Chegou o Giro de Notícias, nosso post que traz os dados e as novidades que movimentaram a construção no mês que está chegando ao fim. Fique por dentro e saia na frente!
Este mês, trazemos os detalhes das seguintes manchetes:
- Indústria da construção contribuirá com quase R$ 800 bilhões na economia brasileira até 2026;
- Retomada do Minha Casa, Minha Vida impulsiona venda de imóveis;
- Empresários consideram taxa de juros elevada o principal problema da construção;
- Burocracia traz prejuízo financeiro e atraso nas obras do setor de construção;
- Confiança do empresário da indústria da construção cai pelo segundo mês consecutivo;
- Primeiro tijolo carbono-negativo do mundo será produzido em 2024.
Indústria da construção contribuirá com quase R$ 800 bilhões na economia brasileira até 2026
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) prevê que a indústria da construção contribuirá com R$ 796,4 bilhões para a economia brasileira até 2026.
Esse montante inclui R$ 663,6 bilhões em investimentos em habitação e infraestrutura e R$ 132,8 bilhões relacionados à demanda por insumos na cadeia produtiva. Segundo o estudo, esse valor será distribuído da seguinte forma entre as regiões:
- Sudeste receberá o maior volume de recursos – R$ 233,17 bilhões;
- Nordeste receberá R$ 204,13 bilhões;
- Norte ficará com R$ 85,60 bilhões;
- Centro-Oeste, R$ 73,33 bilhões;
- Sul, R$ 67,35 bilhões.
No setor de habitação está previsto um investimento de R$ 316,7 bilhões, principalmente relacionado ao programa Minha Casa, Minha Vida.
Quanto à infraestrutura, os investimentos planejados abrangem rodovias, ferrovias e saneamento, totalizando R$ 346,9 bilhões nos próximos anos (2023-2026). Isso inclui também investimentos significativos na cadeia produtiva, como R$ 28,48 bilhões no setor de minerais não metálicos e R$ 18,31 bilhões na metalurgia.
A perspectiva é de que esses investimentos impulsionem o crescimento do setor da construção civil em todo o Brasil, reduzindo déficits habitacionais e de infraestrutura. Além disso, esses investimentos têm o potencial de beneficiar toda a cadeia produtiva da construção e de gerar 2,4 milhões de empregos anualmente durante a execução das obras planejadas.
Retomada do Minha Casa, Minha Vida impulsiona venda de imóveis
De acordo com o indicador ABRAINC-FIPE divulgado no dia 19 de outubro, as vendas de imóveis no Brasil aumentaram 14,4% nos sete primeiros meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.
O segmento de habitações populares impulsionou esse resultado, registrando um aumento de 18,3% e totalizando R$ 11,9 bilhões em transações. A retomada do programa Minha Casa, Minha Vida foi um fator-chave para esse crescimento.
Além disso, o segmento de imóveis de Médio e Alto Padrão (MAP) também teve um desempenho positivo, com um aumento de 15,1% no período, resultando em um total de R$ 10,7 bilhões entre as incorporadoras pesquisadas.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) sugere que esse resultado positivo é impulsionado pelo interesse dos compradores que buscam adquirir ativos imobiliários com a expectativa de valorização futura. Luiz França, presidente da instituição, enfatiza que o mercado imobiliário desempenha um papel significativo na economia brasileira, com altas acima de 10% em todos os segmentos analisados, demonstrando sua solidez e seu potencial de crescimento, geração de empregos e investimentos.
Empresários consideram taxa de juros elevada o principal problema da construção
Há um ano, a taxa de juros elevada se tornou o principal problema para os empresários da construção. No entanto, a nova pesquisa da Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que o nível dessa preocupação caiu no terceiro trimestre deste ano, ficando em 32,7% – possivelmente devido ao otimismo em relação aos cortes na taxa básica de juros (Selic).
A elevada carga tributária é o segundo problema mais destacado por empresários do setor, seguido da falta de trabalhadores qualificados, que tem aumentado nos últimos dois anos.
A pesquisa aponta ainda que a indústria da construção viu uma queda no nível de atividade e emprego em setembro e que por mais que as condições financeiras tenham melhorado, os empresários ainda expressam insatisfação com a situação financeira, margens de lucro e acesso ao crédito.
A Sondagem Indústria da Construção é uma pesquisa da CNI que analisa a atividade e as expectativas dos empresários do setor mensalmente. Para essa pesquisa, foram entrevistadas cerca de 340 empresas de todos os tamanhos, em parceria com federações de indústria e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Burocracia traz prejuízo financeiro e atraso nas obras do setor de construção
Um estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) revelou que a burocracia no setor de construção no Brasil pode resultar em perdas de até R$ 59,1 bilhões para empresas e o governo até 2025.
Isso representa:
- 8% do total de investimentos previstos no período;
- Custo adicional para as empresas;
- Aumento de cerca de 7% no preço final das casas para os consumidores.
Além disso, 12% dos custos de construção estão relacionados aos atrasos no processo.
O estudo foi conduzido pela Deloitte e contou com a participação de 40 executivos das maiores empresas de construção no Brasil, abrangendo Construção Imobiliária e Infraestrutura.
Em relação ao setor de Construção Imobiliária, 74% dos entrevistados apontam que o maior problema é o tempo necessário para a aprovação de documentos pelas prefeituras, devido à falta de previsibilidade, planejamento e revisões frequentes. No setor de Infraestrutura, em que a espera pode chegar a sete anos, 78% consideram o prazo demorado nos órgãos públicos como o maior obstáculo.
Outros desafios destacados incluem insegurança jurídica, devido a legislações pouco claras, falta de alinhamento entre órgãos públicos e lentidão nos procedimentos de regularização. A paralisação de obras devido a atrasos na aprovação é uma preocupação significativa.
O estudo também ressalta que a transformação digital pode ser uma solução para agilizar os processos burocráticos. Cerca de 33% das organizações relataram melhorias significativas no tempo de aprovação ao adotar processos totalmente digitais. No entanto, 26% acreditam que a digitalização ainda não reduziu a burocracia, devido à quantidade elevada de etapas e documentos.
No geral, a burocracia na construção no Brasil tem um custo significativo, e a adoção de tecnologias digitais pode ser uma solução para melhorar a eficiência e reduzir perdas.
O relatório completo está disponível aqui.
Confiança do empresário da indústria da construção cai pelo segundo mês consecutivo
O Índice de Confiança do Empresário (ICEI) da indústria da construção registrou recuo de 0,4 ponto em outubro, passando para 52,7 pontos. Essa é a segunda queda consecutiva do ICEI, indicando confiança menos intensa e disseminada no mês.
Ao longo de 2023, porém, o indicador situou-se acima ou sobre a linha divisória dos 50 pontos em todos os meses, com exceção de janeiro. Esse é o marcador que separa a confiança da falta de confiança.
No que diz respeito aos componentes do ICEI:
O Índice de Condições Atuais continua abaixo da linha divisória dos 50 pontos. Esse é o indicador que mensura a percepção dos empresários da construção em relação às condições correntes de seus negócios. Esse resultado indica uma avaliação negativa das condições correntes.
Além disso, o Índice de Condições Atuais foi de 47,8 pontos, recuo 0,8 ponto frente a setembro.
Por fim, o Índice de Expectativas, que mede as expectativas dos empresários para os próximos seis meses, foi de 55,1 pontos. Isso representa um recuo de 0,3 ponto em relação a setembro.
Esse resultado reflete expectativas ligeiramente menos positivas com relação aos próximos seis meses.
Primeiro tijolo carbono-negativo do mundo será produzido em 2024
Por A Economia B*
De acordo com o Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA), os materiais de construção respondem por aproximadamente 9% de todas as emissões de CO2. Já segundo a ONU-Habitat, até 2030, o mundo precisa construir 96 mil novas moradias todos os dias para atender à estimativa de 3 bilhões de pessoas que buscam habitações acessíveis.
Ou seja, existem dois grandes desafios que precisam ser equilibrados, e eles passam pela revisão dos processos produtivos da construção civil.
Falando especificamente sobre tijolos, quando produzidos em larga escala, esses materiais são assados em fornos a gás a temperaturas superiores a 1000°C. Esse é um processo altamente intensivo em energia, com emissões substanciais de CO2.
Sabendo disso e pensando em ajudar a amenizar o impacto da construção no meio ambiente, a Vandersanden, um dos maiores produtores de tijolos da Europa, está produzindo um tijolo carbono-negativo.
Ao invés de serem assados em fornos, os tijolos Pirrouet são curados em câmaras climáticas herméticas, preenchidas com CO2, por 48 horas. Usando resíduos da indústria do aço e apenas 20% de matérias-primas primárias, os tijolos são fabricados através de um processo no qual o dióxido de carbono é permanentemente ligado ao cálcio. Por tonelada métrica de tijolos, 60 kg de CO2 são capturados e armazenados.
Enquanto outros fabricantes introduziram blocos de construção carbono-negativos, o Pirrouet será o primeiro do mundo a igualar os tijolos de argila tradicionais em forma e função.
A nova fábrica da Vandersanden está atualmente em construção, programada para lançar sua primeira leva de tijolos no início de 2024. A maior parte da energia necessária para a produção será gerada por uma turbina eólica e painéis solares no local.
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, nós entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso, na prática.