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bioconcreto – o superconcreto que se autorrepara

Bioconcreto: o superconcreto que se autorrepara 

Conheça o bioconcreto e entenda o potencial deste material para trazer sustentabilidade e economia para o mercado de construção civil

Concreto com superpoder de autorreparação. Não estamos falando de nenhum vilão da Marvel, mas de uma tecnologia que tem o potencial de revolucionar o setor de construção: o bioconcreto.

Com esse supermaterial, é possível construir edificações capazes de se autorreparar! Para entender como isso é possível, siga a leitura.

O que é o bioconcreto

Bioconcreto é um tipo de concreto que utiliza bactérias em sua composição. Esse material foi desenvolvido por uma equipe de cientistas da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, liderada pelo microbiólogo Hendrik Marius Jonkers.

Para criar o bioconcreto, adicionam-se colônias da bactéria bacillus pseudofirmus e lactato de cálcio (que é o alimento dessas bactérias) ao concreto tradicional.

“Esses microorganismos vivem em ambientes altamente alcalinos – como lagos próximos a vulcões, por exemplo –, semelhantes ao ambiente fornecido pelo concreto. Então, as bactérias formam esporos, e podem sobreviver na estrutura dos edifícios por até 200 anos”, explica Carolina Andrade Souza, coordenadora da área de Levantamento da CELERE Consultoria de Eficiência na Construção.

Leia também: Isolamento de fungos, concreto de vegetais e a biotecnologia na construção civil

Como o bioconcreto age

A mágica do bioconcreto acontece quando uma rachadura na estrutura. Nessas ocasiões, a umidade e o oxigênio presentes no ar ‘acordam’ os microorganismos até então dormentes.

“No momento em que o concreto começa apresentar fissuras e permite a entrada de água e ar, as bactérias são ativadas e passam a consumir o lactato de cálcio e o oxigênio disponível. Como resultado do seu processo de digestão, produz-se calcário, que repara e sela as fissuras no bioconcreto”, detalha Carolina.

bioconcreto
Imagem: Delft University of Technology

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Características do bioconcreto

O principal objetivo do bioconcreto é estender a vida útil das edificações, uma vez que esse material contribui para a diminuição de gastos com a manutenção das estruturas.

Além disso, entre as principais características do bioconcreto estão:

🏚 Tamanho das rachaduras reparadas

“Uma das vantagens desse material é a sua capacidade de regenerar fissuras de qualquer comprimento, até mesmo de quilômetros (km)”, explica Carolina.

No entanto, ela salienta que há um limite para a ação do bioconcreto no que diz respeito à largura das rachaduras, que não podem passar de 0,8 mm.

Contudo, isso não quer dizer que o material tenha eficácia ilimitada. Hendrik M. Jonkers, o cientista responsável pela criação do bioconcreto, explica que essas microrrachaduras podem causar grandes danos à edificação. Afinal, mesmo com oito milímetros de largura, uma fissura permite a entrada da umidade que, consequentemente, pode corroer as estruturas metálicas que suportam a construção – causando o colapso do edifício, da ponte etc.

⏱ Tempo de reparo

Outro ponto positivo do bioconcreto é a rapidez com que ele repara as rachaduras. A partir do momento em que as fissuras acontecem e as bactérias começam a produzir calcário, a rachadura pode ser completamente reparada em até três semanas.

🌳 Mais sustentabilidade

Carolina explica que essa é uma alternativa mais sustentável para estender a vida útil dos empreendimentos, já que evita o uso de matéria-prima extra.

Aliás, o uso de bioconcreto tem um grande potencial de diminuir o impacto ambiental da indústria da construção. Atualmente, no mundo todo, produz-se 4 bilhões de toneladas de cimento anualmente – isso representa cerca de 8% das emissões mundiais de CO2. Em contrapartida, os materiais de base biológica – como o bioconcreto, por exemplo – podem sequestrar CO2 da atmosfera.

Leia também: 10 artigos sobre sustentabilidade na construção civil para você acompanhar essa tendência

💰 Mais economia

Por fim, o bioconcreto pode gerar uma grande economia no longo prazo. “Como esse material consegue se recuperar sozinho, ele contribui para a redução de gastos com manutenções”, revela.

Custo X Benefício do bioconcreto

Segundo a engenheira da CELERE, o principal desafio para a expansão dessa tecnologia é a viabilidade financeira. Afinal, o bioconcreto pode custar cerca de duas vezes mais que o concreto tradicional.

Carolina conta que o preço elevado se deve principalmente ao uso da substância que serve de alimento para as bactérias – o lactato de cálcio. “Por isso, a equipe de cientistas continua buscando uma alternativa para alimentar as bactérias que seja à base de açúcar – o que poderia baixar o custo de produção no mesmo patamar do concreto convencional”, salienta.

Portanto, na hora de avaliar se vale a pena usar esse material, é importante levar em conta os benefícios que o bioconcreto pode trazer no longo prazo. “Há de se ponderar se o custo do investimento em bioconcreto será superado pela economia com a manutenção da edificação”, aconselha Carolina.

Para se ter uma ideia, análises apontam que, só na Europa, US$ 6,8 bilhões (mais de R$ 22 bilhões) são gastos anualmente para reparar edifícios enfraquecidos. Além disso, estima-se que o bioconcreto possa salvar até 50% do custo de vida útil do concreto.

Bioconcreto na prática

Segundo Jonkers, essa tecnologia já está sendo testada em diversas localidades, como em um canal e em um sistema de irrigação no Equador. Além disso, uma casa foi construída com bioconcreto na Holanda, e é inspecionada frequentemente pelos pesquisadores.

Casa feita de bioconcreto
Imagem: CNN

E aí, você já conhecia o bioconcreto? Conhece alguma obra interessante que utiliza esse material? Comente, e assim seguimos o debate.

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