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Execução: o grande gargalo a solucionar em suas obras e projetos

“Toda vez que a maior parte das pessoas se comporta de uma determinada maneira a maior parte do tempo, as pessoas não são o problema. O problema é inerente ao sistema pelo qual você é responsável no papel de líder. Embora uma pessoa específica possa ser um grande problema, se você insiste em culpá-la, reconsidere.”

Reconhecido como o responsável por melhorar os processos produtivos nos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial e por ter sido o estrangeiro que gerou o maior impacto sobre a indústria e a economia japonesa no século XX, o engenheiro W. Edward Deming é o autor da frase que abre este artigo. E a reflexão proposta por ele nessa citação serve como ponto de partida para o debate de hoje. Afinal, se o problema é o sistema, e não as pessoas, o que é preciso fazer para garantir que planos sejam colocados em prática, que estratégias funcionem e que projetos saiam do papel?

A resposta está em uma execução impecável!

Tarefa difícil? Não se você colocar em prática as quatro disciplinas da execução, conceito desenvolvido por Chris McChesney, Sean Covey, Jim Huling e Bill Moraes, profissionais que integram o time da Franklin Covey, uma das consultorias mais renomadas do mundo.

O verdadeiro inimigo da execução

Em novembro deste ano, dois jornalistas da equipe de comunicação da Celere participaram do World Business Forum, evento de gestão que aconteceu em Milão (Itália) e reuniu grandes nomes do mundo dos negócios, como Michael Porter, Chris Anderson e Chris McChesney, um dos responsáveis pela criação desse conceito e, consequentemente, um dos autores do livro homônimo.

Em sua palestra, McChesney explicou que o verdadeiro inimigo da execução é o nosso trabalho diário, que a equipe da Franklin Covey chama de redemoinho. “É a quantidade massiva de energia necessária para apenas manter a nossa operação em funcionamento numa base diária, que ironicamente é também aquilo que torna tão difícil a execução de qualquer coisa nova. O redemoinho tira de você o foco necessário para impulsionar a sua equipe”, destaca.

O especialista completou dizendo que se você e sua equipe operarem somente dentro do redemoinho, não progredirão, toda a energia será gasta apenas tentando se manter em pé na ventania, e declarou: “O desafio é executar suas metas mais importantes em meio às urgências”.

E é aí que entram as quatro disciplinas da execução.

Elas são as regras para a execução da sua estratégia mais crítica em meio ao redemoinho. Tome nota das dicas que apresentamos a seguir e coloque-as em prática na sua rotina. A execução em sua empresa atingirá um nível superior depois que essas quatro disciplinas estiverem incorporadas à sua vida profissional.

As quatro disciplinas da execução

Disciplina número 1: Foque no crucialmente importante

Verdade seja dita: sempre existirão mais ideias boas do que há capacidade de se executar. Por isso mesmo, se quiser garantir uma execução impecável de sua estratégia, você precisará aprender a dizer não a ideias boas. Para isso, é preciso focar no que é crucialmente importante.

Nesse sentido, a orientação de McChesney é que você trabalhe com uma meta crucialmente importante (ou no máximo duas), em vez de tentar melhorar significativamente tudo de uma só vez. “Se no momento você estiver tentando executar 5, 10 ou até mesmo 20 metas importantes, na verdade sua equipe não conseguirá ter foco. Essa falta de foco aumentará a intensidade do redemoinho, dispersará os esforços e tornará o sucesso quase impossível. (…) Contudo, quando você delimita o foco da sua equipe a uma ou a duas metas crucialmente importantes, a equipe pode com certa facilidade distinguir entre o que é de fato prioridade máxima e o que é redemoinho. Ela passa de uma coleção de metas mal definidas e difíceis de comunicar, para um grupo pequeno, focado, de metas alcançáveis”, pontua o especialista.

execução

Disciplina número 2: Atue nas medidas de direção

A definição das metas crucialmente importantes é apenas o início da execução impecável. Logo na sequência, você precisará se preocupar em estabelecer métricas que o ajudarão a avaliar o progresso do trabalho.

Os autores de As 4 quatro disciplinas da execução defendem que você baseie seu progresso em dois tipos de métricas: históricas e de direção.

De acordo com McChesney, medidas históricas são avaliações de seguimento da meta crucialmente importante. “Rendimentos, lucros, participação no mercado e satisfação do cliente são medidas históricas, o que significa que, quando as recebe, o desempenho que as impulsionou já se encontra no passado”, explica.

Por outro lado, medidas de direção avaliam os novos comportamentos que impulsionarão o sucesso das medidas históricas. “Uma boa medida de direção tem duas características básicas: é preditiva no alcance da meta e pode ser influenciada pelos membros da equipe”, pontua McChesney.

O especialista revela, ainda, que agir com base nas medidas de direção é um dos segredos pouco conhecidos da execução. “A maioria dos líderes, até mesmo alguns mais experientes, se concentra tanto nas medidas históricas que a disciplina de foco nas medidas de direção parece ser contraintuitiva. Não entenda mal. Medidas históricas são, no fim das contas, a sua meta de realização mais importante. Todavia, as medidas de direção, que fazem jus ao próprio nome, é que lhe permitirão atingir as metas históricas. Uma vez identificadas as suas medidas de direção, elas se tornarão as alavancas para o alcance de sua meta”, explica.

Na prática

Para simplificar o entendimento do conceito, McChesney utiliza como exemplo uma meta simples como a perda de peso. Enquanto a medida histórica é o número de quilos perdidos, duas medidas de direção poderiam ser um limite específico de calorias por dia e um número específico de horas de exercício físico por semana. Essas medidas de direção são preditivas porque ao implementá-las, você pode predizer o que a balança (medida histórica) lhe dirá na próxima semana, e são influenciáveis porque ambos comportamentos estão sob seu controle. Simples, não?

Disciplina número 3: Mantenha um placar envolvente

Metas definidas e indicadores estabelecidos, chega a hora de tornar a evolução do progresso visível a todos os envolvidos. Para isso, é preciso criar um placar envolvente. Isso porque, segundo os consultores da Franklin Covey, o nível mais alto de engajamento é observado quando as pessoas sabem se estão ganhando ou perdendo. “Jogar boliche com os olhos vendados pode ser engraçado no começo, mas se não puder ver os pinos tombarem, logo se tornará maçante, até mesmo se você gostar muito desse tipo de diversão”, revelam.

Nesse sentido, o placar precisa ser simples e de fácil compreensão (ou seja, os “jogadores” precisam conseguir determinar instantaneamente se estão vencendo ou perdendo ao observar o placar). Afinal, se ele não for claro, “o jogo que você deseja que as pessoas joguem será abandonado no redemoinho de outras atividades, e se sua equipe não souber se está ou não vencendo o jogo, provavelmente estará a caminho do fracasso”, conclui Chris McChesney.

Disciplina número 4: Crie uma cadência de responsabilidade

A última das disciplinas da execução, a cadência de responsabilidade, diz respeito ao acompanhamento de tudo que foi planejado e executado até aqui. É um ritmo de reuniões regulares e frequentes de toda equipe que possua uma meta crucialmente importante estabelecida e em vigor. Como os consultores da Franklin Covey destacam em sua obra, “essas reuniões acontecem pelo menos uma vez por semana e idealmente não duram mais do que 20 a 30 minutos. Nesse curto tempo, os membros da equipe se responsabilizam mutuamente pela produção de resultados apesar do redemoinho.

Nessas reuniões, o desempenho até o momento deve ser analisado e cada participante deverá sair com um ou dois compromissos que deverão cumprir até o próximo encontro. Esses compromissos deverão ser definidos pelos próprios participantes, não por seus líderes, pois esse sistema de responsabilização faz com que o comprometimento sobre a meta seja maior.

E depois?

Transformar as quatro disciplinas da execução em algo parte da rotina dos seus projetos e de suas obras é o que fará com que elas tragam os resultados que você almeja. Por isso, a partir de agora, sempre estabeleça uma meta crucialmente importante (ou no máximo duas), defina as medidas históricas e de correção que orientarão a avaliação da evolução dessas metas, crie um placar envolvente e desenvolva uma cadência de responsabilidade. O resto é consequência!

Gostou desse conceito e quer saber mais sobre ele? Não deixe de ler As quatro disciplinas da execução, livro que foi o ponto de partida da palestra ministrada por Chris McChesney no evento que nossa equipe de jornalismo acompanhou.

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