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Um dos prédios mais sustentáveis do mundo e o impacto da internet das coisas na construção

Internet das coisas, ou IoT (do inglês, internet of things), é a tecnologia que permite que objetos se conectem a uma rede online, coletando e transmitindo dados em tempo real. 

Eletrodomésticos que interagem com seus usuários, carros que conseguem adaptar seu desempenho de acordo com o ambiente e dispositivos que monitoram a saúde do usuário são alguns exemplos de aplicações dessa tecnologia. 

No mercado de engenharia e construção, a IoT tem sido utilizada para tornar cidades e prédios mais conectados e inteligentes. Um dos principais exemplos nesse sentido é o The Edge, um dos prédios mais sustentáveis do mundo, desenvolvido pela OVG Real Estate, empresa holandesa de tecnologia no setor imobiliário.

A seguir, saiba mais sobre este projeto inovador e entenda como a IoT, aliada a ferramentas de dados, deve revolucionar a construção de imóveis.  

Os diferenciais de sustentabilidade de um dos prédios mais sustentáveis do mundo

O The Edge, que fica em Amsterdã (Holanda) e abriga o escritório da consultoria internacional Delloite, está entre os prédios mais sustentáveis do mundo, com uma pontuação de 98,36% no sistema BREEAM, método líder na medição e certificação de construções sustentáveis.

De acordo com Coen van Oostrom, CEO da OVG Real Estate, o The Edge gera 10% a mais de energia do que utiliza no dia a dia.

Entenda alguns diferenciais do projeto que contribuem para isso:

– A orientação do prédio é baseada no trajeto do sol. A fachada de vidro na parte norte ilumina o átrio com a luz do dia, enquanto os painéis solares na parte sul protegem os escritórios do sol e geram energia suficiente para carregar smartphones, tablets e carros elétricos dos funcionários.

– Os painéis solares no teto captam toda a energia necessária para aquecer e resfriar o prédio, que utiliza um sistema de resfriamento e aquecimento geotérmico na climatização dos ambientes.

– A água da chuva é coletada para ser utilizada no banheiro e para irrigar as plantas do terraço e de outros jardins em volta da propriedade.

– A ventilação secundária dos escritórios é transferida para o átrio do prédio, onde passa por um sistema de ventilação que manda esse ar para fora. Ao mesmo tempo, ar fresco é liberado, aumentando a qualidade do ar no ambiente.

prédios mais sustentáveis do mundo
Foto: OGV

Um dos prédios mais sustentáveis do mundo é, também, ultra conectado

Mas o que faz do The Edge um projeto verdadeiramente inovador é o fato de a estrutura gerar e enviar dados a todo momento, por meio de um sistema de iluminação conectado.

O edifício possui sensores que captam informações dos diferentes ambientes, o que permite administrar a energia gerada dentro da própria estrutura e adaptar a iluminação e a ventilação do ar de acordo com o uso interno. Entenda:

– Cada uma das 6 mil luminárias do prédio possui sensores que medem movimento, temperatura, luz e raios infravermelhos.

– Esses sensores estão integrados no sistema de TI do prédio e fornecem dados (passados e em tempo real) sobre a utilização da estrutura do prédio.

– Com isso, é possível monitorar e gerenciar a utilização de energia em cada um dos ambientes.

Uma vantagem importante desse sistema é que ele ajuda a utilizar o prédio de maneira mais eficaz e sustentável. Estudos indicam que:

Apenas 66% dos espaços comerciais em escritórios são efetivamente utilizados pelos profissionais no dia a dia.

Ao mesmo tempo, até 50% da energia utilizada em prédios comerciais é desperdiçada.

Os sensores do The Edge otimizam a utilização de recursos por meio de um sistema de distribuição diferente, mais otimizado.

Funciona assim:

Os profissionais que trabalham no prédio não possuem mesas fixas; eles agendam a utilização de um espaço de acordo com suas necessidades do dia – área de reunião, área de relaxamento, de concentração etc. Assim, os ambientes são melhor aproveitados e a energia e a climatização do prédio estão o tempo todo sendo monitoradas e gerenciadas para evitar desperdícios.

Quando uma área está vazia, por exemplo, as luzes são apagadas automaticamente e a ventilação é configurada para o mínimo necessário. Assim que alguém entra na sala, a iluminação e a ventilação são ajustadas de acordo com a preferência daquela pessoa – que pode gerenciar isso por meio de um aplicativo móvel.

Foto: OGV

Um futuro com prédios e cidades mais inteligentes

Se esse sistema que alia internet das coisas e big data tem o poder de aumentar a eficiência de apenas um prédio, imagine, então, se todas as construções e serviços nas cidades fossem conectados!

Projetos como o The Edge indicam que cada vez mais essa tecnologia deve afetar a forma como as pessoas vivem e trabalham – e, claro, a maneira como as construções são pensadas e desenvolvidas.

Segundo um levantamento da McKinsey, a IoT tem o potencial econômico de, até 2025,  movimentar globalmente cerca de 11 trilhões de dólares por ano.

– A consultoria indica ainda que, dentre todas as tecnologias emergentes (como internet móvel, robótica, impressão 3D etc.), a internet das coisas é a com maior potencial de geração de valor.

Segundo o estudo Internet das Coisas: um plano de ação para o Brasil, há um potencial de US$ 200 bilhões para o país com o desenvolvimento do setor de Internet das Coisas.

Por falar em Brasil, por aqui os primeiros passos na construção das cidades smart também já foram dados. Recentemente, foi lançado o Plano Nacional de Internet das Coisas.

O Plano, que é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da consultoria McKinsey, visa direcionar estratégias para a ampliação da tecnologia de IoT no país, com apoio do setor público e privado.

O objetivo final é promover o investimento em projetos em quatro áreas prioritárias:

– Cidades;

– Saúde;

– Agronegócio;

– Indústria.

Como consequência, o mercado de engenharia e construção também será impactado pelos incentivos gerados por esse plano, já que projetos imobiliários que envolvam IoT também devem ser impulsionados por essa iniciativa.

Foto: OGV

E você, já parou para pensar como a internet das coisas deve revolucionar o seu trabalho?

Além de aumentar a eficiência dos prédios e casas, essa tecnologia também tem potencial de melhorar a produtividade nos processos de construção civil. Mas isso é assunto para um próximo artigo!

Deixe suas dúvidas e comentários abaixo e compartilhe sua visão em relação a essa nova tecnologia.

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