“Giro de Notícias” de novembro mostra que a construção brasileira vive um bom momento
O penúltimo mês do ano chegou ao fim. Está na hora de entender quais foram as principais notícias que marcaram novembro na construção civil. Aqui estão as manchetes:
- Indústria da construção tem melhor resultado em termos de capacidade operacional desde 2013
- Setor de materiais de construção apresenta alta de 9,2% em outubro
- Mercado imobiliário movimenta R$ 163 bilhões em 2024
- SINAPI registra aumento nos custos da construção civil
- Incorporadoras crescem, mas enfrentam desafios no mercado financeiro
Boa leitura!
Capacidade Operacional da indústria da construção tem melhor resultado em 11 anos
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) da indústria da construção atingiu 70% em outubro, o maior índice para o mês desde 2013, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resultado supera em seis pontos percentuais a média histórica de 64%, refletindo um desempenho acima do usual em segmentos como serviços especializados (71%) e obras de infraestrutura (68%).
O nível de atividade no setor também mostrou evolução, marcando 48,7 pontos, acima da média histórica de outubro.
Por outro lado, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu para 53,8 pontos em novembro, indicando expectativas menos otimistas sobre a economia e as condições futuras do setor.
Embora os índices de expectativa para os próximos seis meses tenham diminuído, eles permanecem acima de 50 pontos, reforçando perspectivas positivas. Já o índice de intenção de investimento recuou levemente, mas continua 8 pontos acima da média histórica, sinalizando otimismo moderado para o futuro.
Mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida contribuíram para impulsionar a construção de edifícios, mas segmentos como infraestrutura e serviços especializados se destacaram em outubro, evidenciando o momento favorável do setor.
Setor de materiais de construção registra alta consistente em outubro e aponta para um 2025 promissor
O faturamento das indústrias de materiais de construção cresceu 9,2% em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo o Índice Abramat, elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) em parceria com a FGV.
Em relação a setembro, o aumento foi de 1,1%, consolidando um desempenho positivo que reforça a expectativa de um crescimento de 4,5% no faturamento anual em relação a 2023.
A análise detalhada revela que os materiais de base cresceram 8,3% em outubro, enquanto os de acabamento expandiram 10,7% na comparação anual. Na variação mensal, os materiais de base avançaram 1,4% e os de acabamento, 0,8%. Esse desempenho reflete a continuidade de novos projetos de construção e renovação.
Para o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, os resultados consistentes do setor estão superando expectativas e criando um ambiente favorável para novos investimentos.
Navarro afirmou que o desempenho atual sinaliza não apenas um bom fechamento para 2024, mas também perspectivas promissoras para o próximo ano, com a indústria de materiais ganhando maior protagonismo no mercado brasileiro.
Mercado imobiliário acumula R$ 163 bilhões em vendas no ano
O setor imobiliário brasileiro registrou crescimento expressivo no terceiro trimestre de 2024, com aumento de 20,1% nos lançamentos e 20,8% nas vendas de imóveis verticais, comparado ao mesmo período de 2023, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
A entidade destacou a contribuição do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), responsável por 50% dos lançamentos e 44% das vendas no período, impulsionado por ajustes realizados em 2023. Com esse desempenho, a projeção de crescimento para o PIB da construção em 2024 foi revisada para 3,5%.
Entre janeiro e setembro, foram comercializadas 19,7% mais unidades habitacionais e lançadas 17,3% a mais que no mesmo período de 2023, totalizando 292.557 imóveis vendidos e 259.863 lançados.
O Valor Geral de Vendas (VGV) acumulado foi de R$ 163 bilhões, 21% superior a 2023, enquanto o Valor Geral de Lançamentos (VGL) somou R$ 146 bilhões, crescimento de 13,4%. A CBIC atribui esse resultado a fatores como o uso do FGTS e a confiança do mercado.
Apesar dos números positivos, a entidade alerta para desafios em 2025, como pressões no orçamento do FGTS, custos elevados de mão de obra e o impacto de desequilíbrios fiscais nas taxas de juros. Esses fatores podem reduzir o crédito habitacional e ameaçar a sustentabilidade do mercado.
SINAPI registra variação de 0,53% em outubro com alta nos materiais de construção
O Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) registrou variação de 0,53% em outubro, marcando uma alta de 0,18 ponto percentual em relação ao mês anterior. No acumulado de 12 meses, o índice alcançou 3,86%, superando os 3,46% do período anterior.
O custo nacional da construção por metro quadrado subiu de R$ 1.773,20 em setembro para R$ 1.782,51 em outubro, sendo R$ 1.027,32 referentes a materiais e R$ 755,19 à mão de obra.
Os materiais apresentaram alta significativa, com uma variação de 0,79% em outubro, o maior índice desde agosto de 2022. Esse aumento foi superior tanto ao de setembro (0,49%) quanto ao de outubro de 2023 (0,02%). Já a mão de obra, mesmo com acordos coletivos em estados como Pará e Roraima, manteve o índice de 0,16% registrado em setembro, mas caiu em relação ao mesmo mês do ano anterior (0,31%).
Regionalmente, o Norte liderou as variações em outubro, com alta de 1,58%, impulsionado por acordos coletivos e pelo aumento nos materiais. Roraima destacou-se com 3,08%, seguido pelo Pará, com 2,98%.
Incorporadoras têm resultados expressivos no terceiro trimestre
O segmento de incorporação imobiliária registrou alta de 287% no lucro líquido consolidado no terceiro trimestre de 2024, com aumento de 25,6% na receita, segundo levantamento realizado pelo Valor Data.
Apesar dos resultados sólidos, empresas como Cyrela e MRV enfrentaram quedas na bolsa, refletindo o impacto do cenário macroeconômico e das restrições de crédito imobiliário, como a redução dos limites de financiamento pela Caixa e a elevação dos juros por bancos privados.
Especialistas apontam que a demanda por imóveis permanece resiliente, sustentada por indicadores econômicos favoráveis (como emprego em alta), mesmo com o crédito mais restrito.
No segmento de média e alta renda, incorporadoras como Lavvi, Trisul e EZTec se destacaram por boas vendas de estoques. Já no Minha Casa Minha Vida (MCMV), empresas como Cury e Direcional continuam mostrando desempenho positivo, favorecidas por ajustes no uso do FGTS e maior apoio de subsídios estaduais e municipais.
Embora a inflação no setor de construção esteja entre 5% e 6%, analistas destacam que as incorporadoras têm repassado os custos ao consumidor, mantendo a rentabilidade.
Programas habitacionais em níveis locais e ajustes na precificação são vistos como fatores que sustentam o setor. Ainda assim, dúvidas permanecem sobre a resiliência da demanda frente aos desafios que 2025 poderá trazer.