Alta nos juros não abala desempenho das incorporadoras brasileiras. Confira os detalhes dessa e de outras notícias relevantes para o setor de construção
Todo fim de mês nossa equipe se reúne para analisar os principais fatos que movimentaram o mercado nas últimas semanas e organizar o Giro de Notícias, artigo que deixa você informado sobre o que aconteceu de mais importante na construção.
Em outubro, destacamos as seguintes manchetes:
- Incorporadoras expandem lançamentos e vendas no 3º trimestre, mesmo com alta nos juros
- Abramat eleva previsão de crescimento do setor de materiais de construção
- Vendas de cimento crescem 10,4% em setembro, mostrando que setor segue em alta
- Custo da Construção Civil tem alta de 0,35% em setembro, com região Nordeste em destaque
- CUB acumula alta de 3,47% no ano
Além disso, A Economia B conta que a Hype Empreendimentos – parceira da Celere – é a primeira empresa do Brasil a conquistar o selo GBC Biodiversidade.
Boa leitura!
Leia também: A importância da base de dados qualificada para atuar em novos mercados
Incorporadoras expandem lançamentos e vendas no 3º trimestre, mesmo com alta nos juros
Um levantamento realizado pelo jornal Valor Econômico apontou que as incorporadoras brasileiras com capital aberto que divulgaram prévias operacionais apresentaram um crescimento expressivo em lançamentos e vendas no terceiro trimestre.
O estudo destaca que os lançamentos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) cresceram 73% e as vendas, 54%. Esse desempenho positivo reflete a força do programa habitacional, que atrai incentivos e facilita o crescimento, mesmo em meio a um cenário econômico com taxas de juros elevadas.
Inclusive, todas as principais incorporadoras listadas do MCMV (Cury, Direcional, Plano&Plano, Tenda e MRV) tiveram desempenho considerado muito positivo. Além da força do programa, houve contratações do Pode Entrar, política paulistana da qual só não participa a Cury.
As empresas que atuam no segmento de média e alta renda tiveram alta de 56% nos lançamentos e 50% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado.
Empresas que se destacaram
Impulsionada por estratégias eficazes de precificação e força de vendas, a Cyrela vendeu rapidamente 62% de seus lançamentos do trimestre.
A EZTec teve prévia considerada positiva, com bom desempenho do lançamento Alto das Nações. Porém, na visão de Ygor Altero, analista-chefe de real estate da XP que foi entrevistado pelo jornal, o volume de vendas ainda não acompanha o tamanho da companhia – que tem R$ 2,8 bilhões em unidades em estoque, dos quais 25% já foram entregues.
A Even, que não lançou no período, teve vendas do seu grande projeto do ano (Faena) consideradas fracas por Fanny Oreng, responsável pelas análises de real estate do Santander.
No Nordeste, a incorporadora Moura Dubeux se destacou, mantendo crescimento e geração de caixa, sem grandes concorrentes regionais.
O que influenciou o mercado
O financiamento imobiliário, essencial para o setor, teve um crescimento de 15% no ano, alcançando R$ 90,1 bilhões.
No entanto, a Caixa anunciou restrições para novos financiamentos, limitando-os a imóveis de até R$ 1,5 milhão e aumentando as exigências de entrada. Essa medida não afeta imóveis financiados pela própria Caixa, mas aponta para a necessidade de alternativas no funding para garantir a continuidade do setor.
O FGTS, que abastece o MCMV, segue com orçamento confortável para os próximos dois anos, mas a continuidade do funding a longo prazo ainda é uma questão estratégica importante para o setor.
Abramat eleva previsão de crescimento do setor de materiais de construção
A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) revisou a previsão de crescimento para o setor em 2024, aumentando a projeção de 3% para 4,5%, com base em dados da FGV.
Esse ajuste reflete o desempenho positivo do setor nos últimos meses. Em setembro, houve um crescimento de 1,7% no faturamento deflacionado em comparação a agosto e um salto de 10,3% em relação a setembro de 2023.
Na análise por segmentos, os materiais de base e de acabamento demonstraram expansão significativa. As vendas de materiais de base aumentaram 8,3% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as de acabamento tiveram alta de 13,5%. Comparado a agosto, os materiais de base cresceram 2%, e os de acabamento subiram 1,4%, reforçando o cenário otimista para o setor.
Segundo Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, fatores como o aumento das reformas residenciais, a retomada do mercado imobiliário e a demanda por projetos de infraestrutura têm sido fundamentais para esse crescimento. Ele acredita que a indústria de materiais de construção continuará a se beneficiar desse aquecimento, gerando ainda mais oportunidades até o fim do ano.
Vendas de cimento crescem 10,4% em setembro, mostrando que setor segue em alta
Em setembro, 5,8 milhões de toneladas de cimento foram vendidas no Brasil, um aumento de 10,4% em relação ao mesmo mês de 2023. O acumulado dos nove primeiros meses do ano soma 48,7 milhões de toneladas, uma alta de 3,8% comparado ao mesmo período do ano passado.
Segundo o SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), esse crescimento reflete a continuidade da demanda, impulsionada pelo aquecimento do setor imobiliário e pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Porém, apesar do cenário positivo, o mercado enfrenta desafios…
A inflação, as restrições de crédito e o endividamento das famílias estão entre os fatores que afetam o consumo e a confiança dos consumidores. Além disso, a elevação da taxa de juros e as incertezas fiscais influenciam a expectativa dos empresários de construção civil, especialmente nos setores de infraestrutura e edificações residenciais. A participação do crédito imobiliário no PIB também vem desacelerando devido ao esgotamento da poupança como recurso para financiamentos.
Para 2024, o SNIC projeta um crescimento de 2,8% nas vendas, atingindo 64 milhões de toneladas – valor ainda distante do recorde de 73 milhões de toneladas de 2014.
Paulo Camillo Penna, presidente do sindicato, avalia que esse resultado deverá recuperar parte das perdas de consumo observadas entre 2022 e 2023. O bom desempenho do MCMV e o avanço das obras de infraestrutura são os principais fatores que sustentam as expectativas de recuperação do setor.
Custo da Construção Civil tem alta de 0,35% em setembro, com região Nordeste em destaque
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo IBGE, registrou uma variação de 0,35% em setembro, uma desaceleração em relação aos 0,63% de agosto.
No acumulado dos últimos doze meses, o índice marca 3,46%, superando os 3,12% do período anterior. O custo médio nacional da construção por metro quadrado passou de R$ 1.767,09 em agosto para R$ 1.773,20 em setembro, sendo R$ 1.019,25 referentes aos materiais e R$ 753,95 à mão de obra.
A alta nos preços dos materiais foi de 0,49%, uma leve queda de 0,01 ponto percentual em relação ao mês anterior. Já a mão de obra registrou variação de 0,16%, sem novos acordos coletivos firmados, refletindo taxas menores em comparação a agosto e a setembro de 2023. No acumulado de janeiro a setembro, os materiais subiram 1,75% e a mão de obra, 4,66%. No acumulado dos últimos doze meses, essas variações foram de 2,13% para materiais e 5,32% para mão de obra.
O Nordeste foi destaque no mês, com a maior variação regional (de 0,49%), impulsionada pelo aumento nos preços dos materiais. Na região, o Ceará apresentou a maior taxa de elevação de preços, atingindo 0,73% em setembro. As demais regiões tiveram variações menores, com destaque para o Sudeste, com 0,34%, e o Centro-Oeste, com 0,31%.
Variação anual do custo da construção em São Paulo chega a 3,47%
O Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil em São Paulo registrou alta de 0,33% em setembro. Assim, o índice acumula uma variação de 3,47% nos últimos 12 meses.
De acordo com dados do SindusCon-SP e da Fundação Getulio Vargas (FGV), no ano, a variação foi positiva em 3,40%, refletindo a elevação nos custos com materiais e mão de obra.
Entre os principais componentes do custo, a mão de obra apresentou variação de 0,10% no mês, com alta acumulada de 3,86% nos últimos 12 meses. Já os materiais registraram aumento de 0,66% em setembro e de 2,95% no acumulado do ano. Esse resultado acompanha a valorização de itens essenciais como fios de cobre, tintas e blocos de concreto.
Para projetos incluídos na desoneração da folha de pagamento, o CUB teve uma alta de 0,35% em setembro, elevando o custo médio para R$ 1.887,93 por metro quadrado. Os materiais com maior variação em 12 meses incluem blocos de concreto e produtos para impermeabilização. Essa alta reflete pressões inflacionárias sobre os insumos da construção civil no estado.
Green Building Council lança selo que valoriza construções que se preocupam com a biodiversidade
*Por A Economia B
Você sabia que o paisagismo convencional no Brasil utiliza majoritariamente plantas exóticas – ou seja, que não existiam no país antes da colonização europeia?
Segundo a ONU, o uso de espécies exóticas no paisagismo é uma das principais causas de perda de biodiversidade no mundo, uma vez que muitas delas se tornam invasoras, substituindo as espécies nativas e reduzindo a biodiversidade das florestas.
Com o objetivo de conectar o mercado da construção com a regeneração e a preservação da diversidade biológica e, assim, contribuir para a reversão desse cenário, o Green Building Council Brasil (GBC), principal órgão nacional de sustentabilidade do setor imobiliário, lançou recentemente o selo GBC Biodiversidade.
Essa nova certificação estimula o mercado imobiliário e o setor da construção a investir em projetos voltados para a preservação e regeneração ambiental, com foco especial nas áreas mais impactadas por obras, como a Mata Atlântica e o Cerrado.
Para conquistar o selo GBC Biodiversidade é preciso:
- Utilizar pelo menos 75% de espécies nativas em projetos paisagísticos;
- Ter flores que atraem polinizadores e árvores frutíferas nativas;
- Evitar grandes áreas com uma única espécie.
Além disso, projetos candidatos ao selo não podem incluir espécies invasoras e, se já houver alguma no terreno, ela deve ser removida. E ainda, cada espécie deve ter uma justificativa técnica, incluindo informações sobre sua origem e status de endemismo ou risco de extinção.
Para projetos sem áreas de jardim, a certificação exige o plantio de árvores nativas em uma área equivalente ao dobro do terreno do projeto, em qualquer parte do bioma local.
O primeiro projeto a receber essa certificação foi a Casa Hype, sede da Hype Empreendimentos, parceira da Celere.
O projeto paisagístico da Casa Hype utiliza somente espécies nativas. Entre as plantas escolhidas estão a clúsia, que é típica da Mata Atlântica, e a bromélia imperial, uma espécie ameaçada de extinção.
“Escolhemos ainda espécies ameaçadas de extinção, como a palmeira-juçara, símbolo da destruição da Mata Atlântica, que produz frutos essenciais para aves médias e grandes, como tucanos e papagaios. Também criamos uma área campestre com carqueja, uma planta importante no Paraná, e um banco para contemplação do espaço”, disse, em nota, Iago de Oliveira, sócio-fundador da Bloco Base (consultoria especializada em construção sustentável, que assina o projeto da Casa Hype).
Que tal se inspirar nessa história e ter um olhar para a biodiversidade nos seus próximos projetos?
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões.