Juros altos e pressão de custos desafiam construção civil, enquanto programas habitacionais e investimentos privados indicam oportunidades
A construção civil no Brasil espera que 2025 seja um ano de ajustes e desafios, mas também de novas oportunidades. As cinco notícias abaixo destacam os principais fatores que devem moldar o cenário:
- CBIC projeta crescimento de 2,3% em 2025
- Vendas de imóveis novos crescem 21,5% em 2024, impulsionadas pelo Minha Casa Minha Vida
- Indústria de materiais de construção encerra 2024 com crescimento e otimismo para 2025
- Custo da construção sobe 0,51% em dezembro e acumula alta de 6,34% em 2024
- Confiança da construção sobe em dezembro e projeta melhora para 2025
E mais: A Economia B volta para o Giro de Notícias e apresenta uma startup que transforma restos de alimentos em cimento sustentável (e comestível!).
Boa leitura!
CBIC projeta crescimento de 2,3% para a construção civil em 2025
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê um crescimento de 2,3% no PIB da construção em 2025. Essa previsão sinaliza uma desaceleração em comparação com a projeção de expansão de 4,1% em 2024.
De acordo com Ieda Vasconcelos, economista da entidade, a inflação e as taxas de juros elevadas, que devem chegar a 14,25% no primeiro trimestre, pressionam tanto o financiamento habitacional quanto os novos lançamentos. Além disso, o cenário é agravado por incertezas internacionais, como os conflitos geopolíticos e a volatilidade das commodities.
Renato Correa, presidente da CBIC, destaca que o programa “Minha Casa, Minha Vida” deve ganhar protagonismo no cenário habitacional, embora seja necessário ajustar os tetos de preços para acompanhar a alta nos custos de materiais, mão de obra e juros.
Por fim, os investimentos em infraestrutura permanecem como um ponto positivo, impulsionados pelo setor privado. No entanto, incertezas pairam sobre os aportes públicos.
O setor da construção civil, portanto, encara 2025 como um ano de ajustes e desafios, mas também de oportunidades pontuais para inovação e sustentabilidade.
Vendas de imóveis novos crescem 21,5% em 2024, impulsionadas pelo Minha Casa Minha Vida
As vendas de imóveis novos no Brasil aumentaram 21,5% entre janeiro e outubro de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo o indicador ABRAINC-FIPE.
O programa Minha Casa Minha Vida foi o principal destaque, com crescimento de 26,1% no número de unidades vendidas e 33% no volume de lançamentos, graças a ajustes governamentais que ampliaram subsídios e incentivaram empresas a investir no segmento.
O segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) também apresentou resultados positivos, com alta de 3,8% nas vendas e 23,7% no valor total comercializado, além de um crescimento de 13,6% nos lançamentos.
Além disso, apesar do impacto de uma nova alta na taxa Selic, o setor imobiliário mostrou resiliência e foi responsável por 11% dos empregos formais gerados no Brasil em 2024.
Segundo Luiz França, presidente da Abrainc, o setor tem potencial para crescer acima do PIB em 2025. Contudo, França também alerta para a necessidade de juros mais baixos e responsabilidade fiscal para garantir a sustentabilidade do mercado. O bônus demográfico e a alta intenção de compra dos brasileiros são fatores que podem continuar impulsionando o setor nos próximos anos.
Indústria de materiais de construção encerra 2024 com crescimento e otimismo para 2025
As indústrias de materiais de construção no Brasil fecharam 2024 com resultados positivos, aponta o Termômetro da Indústria de Materiais de Construção, levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Em dezembro, 44% dos associados avaliaram o desempenho como bom e 11% como muito bom. Já 28% consideraram o mês regular, enquanto 17% classificaram as vendas como ruins.
Para janeiro de 2025, a perspectiva é de estabilidade, com 33% dos associados esperando um desempenho regular e 44% projetando bons resultados. Além disso, 17% acreditam em um mês muito bom, enquanto apenas 6% esperam vendas ruins. O otimismo se reflete também na intenção de investimentos: 83% das empresas planejam investir nos próximos 12 meses, um aumento significativo em relação aos 62% registrados no início de 2024.
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria ficou em 79%, levemente abaixo do último estudo, mas superior aos números de 2023.
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, destaca a resiliência do setor, que deve continuar sendo um pilar na geração de empregos e renda no Brasil. Segundo ele, o aumento na intenção de investimentos demonstra a confiança das empresas em um crescimento sustentável em 2025.
Navarro acredita que o setor deve se consolidar como um dos motores da economia nacional. Para o presidente da Abramat, os resultados refletem o dinamismo e a confiança em um mercado mais favorável nos próximos meses, reforçando o papel estratégico da construção civil na atração de investimentos e desenvolvimento econômico do país.
Custo da construção sobe 0,51% em dezembro e acumula alta de 6,34% em 2024
O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou alta de 0,51% em dezembro e acumulou um avanço de 6,34% em 2024.
Esse resultado, impulsionado principalmente pelos preços de materiais e equipamentos (que subiram 0,57% em dezembro, com destaque para o subgrupo “materiais para instalação”, cuja variação saltou de 0,66% para 1,51%), representa um aumento expressivo frente a 2023, quando o índice acumulou 3,32%.
No entanto, o setor de serviços apresentou desaceleração, com uma queda de 0,25% em dezembro, reflexo da redução na “conta de energia”, que registrou variação de -4,92%. A mão de obra, por sua vez, teve uma leve desaceleração, com o índice caindo de 0,54% em novembro para 0,53% em dezembro, indicando estabilidade nos custos laborais.
O comportamento do INCC-M variou entre as capitais brasileiras. Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo tiveram aceleração nos custos de construção, enquanto Salvador, Recife e Porto Alegre registraram desaceleração.
O avanço no custo da construção reflete os desafios do setor, que segue monitorando os insumos e os serviços para garantir a viabilidade de projetos em 2025.
Confiança da construção sobe em dezembro e projeta melhora para 2025
O Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pelo FGV IBRE, registrou alta de 0,9 ponto em dezembro, alcançando 96,6 pontos. A alta foi impulsionada tanto pela percepção de melhora no momento atual quanto por perspectivas positivas para os próximos meses.
O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,3 ponto, atingindo 95,8 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-CST) avançou 1,5 ponto, chegando a 97,6 pontos. Destaque para o indicador de demanda prevista, que cresceu 2,6 pontos, alcançando 100,7 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) da Construção apresentou variações moderadas, fechando dezembro em 78,9%. Enquanto a utilização de mão de obra recuou 0,1 ponto percentual, para 80,3%, o uso de máquinas e equipamentos subiu 0,4 ponto percentual, atingindo 73,6%. Esses indicadores reforçam a expectativa de um crescimento sustentável para o setor em 2025.
Startup transforma restos de comida em cimento sustentável
Por A Economia B*, com informações de Fabula Inc. e DirectIndustry
Você já imaginou transformar restos de comida em materiais de construção sustentáveis? Pois essa é a proposta da Fabula, startup fundada pelos pesquisadores Kota Machida e Yuya Sakai, da Universidade de Tóquio, no Japão.
A dupla desenvolveu um método inovador para produzir um tipo de cimento biodegradável que pode ser usado na construção civil e também na fabricação de objetos como móveis e decorações.
O processo é simples: os restos de comida são secos, triturados e transformados em pó. Em seguida, são prensados a quente em moldes, sem a necessidade de aditivos plásticos. Ajustando a temperatura e a pressão, é possível criar materiais com diferentes cores, texturas e até aromas.
Entre os resíduos testados com sucesso estão borra de café, cascas de banana e laranja e repolho chinês. Este último, inclusive, resultou em um material quatro vezes mais resistente que o concreto tradicional. “Uma placa fina de 5 mm pode suportar até 30 kg”, explicam os criadores em seu site.
A invenção surge como uma resposta criativa a dois grandes problemas globais: o desperdício de alimentos e a poluição gerada pela indústria da construção civil. De acordo com a ONU, mais de 1 bilhão de refeições são desperdiçadas diariamente no mundo, enquanto o cimento tradicional é responsável por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Interessante, não?
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso na prática.