O sucesso de negócios como Uber, Spotify, Netflix e Airbnb mostra que estamos vivendo em uma era em que o acesso a serviços e benefícios que um produto oferece se torna cada vez mais relevante do que a propriedade daquele item em si. Com isso em mente, muitas empresas têm adicionado valor a seus produtos oferecendo serviços agregados. É a chamada tendência de servitização.
Basicamente, servitização é o processo através do qual uma empresa desenvolve serviços e soluções que complementam suas ofertas tradicionais de produtos com o objetivo de criar valor por meio da adição dos serviços, fortalecendo o relacionamento com o público e aumentando o potencial de alcance de mercado.
Na construção civil esse movimento também tem ganhado espaço, especialmente por conta da adoção de tecnologias como internet das coisas, big data, entre outras. Por isso mesmo, merece nossa atenção.
Antes de falarmos especificamente sobre a servitização na construção civil, porém, precisamos entender melhor esse conceito…
O que é servitização e qual é a relevância desse conceito
Para começo de conversa, é importante destacarmos que a ideia de aliar produtos e serviços não é nova!
Em 1988, Sandra Vandermerwe e Juan Rada trouxeram à tona o termo servitização no artigo Servitization of business: Adding value by adding services.
Já na década de 90, surgiu o conceito de Sistemas de Produto-Serviço (PSS), apresentado pelo engenheiro Mark Goedkoop no relatório Product Service systems, Ecological and Economic Basics, e que está diretamente relacionado à servitização.
Porém, o que é novidade é o fortalecimento desse modelo nos últimos anos, causado pela expansão tecnológica pela qual estamos passando.
“A servitização é o resultado de uma cultura dominada pelo imediatismo e acesso macro. O streaming de música e os aluguéis de carros mostram que a escolha é mais importante do que a propriedade no mundo atual”, reflete Jamie Bennett, vice-presidente de Engenharia, IoT e Dispositivos na empresa de software Canonical.
Além disso, o fortalecimento desse conceito é impulsionado pela quarta revolução industrial, um movimento focado na digitalização de processos e sistemas de produção e consumo.
Saiba mais!
As transformações tecnológicas da nossa era estão condicionando o surgimento novos modelos de negócios; e a servitização faz parte das mudanças dessa revolução.
O avanço de áreas como inteligência artificial, big data, robótica e internet das coisas está gerando uma profunda mudança nas expectativas e demandas dos consumidores. Por sua vez, estes valorizam cada vez mais o acesso a serviços sob demanda que proporcionem valor no longo prazo e de forma personalizada – não apenas a produtos isolados. Ou seja, não há mais espaço para “um produto serve para todos”.
Portanto, neste cenário, a servitização de produtos é um dos caminhos pelos quais as empresas podem oferecer a seus públicos uma experiência mais individualizada e personalizada, com geração contínua de valor.
Vídeos interessantes nessa área:
– Convergência: Indústria 4.0, Servitização e Sustentabilidade
– Definição de sistemas produto-serviço (PSS)
– Combinação Produto-Serviço
Servitização no mercado de engenharia e construção
Não é difícil imaginar que a servitização também pode gerar mudanças importantes no setor de engenharia e construção – tanto no relacionamento com os clientes quanto na relação com outras empresas (parceiros e fornecedores).
“A servitização é um modelo adequado para a revolução digital pela qual este setor está passando. À medida que a construção evolui em relação ao uso de impressão 3D, robótica e cadeias de suprimentos mais inteligentes, adotar um modelo de negócios projetado para maximizar o valor de cada compra se tornará algo essencial”, destaca Bennett.
A seguir, entenda algumas maneiras pelas quais a servitização pode gerar mudanças importantes na forma de planejar, desenvolver, gerenciar e até vender projetos de construção.
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Objetos conectados geram serviços
A internet das coisas (ou IoT, do inglês, Internet of Things) é uma das tecnologias centrais desse movimento. Afinal, a IoT permite que objetos se conectem a uma rede online, coletando e transmitindo dados em tempo real. Dessa forma, qualquer produto tem o potencial de gerar informações que podem ser transformadas em serviço.
Alguns exemplos de aplicações nesse sentido:
No mercado B2B
Já pensou poder controlar o uso de equipamentos e materiais por meio do monitoramento desses objetos? Isso é possível com a IoT!
Assim, ao invés de apenas oferecer compra/aluguel desses recursos/insumos, os fornecedores poderão ofertar um serviço de acompanhamento constante. Isso, por sua vez, gerará mais eficiência na gestão da obra (agregando valor a seus produtos).
Esse é um exemplo de como a servitização da cadeia produtiva da construção pode trazer mais eficácia para o desenvolvimento e para a gestão dos projetos.
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No mercado B2C
Empresas de engenharia e construção podem desenvolver projetos imobiliários com sensores que captam informações dos diferentes ambientes, o que permite administrar a energia gerada dentro da própria estrutura e adaptar a iluminação e a ventilação do ar, por exemplo, de acordo com o uso.
Mais do que oferecer uma moradia/escritório, a empresa estará oferecendo serviços para tornar a manutenção dos recursos do empreendimento mais eficiente. Consequentemente, mais valor será gerado no longo prazo.
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Exemplo que vem do Japão
Os novos apartamentos da empresa Leopalace21 são exemplos de como a servitização pode ser aplicada no mercado imobiliário.
O prédio LOVIE Ginza, por exemplo, faz parte de um projeto que reuniu investimentos para a construção de um empreendimento modelo que une tecnologia e serviços. Estes são alguns dos destaques do empreendimento:
– Os apartamentos são equipados com o sistema Leo Remocon. Através dele, os moradores podem controlar coisas como temperatura, iluminação e televisão. Tudo via aplicativo que funciona tanto por comandos manuais, como de voz! Além disso, também podem trancar e destrancar a porta – que é digital – por meio do Leo Lock.
– Os apartamentos possuem internet própria (LEONET), e os moradores têm acesso a uma diversidade de outros serviços e ofertas exclusivas de parceiros.
– A empresa também tem um projeto chamado MyDYI. Com ele, novos inquilinos podem escolher o papel de parede a ser colocado no apartamento, personalizando o ambiente de acordo com suas preferências.
– Por fim, os moradores têm acesso a uma central de atendimento 24h – o Leopalace21 Service Center.
Ou seja, não é apenas um apartamento (produto), mas sim um apartamento com uma série de serviços embutidos que fortalecem o relacionamento dos clientes com a Leopalace – já que a marca está presente no dia a dia dos moradores – e também geram valor continuamente.
Projetos imobiliários servitizados
As tendências cohousing e coliving também podem impulsionar o movimento de servitização na construção civil.
No cohousing, as pessoas moram em um mesmo terreno ou área. Cada morador tem sua casa completa, mas divide espaços públicos – como, por exemplo, jardim, cozinha comunitária e área de lazer.
Já no coliving as pessoas moram na mesma casa ou prédio, cada uma com seus ambientes individuais (quarto, banheiro etc.), mas dividindo alguns recursos e espaços comuns – tais como cozinha, sala de estar, escritório, entre outros.
Estes dois modelos têm como premissa o compartilhamento de determinadas áreas. Quem opta por esse tipo de moradia busca conveniência, uso mais eficiente dos recursos, economia e flexibilidade. Assim, os serviços compartilhados têm potencial para agregar mais valor à utilização desses ambientes.
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Exemplo que vem de Londres
Na capital do Reino Unido está aquele que é considerado o maior projeto de coliving do mundo: The Collective Old Oak.
O empreendimento tem 10 andares e mais de 500 moradores dividem seus espaços coletivos – cozinhas comunitárias, coworking, salas de jantar etc. Além dos ambientes comunitários, o prédio conta também com serviços compartilhados, tais como:
– Biblioteca
– Cinema
– Academia
– Lavanderia
– Restaurante
– Loja de conveniência
– Spa
Além disso, dentro do contrato de moradia do The Collective Old Oak estão inclusos o pagamento de serviços como taxas de água, luz e gás, concierge 24 horas, internet e limpeza.
Outras possibilidades de servitização na construção civil
– Oferecimento de designs personalizados com o uso da impressão 3D.
– Acompanhamento em tempo real da obra por meio do monitoramento via drones e sensores IoT.
– Personalização de serviços oferecidos em um mesmo empreendimento, de acordo com o perfil dos diferentes moradores.
– Ambientes com sistemas de inteligência artificial, que monitoram o desempenho dos equipamentos e eletrodomésticos, promovendo uma manutenção mais eficiente.
– E muito mais!
Entenda como a CELERE vem revolucionando a forma como analisar os custos das obras através do Budget Analytics. É mais um tipo de servitização customizada que está aumentando o poder de competitividade de empresas do mercado de engenharia e construção. Entre em contato com a gente e saiba como podemos trabalhar juntos!
Servitização, inovação e competitividade
Em um contexto de mudança constante e cada vez mais rápida, “apenas” oferecer um bom produto já não é o suficiente. A servitização pode ajudar as empresas a agregarem valor a seus produtos, aumentando as chances de se destacarem no mercado por meio de inovações alinhadas ao perfil de seus clientes.
Entre os principais benefícios da servitização, destacam-se:
- Mais lucro por meio da adição de serviços.
- Mais eficiência no uso de recursos.
- Melhor relacionamento com o público no longo prazo.
- Fortalecimento da marca.
- Expansão de mercado.
A servitização oferece ainda uma vantagem competitiva relevante. Afinal, os serviços estão menos sujeitos à comoditização e ajudam a tornar os produtos “únicos”. E ainda, quando se trata de um serviço baseado nos dados dos seus clientes, a chance de outra empresa conseguir copiar é praticamente nula. Isso, por sua vez, aumenta seu poder de competitividade e diferenciação.
– E você, já conhecia a tendência de servitização?
– Já parou para pensar sobre como sua empresa poderia agregar valor aos seus projetos oferecendo serviços?
– Como você acredita que as empresas do mercado imobiliários e do setor de engenharia e construção irão acompanhar esse movimento?
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