Celere

CBIC eleva previsão de crescimento do PIB da construção

Imagem: our-team Freepik

As principais notícias da construção em agosto, reunidas em um só lugar

Estes são os destaques do Giro de Notícias deste mês. Entenda os detalhes sobre cada uma dessas manchetes a seguir.

Vendas de imóveis batem recorde no 2º trimestre

Vendas de imóveis batem recorde no 2º trimestre
Imagem criada por jcomp – www.freepik.com

De acordo com o levantamento “Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º Trimestre de 2024”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), as vendas de imóveis alcançaram um patamar recorde na série histórica do indicador no segundo trimestre de 2024, elevando o acumulado dos últimos 12 meses para 353,95 mil unidades vendidas.

Na prática, 93.743 unidades foram vendidas nas 221 cidades brasileiras analisadas (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas) entre abril e junho, um recorde desde o início do levantamento, que foi iniciado em 2016.

Segundo o relatório, em relação ao mesmo período de 2023, o crescimento foi de 17,9%; comparado aos três primeiros meses deste ano, houve um aumento de 8,5% nas vendas de imóveis. 

Além disso, os lançamentos avançaram 7% no comparativo anual e 28% trimestre a trimestre, totalizando 83,93 mil unidades.

Esse crescimento impacta positivamente toda a cadeia da construção civil, refletindo-se, por exemplo, na criação de empregos e na geração de renda – o setor está prestes a alcançar a marca de 3 milhões de trabalhadores com carteira assinada. 

O programa Minha Casa, Minha Vida tem sido fundamental para os resultados positivos do setor. Somente neste segmento, as vendas subiram 46% na comparação com o segundo trimestre de 2023 e 37% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Para o segundo semestre de 2024, a expectativa é de que o mercado imobiliário continue aquecido, sustentado pela estabilidade nas vendas e pela recuperação econômica. Porém, desafios como a inflação de custos na construção ainda podem afetar a rentabilidade das empresas e o ritmo de crescimento do setor.

CBIC eleva previsão de crescimento do PIB da construção

Também em agosto, a CBIC revisou sua previsão de crescimento do PIB do setor para 2024, elevando-a de 2,3% para 3%. 

Entre os fatores que motivaram essa revisão estão:

De acordo com dados do novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, a construção civil criou 159.203 novos postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a maio de 2024. Este é o melhor resultado dos últimos 12 anos.

Esse otimismo tem impulsionado o surgimento de novas empresas no setor, com mais de 24 mil novos negócios abertos em junho deste ano, segundo dados do Sebrae e da Receita Federal. 

Apesar das expectativas favoráveis, a CBIC apontou, em relatório desenvolvido em parceria com o SESI, os desafios que o setor enfrentará nos próximos anos. Entre eles, estão a possível oneração causada pela reforma tributária, a sustentabilidade do FGTS, a falta de mão de obra qualificada e as altas taxas de juros que afetam o financiamento imobiliário. A busca por alternativas de funding e a questão do elevado custo da construção também são preocupações.

A CBIC ressaltou a resiliência do setor, que tem demonstrado capacidade de enfrentar dificuldades como o acesso ao crédito e a escassez de mão de obra, mantendo-se otimista em relação ao crescimento contínuo e à superação dos desafios previstos.

Após 20 meses de queda, atividades na indústria da construção voltam a avançar 

Em julho de 2024, a indústria da construção no Brasil apresentou um avanço no nível de atividade após 20 meses de quedas consecutivas, de acordo com indicadores da Sondagem Indústria da Construção, apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

O índice de atividade industrial subiu de 49,9 para 50,1 pontos, cruzando a linha divisória dos 50 pontos, o que sinaliza uma estabilização no setor. O número de empregados também mostrou uma leve melhora, com o índice subindo de 48,8 para 49,8 pontos, resultados considerados positivos para o período.

Apesar da melhora nas condições atuais, as expectativas dos empresários da construção para os próximos meses são mais moderadas. 

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI) caiu de 51,8 para 51,3 pontos, refletindo uma confiança mais cautelosa.

A percepção sobre as condições atuais da economia e das empresas também melhorou, subindo de 45,5 para 47,4 pontos, mas as perspectivas futuras recuaram, especialmente no que diz respeito ao nível de atividade e novos empreendimentos.

Os indicadores de expectativa para agosto mostram um enfraquecimento geral, com redução no otimismo em relação ao nível de atividade, novos empreendimentos e compra de insumos. A única expectativa que se manteve estável foi para o número de empregados, que subiu ligeiramente para 52,0 pontos. 

Em resposta a esse cenário mais moderado, a intenção de investimento na indústria da construção também diminuiu, passando de 46,6 para 44,7 pontos, embora ainda permaneça acima da média histórica.

Incorporadoras superam desafios e lucram R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre

As incorporadoras brasileiras registraram um desempenho positivo no segundo trimestre de 2024, apesar dos desafios econômicos – como os juros altos e a desvalorização do real. 

Um levantamento do Valor Data feito com 30 empresas de capital aberto mostrou que o lucro líquido dessas companhias aumentou 67,2% em comparação ao mesmo período de 2023. 

Uma reportagem publicada no Valor Econômico apontou que o lucro no trimestre foi de R$ 1,3 bilhão, enquanto a receita líquida subiu 26%, alcançando R$ 13,86 bilhões.

Entre os destaques do trimestre, a Cyrela apresentou um lucro líquido de R$ 412 milhões, uma alta de 47% em relação ao ano anterior. Já a incorporadora gaúcha Melnick, afetada pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, registrou prejuízo de R$ 29 milhões, mas mostrou sinais de recuperação com novos lançamentos. No Nordeste, a Moura Dubeux se destacou com seu modelo de condomínio fechado, que diminuiu o impacto dos juros altos sobre os negócios.

O setor de médio e alto padrão enfrenta incertezas devido à manutenção da Selic em 10,5%, o que pode frear o crescimento no segmento. Além disso, a MRV&Co, embora tenha registrado prejuízo de R$ 71,3 milhões no segundo trimestre, conseguiu melhorar seus resultados ajustados, sinalizando uma possível recuperação futura, especialmente com a venda potencial de sua subsidiária americana, Resia.

Construção industrializada ganha relevância no Brasil

Uma pesquisa da FGV Ibre encomendada pelo Modern Construction Show revelou que a construção industrializada já é adotada em 64,5% das obras realizadas no Brasil. 

Esse método, que utiliza módulos e peças pré-fabricadas fora do canteiro, é mais comum no segmento residencial, onde representa 50,8% das obras.

Os principais motivos para a adoção dessa tecnologia incluem:

A construção industrializada também se destaca pela menor geração de resíduos e maior eficiência.

Realizada entre os dias 15 de maio e 14 de junho, a pesquisa contou com a participação de 510 empresas de todos os estados brasileiros, dos setores de edificações (residenciais e não residenciais), infraestrutura e serviços especializados.

Startup etíope transforma lixo plástico em materiais de construção

Por A Economia B*

Mais de 300 milhões de toneladas de lixo plástico são produzidas em todo o planeta anualmente, o que contribui para o agravamento da crise climática (uma vez que a maior parte do plástico produzido no mundo ainda é proveniente de fontes fósseis). 

E as previsões futuras não são das melhores. Até 2060, estima-se que a geração global de resíduos plásticos quadruplique, ultrapassando 1 bilhão de toneladas, com os países desenvolvidos liderando a produção por pessoa. 

Mas o plástico, sozinho, não é o culpado de todos os males do planeta. Há uma série de outros personagens que contribuem para que o filme da vida real não esteja lá muito agradável de assistir (e viver). O cimento, por exemplo, também desempenha um dos papéis de “bad guy”.

Mais de 4,1 bilhões de toneladas de cimento são produzidas todos os anos, gerando 3,6 bilhões de toneladas de emissões de CO2. Ou seja, 8% das emissões globais de CO2 caem na conta desse insumo, que é uma das bases de um dos setores mais importantes do mundo: a construção. 

Para você ter uma ideia, isso é mais do que as emissões da aviação (1,9%), petróleo e gás natural (3,9%), carvão (1,9%), produtos químicos e petroquímicos (3,6%).

A startup Kubik, da Etiópia, desenvolveu uma solução que não ajuda a aumentar o índice de reciclagem de lixo plástico e, além disso, o transforma em matéria-prima para a construção de moradias acessíveis e que não são dependentes de cimento.

Com operações no Quênia e na Etiópia, a Kubik remove cerca de 45 mil quilos de resíduos plásticos de aterros sanitários por dia. Esse material é, então, utilizado para fabricar materiais de construção que são projetados para se encaixarem e evitar a necessidade de substâncias adicionais como cimento. 

Os tijolos, colunas e vigas desenvolvidos pela Kubik são 40% mais baratos que os materiais de construção convencionais, emitem 5 vezes menos CO2, são duas vezes mais resistentes e mais de 100 vezes mais duráveis – graças à vida útil de mil anos de muitos plásticos.

A Kubik não está apenas redefinindo o futuro da construção civil, mas também mostrando ao mundo que nem tudo que vai para o lixo é lixo. Em um cenário global onde os recursos são cada vez mais escassos e o impacto ambiental é inegável, iniciativas como essa provam que inovação e sustentabilidade podem – e devem – andar lado a lado.

*A Economia B é uma plataforma de conteúdo jornalístico de negócios voltados a ajudar empresas de diversos setores a contribuírem para a construção de um futuro mais justo, equitativo e regenerativo. Na Celere, entendemos a importância da construção civil nesse processo. Por isso, convidamos A Economia B para trazer mensalmente para o Giro de Notícias uma informação relacionada ao nosso mercado que ajude a promover reflexões sobre como fazer isso na prática.

Sair da versão mobile