Desaceleração na confiança e nos investimentos da construção marca o início de 2025, enquanto mercado imobiliário respira com os resultados positivos de 2024 e o varejo do setor projeta crescimento moderado
Fevereiro pode até ser um mês mais curto, mas isso não significa que seja menos movimentado. Muita coisa aconteceu nos últimos 28 dias. Estas foram as cinco notícias que mais chamaram nossa atenção:
- Confiança da construção recua para o menor nível desde março de 2022
- INCC-M desacelera para 0,51% em fevereiro, com destaque para a queda nos custos de mão de obra
- Varejo da construção civil deve crescer 2,5% em 2025, aponta estudo
- Mercado imobiliário cresce em 2024, mas juros podem afetar 2025
- Intenção de investimento na construção recua, mas expectativas seguem positivas
Boa leitura!
Confiança da construção recua para o menor nível desde março de 2022
A confiança da construção brasileira registrou queda em fevereiro, com o Índice de Confiança da Construção (ICST) caindo 0,6 ponto, para 94,3 pontos, o menor nível desde março de 2022.
Esse declínio foi impulsionado pela piora na percepção do momento atual, refletida no Índice de Situação Atual (ISA-CST), que recuou 2,1 pontos, atingindo 93,7 pontos, o pior resultado desde maio de 2022.
A pesquisa apontou que a falta de mão de obra e o aumento dos custos seguem pressionando as empresas do setor. Além disso, também indicou desaceleração da atividade em comparação com o último trimestre de 2024, com mais empresas reportando redução nas operações.
No entanto, as expectativas para os próximos meses permanecem mais otimistas, com uma previsão de retomada impulsionada pelos investimentos em mercado imobiliário e infraestrutura.
O Índice de Expectativas (IE-CST) subiu 1,0 ponto, alcançando 95,2 pontos, e os componentes de expectativa para demanda e tendência dos negócios mostraram um pequeno avanço. Além disso, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) cresceu 1,4 ponto, indicando um leve aumento na atividade, com destaque para a utilização de mão de obra, que também registrou alta.
INCC-M desacelera para 0,51% em fevereiro, com destaque para a queda nos custos de mão de obra
O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou uma desaceleração em fevereiro, com uma variação de 0,51% – abaixo dos 0,71% observados em janeiro.
A principal influência para essa desaceleração foi a redução nos custos relacionados à mão de obra, que teve uma variação de 0,59%, menor que os 1,13% do mês anterior. Apesar da desaceleração, a taxa acumulada em 12 meses atingiu 7,18%, um aumento significativo em comparação com 2024, quando o índice estava em 3,23%.
O grupo de Materiais, Equipamentos e Serviços apresentou um aumento de 0,45% em fevereiro, um ligeiro crescimento em relação ao 0,42% do mês anterior. O subgrupo de “materiais para instalação” se destacou, apresentando uma variação positiva de 0,75%, após uma taxa negativa no mês anterior. Já o grupo de Serviços acelerou para 0,68%, com destaque para o item “projetos”, que teve um aumento de 0,81% em sua taxa.
Em relação às cidades brasileiras, o comportamento do INCC-M foi diverso. Enquanto Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e São Paulo (SP) registraram desaceleração nos custos de construção, Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS) viram uma aceleração nas taxas de variação. Salvador (BA), por sua vez, manteve sua taxa de variação estável.
Leia também: INCC subiu! E o seu orçamento, como fica? [ConstruFoco #2]
Varejo da construção civil deve crescer 2,5% em 2025, aponta estudo
Segundo projeções do Instituto de Pesquisas Anamaco e do FGVcev, o setor de varejo de material de construção deve crescer 2,5% em 2025. O resultado esperado é inferior ao crescimento estimado de 4,9% em 2024, impulsionado pelo aumento da renda, queda do desemprego e maior disponibilidade de crédito.
O presidente da Anamaco, Cassio Tucunduva, expressou preocupação com a desaceleração do crescimento, alertando que a projeção fica abaixo da inflação estimada para 2025. Segundo ele, a taxa de juros elevada e a restrição ao crédito dificultam investimentos e o consumo. Tucunduva defende medidas para ampliar o acesso ao crédito e incentivar a construção civil, um dos motores da economia nacional.
Apesar das incertezas para 2025, o varejo da construção civil registrou um bom desempenho no final de 2024. Dados do Termômetro do Varejo da Construção Civil apontam que o percentual de lojas que perceberam aumento nas vendas subiu de 47% para 51% em dezembro, com destaque para a região Nordeste. Além disso, lojas de todos os portes tiveram desempenho melhor em 2024 em relação a 2023, especialmente as que possuem mais de 50 funcionários.
Mercado imobiliário cresce em 2024, mas juros podem afetar 2025
O mercado imobiliário brasileiro registrou forte crescimento em 2024, com um aumento de 18,6% nos lançamentos e 20,9% nas vendas em comparação com 2023, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). No total, foram lançados 383,4 mil apartamentos e vendidas 400,5 mil unidades nas 221 cidades analisadas. O Valor Geral de Vendas (VGV) também teve alta expressiva de 22,45%.
O programa Minha Casa, Minha Vida impulsionou o setor, com lançamentos de unidades enquadradas no programa crescendo 44,2% e as vendas avançando 43,3% em relação a 2023. No último trimestre do ano, quase metade dos lançamentos e vendas foram de imóveis do programa. O Sudeste liderou em volume, enquanto o Nordeste teve crescimento significativo, com alta de 19,89% nas vendas.
Intenção de investimento na construção recua, mas expectativas seguem positivas
A intenção de investimento dos empresários da construção caiu 3,1 pontos em fevereiro, chegando a 42 pontos, de acordo com a Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar da queda, o índice segue acima da média histórica de 37,9 pontos, indicando que os investimentos ainda estão acima do habitual. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) também recuou 0,3 ponto, atingindo 49,3 pontos, mantendo o pessimismo entre os empresários do setor.
A atividade da construção registrou queda em janeiro de 2025, com o índice de desempenho do setor marcando 43,7 pontos, abaixo dos níveis de dezembro e do mesmo mês do ano anterior. A elevação da taxa de juros tem impactado negativamente o setor, refletindo na desaceleração das atividades. Já o nível de empregos praticamente se manteve estável, passando de 45,7 para 45,6 pontos, e a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) recuou um ponto percentual, chegando a 67%.
A pesquisa da CNI foi realizada entre 3 e 12 de fevereiro de 2025, com a participação de 302 empresas do setor, incluindo 107 de pequeno porte, 133 de médio porte e 62 de grande porte. Os dados reforçam um cenário de cautela no curto prazo, mas com projeções moderadamente otimistas para os próximos meses.
Leia também: Funding limitado x demanda recorde: como garantir a viabilidade dos projetos? [ConstruFoco #03]
SindusCon-SP realiza curso online sobre sustentabilidade na construção em março
Por A Economia B*
A gente já tinha uma boa história pronta para contar neste Giro de Notícias da Celere quando descobrimos que o SidusCon-SP vai realizar um curso sobre sustentabilidade na construção, e decidimos trocar a pauta.
O curso “Sustentabilidade – da legislação à prática na construção civil” acontecerá nos dias 10, 11, 12 e 17 de março, sempre das 17h às 19h, em formato totalmente online.
O objetivo é abordar os principais temas do Direito Ambiental diretamente relacionados ao dia a dia da construção civil. Os participantes terão acesso a conteúdos sobre aspectos jurídicos, legais e normativos relacionados à responsabilidade ambiental da empresa, seus representantes e colaboradores, além de questões jurídicas relacionadas ao licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários.
Entre os temas abordados estão:
- Responsabilidade e riscos ambientais;
- Políticas ambientais para empreendimentos imobiliários (eficiência energética, descarbonização e certificações);
- Atendimento a requisitos legais e normativos (gestão de resíduos, uso da madeira, licenciamento);
- Gerenciamento de áreas contaminadas.
Para saber mais e se inscrever, clique aqui.
*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso na prática.