serviços e materiais.

Enfrentar o desafio de orçar sem ter todos os projetos definidos ou lidar com as consequências de um erro no orçamento da fundação não precisa ser uma dor de cabeça. Com a expertise da Celere, esses riscos são minimizados, transformando incertezas em decisões seguras e assertivas.

Estamos aqui para ajudá-lo a evitar surpresas desagradáveis e garantir o sucesso dos seus projetos. Entre em contato conosco e saiba mais.

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