Entenda o que influenciou o resultado do PIB da construção e confira outras notícias que marcaram setembro
Entre as principais notícias do mercado da construção civil este mês estão:
- Confiança da indústria de construção cresce dois pontos em setembro
- PIB da construção cresce 3,5% no segundo trimestre de 2024
- Indústria de materiais de construção cresce 6,8% em agosto e Abramat mantém projeção de alta para 2024
- Índice de construção civil sobe 0,63% em agosto e alcança recorde anual
- CUB acumula alta de 3,08% nos últimos 12 meses em São Paulo
A seguir, entenda os detalhes de tudo isso e descubra qual história A Economia B reservou para nos contar.
Confiança da indústria de construção cresce dois pontos em setembro
Segundo a Sondagem Indústria da Construção, pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção subiu dois pontos em setembro em relação a agosto, atingindo 53,3 pontos.
Esse aumento reflete uma visão menos negativa sobre a economia brasileira e uma melhora nas expectativas para os próximos meses.
O ICEI da Construção é composto por dois subíndices: o de Condições Atuais e o de Expectativas.
Em setembro, o índice de Condições Atuais melhorou, subiu de 47,4 pontos para 48,8 pontos. Ou seja, apesar da alta, o índice segue abaixo da linha divisória, o que revela que os empresários percebem uma situação atual pior que a dos últimos seis meses. Já o índice de Expectativas subiu de 53,3 para 55,5 pontos. Com essa alta, o índice se afasta da linha divisória, o que revela maior otimismo dos empresários
Além disso, a Sondagem da Indústria da Construção também apontou que, em agosto, os índices de atividade e emprego mostraram estabilidade.
O nível de atividade ficou em 49,7 pontos, muito próximo da linha de 50 que indica estabilidade. O setor de Obras de Infraestrutura teve um desempenho positivo, com aumento na atividade, enquanto os setores de Construção de Edifícios e Serviços Especializados apresentaram leve recuo.
Em termos de emprego, o índice de evolução do número de empregados foi de 50,1 pontos, indicando estabilidade no mercado de trabalho. Novamente, o segmento de Obras de Infraestrutura se destacou com crescimento, enquanto os demais setores mostraram estabilidade ou leve queda no número de trabalhadores.
Apesar do cenário estável, a intenção de investimento dos empresários da construção recuou pelo segundo mês consecutivo, caindo para 43,9 pontos em setembro. No entanto, o índice ainda está acima da média histórica, sinalizando que, embora a intenção tenha diminuído, os níveis de investimento continuam relativamente altos.
PIB da construção cresce 3,5% no segundo trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil cresceu 3,5% no segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, quando havia registrado uma queda de 0,5%. Em comparação com o segundo trimestre de 2023, o setor cresceu 4,4%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento da atividade e do emprego no setor foram fatores que contribuíram para esse desempenho positivo.
Segundo Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, todos os segmentos da construção mostraram maior atividade, com destaque para a geração de empregos, que impulsionou o consumo de insumos do setor. Além disso, o crescimento do PIB acumulado em quatro trimestres até junho foi de 0,6%, mostrando uma recuperação gradual.
Inclusive, o bom desempenho da construção civil, aliado ao cenário econômico mais favorável, fez com que a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisasse suas projeções de crescimento do setor para 2024, elevando a expectativa de 2,3% para 3,0%.
O mercado de trabalho resiliente e as novas condições do Programa Minha Casa, Minha Vida são apontados como fatores-chave para essa melhora.
Indústria de materiais de construção cresce 6,8% em agosto e Abramat mantém projeção de alta para 2024
A indústria de materiais de construção teve um bom desempenho em agosto, com crescimento de 6,8% no faturamento em comparação ao mesmo período de 2023, segundo a Abramat. No acumulado de janeiro a agosto de 2024, o setor cresceu 4,4%, mantendo a previsão de alta de 3% para o ano.
Houve uma leve queda de 0,8% em relação a julho, o que, segundo Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, é uma oscilação natural dentro de um cenário de crescimento sustentável.
A nova edição do Termômetro da Indústria de Materiais de Construção também revelou que 52% das empresas consideraram agosto um mês bom e 4% classificaram como muito bom. Já os materiais básicos e de acabamento cresceram 5% e 9,9%, respectivamente, em relação a agosto do ano passado. A capacidade instalada foi mantida em 77%, mesmo valor de julho e 8 pontos percentuais acima de agosto de 2023.
As expectativas para setembro são otimistas, com 65% das empresas esperando bons resultados e 65% dos associados também planejam investir nos próximos 12 meses. Para Navarro, os resultados reforçam um cenário de crescimento gradual e consolidado no setor de materiais de construção.
Índice de construção civil sobe 0,63% em agosto e alcança recorde anual
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo IBGE, apresentou variação de 0,63% em agosto, o maior índice desde agosto de 2022. O aumento é de 0,23 ponto percentual em relação a julho e eleva o acumulado dos últimos 12 meses para 3,12%. O custo da construção por metro quadrado subiu para R$ 1.767,09, sendo R$ 1.014,31 referentes aos materiais e R$ 752,78 à mão de obra.
A parcela de materiais registrou alta de 0,50% em agosto, maior variação desde outubro de 2022, enquanto a mão de obra teve um aumento de 0,81%, influenciada por dois acordos coletivos. O Sul do país foi a região com maior variação, com destaque para o Paraná, que registrou uma alta de 2,84%.
No acumulado de janeiro a agosto de 2024, os materiais subiram 1,26% e a mão de obra, 4,49%. Em 12 meses, os acumulados ficaram em 1,41% para materiais e 5,53% para mão de obra, consolidando um cenário de alta nos custos da construção civil.
CUB acumula alta de 3,08% nos últimos 12 meses em São Paulo
O Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil em São Paulo teve alta de 0,35% em agosto de 2024, acumulando 3,08% nos últimos 12 meses, segundo dados do SindusCon-SP e da FGV. Em 2024, o índice acumula variação positiva de 3,06%. Indicador essencial para o setor, o CUB, alcançou R$ 2.017,89 por metro quadrado, refletindo as variações nos custos de materiais e mão de obra utilizados pelas construtoras.
- A variação nos custos administrativos, como os salários dos engenheiros, foi de 0,27% em agosto, com alta acumulada de 3,17% em 12 meses.
- Já os custos da mão de obra tiveram uma alta de 0,25% no mês, acumulando variação de 3,80% no mesmo período.
- Entre os materiais, a alta foi de 0,50%, levando a um acumulado de 2,09% nos últimos 12 meses.
Alguns insumos, como a tinta látex PVA e o aço CA-50, tiveram variações acima do IGP-M, contribuindo para o aumento geral dos custos. Nas obras com desoneração da folha de pagamentos, o CUB registrou alta de 0,36% em agosto, com o custo médio da construção paulista atingindo R$ 1.881,33 por metro quadrado.
Empresa da Namíbia constrói casa com blocos feitos de resíduos agrícolas
Senta que lá vem uma história daquelas que fazem o cérebro “explodir”…
A Namíbia enfrenta diversas dificuldades econômicas, sociais e ambientais.
Para começar, nos campos social e econômico, como se não bastasse o déficit de moradias, quase 90% das famílias ganham menos de N$ 2.700 (US$ 144,69) por mês – e, portanto, nem se quisessem conseguiriam comprar uma casa.
Além disso, como conta esta reportagem do jornal britânico The Guardian, “ervas daninhas” estão lentamente invadindo as regiões agrícolas namibianas, “afetando a recarga de águas subterrâneas em um país onde a chuva é um recurso precioso”.
A ideia do governo era queimar 300 milhões de toneladas de arbustos invasores a cada 15 anos para mitigar seus impactos ambientais e produzir carvão para lucro. Mas, como você deve imaginar, isso está aumentando as emissões de dióxido de carbono do país, o que é uma péssima ideia em um contexto de emergência climática.
É aí que entra a solução desenvolvida pelo MycoHAB, fundação que utiliza a tecnologia de micélio (o sistema de “raízes” dos cogumelos) para criar materiais de construção sustentáveis, promover a segurança alimentar, gerar empregos e fomentar um ecossistema carbono-negativo.
Em resumo, em vez de queimar os arbustos, o MycoHAB os tritura e os usa como substrato para cultivar cogumelos. “Quando totalmente crescidos, os cogumelos são vendidos para varejistas locais, e o resíduo restante é comprimido e assado, transformando-se em materiais de construção chamados micoblocos, com cada placa sendo feita de cerca de 10 kg de arbustos”, explica a reportagem do The Guardian.
Para entender melhor essa história e se inspirar a pensar em diferentes formas de construir, dê o play no vídeo abaixo. Nele, você vai conhecer o processo de construção da BioHAB (o projeto piloto da MycoHAB na Namíbia) – e, porque não, do futuro.
Apesar de o vídeo estar em inglês e ter legenda no mesmo idioma, é possível acionar a transcrição simultânea para português.
“O BioHAB cria empregos, alimentos e abrigo, enquanto inspira a indústria da construção a usar materiais mais sustentáveis, passando de emissora de carbono a armazenadora de carbono”, diz Christopher Maurer, arquiteto responsável pelo projeto neste vídeo (que também vale o play).
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso na prática.