Conheça estratégias para lidar com as variações de custos na construção e tornar seu orçamento mais preciso e seguro
Recentemente, a Celere realizou a terceira edição do webinar INCORPOD, um evento que tem como objetivo entregar conteúdo de qualidade e trazer convidados de alto nível e ampla experiência para compartilhar conhecimento sobre o setor de construção e incorporação imobiliária.
No INCORPOD 3, Raphael Chelin, CEO da Celere, conversou com José Herbert Rocha de Almeida, engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Massai; e Fábio Nutini, arquiteto urbanista e diretor técnico da Construtora Mirman.
Durante o evento, os três debateram as principais descobertas de um estudo realizado pela Celere que vem acompanhando as variações de custos na construção desde a pandemia. O levantamento compara as oscilações indicadas pelo INCC e o que as construtoras sentiram na prática em termos de mudanças nos preços de insumos e serviços.
Saiba mais a seguir, e conheça as lições e os aprendizados compartilhados pelos especialistas que podem te ajudar a desenvolver orçamentos mais precisos e alinhados ao mercado este ano e além.
Variações de custos: INCC x impacto real no setor
O estudo desenvolvido pela Celere analisou as variações de custos de 2019 até 2023. Na análise, considerou-se o impacto da pandemia nos custos de construção e nos mais de 150 projetos orçados pelo time da construtech em comparação com o INCC. Além disso, verificou-se a variação dos custos dos projetos e a variação dos custos por item.
Principais descobertas
Em 2020, os números da Celere apresentaram 10% de variação, superior aos 5% do INCC. Já em 2023, as variações começaram a sinalizar um avanço para uma normalidade, com os números da Celere e do INCC ficando mais alinhados.
O levantamento mostrou ainda que os preços de materiais de construção apresentaram variações significativas ao longo de 2023, com alguns produtos diminuindo de preço em comparação com o ano anterior.
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Impactos da pandemia nos orçamentos de obras
O impacto da pandemia nos custos da construção foi considerável. Houve, por exemplo, escassez de materiais, o que levou a variações de preços.
José Herbert Rocha de Almeida, engenheiro civil e sócio-diretor da Construtora Massai, comenta que o ano de 2020 foi o mais desafiador nesse sentido.
“Sentimos os efeitos da pandemia nos custos de construção de maneira ampla. O aumento do INCC, por exemplo, impactou diretamente os custos para os clientes, resultando em aumentos nos extratos que muitas vezes excederam o inicialmente previsto. Isso exigiu de nós uma grande habilidade para manter os clientes, evitando que desistissem de seus compromissos devido aos ajustes financeiros necessários”, relembra.
Fábio Nutini, arquiteto urbanista e diretor técnico da Construtora Mirman, ressalta que a empresa foi fortemente impactada porque grande parte dos projetos estava em fase de estruturação e tinha alta demanda de alguns dos materiais que sofreram mais inflação de preço.
“Durante este período, enfrentamos as maiores flutuações de preço, especialmente no aço e na madeira. O custo do aço aumentou até 77%, enquanto o da madeira variou entre 58% e 60% em um determinado momento, impactando-nos no meio da execução das estruturas de concreto. A gente sofreu bastante para fazer ajustes e mitigar as variações, antecipando compras e mantendo um controle rigoroso da produção”, conta.
Estratégias para lidar com variações de custos na construção
Fábio e Herbert compartilharam algumas das estratégias que adotaram para mitigar o aumento dos custos de construção, sem prejudicar a viabilidade dos projetos em andamento. Entre elas, destacam-se:
#1 Antecipação de compras
Durante a pandemia, muitas construtoras adotaram a antecipação de compras como uma estratégia crucial para lidar com o impacto substancial nos custos de construção.
Herbert conta que o aumento exorbitante nos preços de insumos críticos levou a Massai a adotar medidas proativas para minimizar o impacto financeiro dessas variações de custos. Para se ter uma ideia, o aço, por exemplo, chegou a encarecer até 200%.
Nesse contexto, a antecipação de compras não foi apenas uma medida de mitigação, mas uma necessidade para garantir a continuidade dos projetos e evitar atrasos significativos ou aumentos de custos que não pudessem ser repassados aos produtos.
“Diante da tendência de aumento progressivo nos preços mês a mês, realizamos a antecipação das compras como uma estratégia para minimizar o impacto dos custos. Assim, antecipamos as aquisições de materiais para atenuar esses efeitos e reduzir o impacto financeiro no projeto como um todo”, conta.
#2 Controle de custos e comunicação transparente
Fábio conta que a Mirman implementou um modelo financeiro fundamentado no custo real do projeto, permitindo a contribuição financeira dos investidores ao longo da construção. Essa estratégia assegurou uma administração financeira ao longo da pandemia, mesmo diante das flutuações de custo e das condições atípicas do mercado.
No período mais crítico, a empresa priorizou a transparência com seus investidores, comunicando-se regularmente por meio de relatórios e encontros presenciais quando necessário. Essa tática reforçou a confiança e compreensão dos stakeholders em relação aos desafios e às ações tomadas pela empresa.
“Visando manter os investidores informados e corrigir os custos durante o período da obra, realizamos uma previsão futura das diferenças nos custos, devido às variações no mercado. Além disso, mantivemos um controle mensal de produção e custos, equilibrando e balizando os orçamentos previamente estabelecidos. Por fim, a manutenção de um controle rigoroso da produção e dos números foi essencial para equilibrar os orçamentos previstos e lidar com as variações nos custos”, ressalta o diretor técnico da Construtora Mirman.
#3 Calma
Por fim, os especialistas ressaltaram a importância de manter a calma e a confiança diante das variações de custos ao longo do tempo.
“A confiança na capacidade de estabilizar – e eventualmente compensar – essas diferenças foi fundamental para superar os desafios apresentados pelas variações nos custos da construção. Havia a compreensão de que poderíamos ultrapassar ligeiramente o orçamento previsto para a estrutura, o que representa uma fração significativa do custo total. Porém, já estávamos implementando medidas de economia durante a fase de acabamento e finalização da obra para compensar no custo médio”, indica Fábio.
Nessa linha, Herbert acrescenta que é importante ter calma também durante a recuperação do mercado, quando muitos dos preços começam a cair. Ele aconselha não ir ‘com muita sede ao pote’ e ter um posicionamento mais estratégico de compra.
“Diante da tendência de queda, precisamos estar atentos para adotar uma abordagem cautelosa, segurando um pouco antes de agir precipitadamente no mercado. Devemos observar se essa tendência de redução persiste para, assim, evitar uma corrida desenfreada por compras. Manter o equilíbrio e responder adequadamente às flutuações é essencial”, frisa.
Lições aprendidas durante a pandemia
Durante o webinar, os especialistas enumeraram os principais aprendizados gerados pelas grandes alterações de preços de materiais e serviços de construção que aconteceram durante a pandemia. São eles:
- É importante controlar cada etapa da obra.
- É preciso ter foco em manter o orçamento dentro do previsto (R$/m2).
- Ter processos de controle da produção faz toda a diferença.
- É fundamental implantar um bom sistema de gestão dentro do canteiro (ferramentas, pessoas e processos).
- Antecipe-se ao problema: faça avaliação de performance e gestão de riscos para adotar contingências e corrigir rotas.
Quer saber mais sobre as variações de custos na construção nos últimos anos?O estudo desenvolvido pela Celere analisa flutuações de custos na construção e revela como entender essas variações pode ajudar a tornar orçamentos de obras mais eficientes e os projetos mais lucrativos. Em breve, ele estará disponível para download aqui. Fique de olho para não perder. |