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Eurotúnel: uma das grandes obras da engenharia moderna

Eurotúnel: um dos grandes marcos da engenharia moderna

Conheça os detalhes e as curiosidades desse projeto e entenda quais foram os desafios encontrados no desenvolvimento do Eurotúnel 

Maior túnel submerso do planeta e uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Eurotúnel (também chamado de Túnel da Mancha) é um exemplo de como o avanço da engenharia pode expandir horizontes e contribuir para o desenvolvimento econômico da sociedade.

Com 50,5 km de extensão – sendo 38 km abaixo do mar, o túnel liga Folkestone, no sul da Inglaterra, a Coquelles, no norte da França. Aliás, mais do que conectar os dois países, essa megaobra agiliza o transporte de bens dentro do continente europeu e impulsiona o turismo – permitindo viagens em qualquer condição de clima.

Para se ter uma ideia, 26% das mercadorias comercializadas entre o Reino Unido e a Europa Continental passam pelo Eurotúnel, o que representa um valor de 138 bilhões de euros por ano.

Porém, o principal impacto do túnel é a drástica redução no tempo de viagem no trecho. Antes de sua construção, para ir de Londres a Paris era preciso percorrer um trajeto de cerca de seis ou sete horas, por meio de trem e de balsa. Com o Eurotúnel, é possível fazer a mesma viagem em duas horas e meia – de trem.

Eurotúnel em números

Eurotúnel: uma ideia que resistiu ao tempo

O engenheiro francês Albert Mathieu apresentou a primeira proposta para construir um túnel no canal da Mancha. Isso foi em 1802! E o projeto dele incluía uma ilha artificial no meio do caminho para a troca de cavalos… Pois é, outros tempos! 🐴

Eurotúnel - uma ideia que resistiu ao tempo
Imagem: Getlink Group

Nos anos seguintes, houve várias tentativas de concretizar um projeto similar. Contudo, a proposta para a obra como conhecemos hoje só surgiu em 1909. E sua aprovação aconteceu em 1973!

Dois anos depois do início, crises econômicas forçaram a paralisação das obras. O projeto foi retomado em 1984 e as obras efetivamente iniciaram em 1988.

A inauguração do Eurotúnel aconteceu em 1994. Ou seja, quase 200 anos depois da primeira proposta.

A estrutura do Eurotúnel

O Túnel da Mancha é composto por três túneis, cada um com 50 km de extensão, perfurados a uma média de 40 m abaixo do fundo do mar.

A estrutura do Eurotúnel
Imagem: Getlink Group

Os três túneis são paralelos entre si:

  • O Eurostar, trem para passageiros, e o Le Shuttle, que transporta carros, caminhões, ônibus e motos, usam os dois túneis externos;
  • A ventilação e o acesso profissional acontecem por meio do túnel de serviço central, que é menor.
A estrutura do Eurotúnel
Imagem: Getlink Group

Os dois túneis ferroviários têm 7,6 m de diâmetro e 30 m de distância. Cada um possui uma via única, linha elétrica aérea (catenária) e duas passarelas (uma para fins de manutenção e outra no lado mais próximo do túnel de serviço para uso em caso de evacuação de emergência). Além disso, as passarelas existem para manter o trem em pé e em linha reta de deslocamento, no caso improvável de um descarrilamento.

Schema Tunnels UK
Imagem: Getlink Group

Equipamentos mecânicos nos túneis

  • 550km de tubos
  • 2 sistemas de ventilação
  • 1 sistema de resfriamento com as duas plantas de resfriamento
  • 1 coletor de incêndio, com 2 enormes reservatórios em cada extremidade e suas estações de bombeamento
  • 600 portas de passagem cruzada e as portas cruzadas gigantes
  • 1 sistema de drenagem com 6 estações de bombeamento

Pista e catenárias

  • 200km de trilhos, incluindo 100km nos túneis e 176 pontos, incluindo 4 cruzamentos
  • 950km de cabos catenários

Fornecimento de eletricidade

  • 2 subestações conectadas às redes britânica e francesa para fornecer os 25.000 volts para a tração e os 21.000 volts (trifásicos) para os demais equipamentos fixos
  • 175 subestações secundárias (alimentação de alta, média e baixa tensão), 350km de estruturas de apoio e mais de 1.300km de cabos nos túneis
  • 20.000 luminárias

Detalhes da construção do Eurotúnel

Para construir o Eurotúnel foram usadas nada menos que 11 tuneladoras – máquinas de perfuração de túneis, conhecidas no Brasil como ‘tatuzão’. As escavações começaram em 1988, com cinco tuneladoras no lado francês e seis no lado britânico. Os tatuzões começaram a trabalhar primeiro no túnel de serviço, para que os engenheiros pudessem ver como eram as reais condições do solo.

Um dos principais desafios do projeto era garantir que tanto o lado britânico do túnel quanto o lado francês realmente se encontrassem. Sonares e radares analisaram o trajeto para definir o ponto do subsolo onde os túneis seriam construídos. No entanto, com um projeto tão grande e único, ninguém tinha certeza de que realmente funcionaria.

No dia 1º de dezembro de 1990 comemorou-se oficialmente a junção dos dois lados no túnel de serviço. Em maio de 1991 ocorreu a junção do túnel ao norte e, apenas um mês depois, a junção do túnel ao sul.

Detalhes da construção do Eurotúnel
Imagem: Bechtel

Como aconteceram as escavações para o Eurotúnel

As tuneladoras trabalhavam em um ciclo de escavação e revestimento, dois processos que não ocorriam ao mesmo tempo.

Primeiro, a parte frontal girava para perfurar a terra. A lama e as pedras escavadas eram lançadas numa esteira instalada dentro da própria máquina, pela qual eram carregadas até a outra ponta. Depois, eram levadas à superfície por bombas, vagões e tratores.

Em seguida veio o revestimento. Cada aro do túnel é formado por seis segmentos de concreto, fabricados nos canteiros de obras e levados por vagões até a parte da frente dos tatuzões. Ao chegar ali, o segmento era agarrado a vácuo por um sistema giratório, operado por um funcionário. Cada um dos seis segmentos era colocado em seu lugar, completando o aro de 1,5 m de largura.

A furadeira se movia para a frente por meio de cilindros hidráulicos, que utilizavam os aros como apoio para impulsionar a máquina adiante. Quando era hora de fixar um novo aro, os cilindros se retraíam, abrindo espaço para cada segmento. Após o segmento ser posicionado, os cilindros avançavam novamente, encostando no novo apoio.

A máquina avançava a um ritmo de 76 metros por dia

Bombas de drenagem foram instaladas para retirar água vinda de infiltrações. Pequenos dutos ligando a parte superior dos três túneis foram instalados a cada 250 m para aliviar a pressão do ar produzida pelo deslocamento dos trens. Dutos de água fria foram fixados nas paredes para garantir a refrigeração, controlando o calor gerado pelo atrito.

Em dois pontos do trajeto enormes cavernas de intersecção foram montadas para permitir que os trens mudassem de um túnel externo para outro. A cada 375 m, foram construídas passagens conectando esses dois túneis ao de manutenção.

A colocação dos trilhos e a montagem dos sistemas elétricos, de iluminação e de comunicação aconteceram após a finalização do revestimento.

Curiosidades sobre o Eurotúnel

🚌 O cruzamento do Reino Unido (entre os dois túneis ferroviários) é uma caverna alta o suficiente para suportar três ônibus de dois andares (daqueles tradicionais de Londres) um em cima do outro.

🦖 A terra escavada do túnel é principalmente do período Cretáceo. Ou seja, muito tempo atrás, no mesmo trajeto do Eurotúnel, os dinossauros vagavam pelo que, então, era terra.

🐢 Como parte de programas de conservação e reprodução da fauna, diversos animais presentes na região foram realocados. Entre eles estavam, por exemplo: tartarugas gigantes, guepardos, cobras, pinguins, águias, tigres, tubarões, borboletas e lagartos.

🚅 O Eurostar, trem de passageiros do Eurotúnel, viaja através do túnel a uma velocidade de 100 milhas por hora (160 km/h). Quando está fora o túnel, a velocidade chega a 186 milhas por hora (300 km/h).

Números de transportes via Eurotúnel:

📦 1 milhão de encomendas de e-commerce e entrega expressa viajam pelo túnel todos os dias.

🚗 O trem Le Shuttle transportou 60 milhões de carros desde 1994.

🚚 Só em 2020, o Le Shuttle carregou 1,5 milhões de caminhões.

🧳 Em 2020, 2,5 milhões de pessoas viajaram pelo Eurostar.

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Informações: Getlink Group; Eurostar; Le Shuttle; Mundo Estranho; ThoughtCo; Telegraph; Global Infraestructure Hub; Institution of Civil Engineers

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