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Da teoria à prática: como adaptar o uso do BIM à realidade do mercado

Entenda como construtoras e incorporadoras podem adotar o BIM de forma alinhada ao seu contexto e necessidades, inspirando-se em histórias de sucesso

Prazos apertados, modelos sem informações completas, foco excessivo em documentação, falta de know-how

Todas essas questões são obstáculos na adoção do modelo único do BIM. E fazem parte da realidade da maioria dos projetos de construção.

Como, então, adaptar a implementação do BIM à realidade do mercado, ajudando as empresas a ajustarem seus processos sem prejudicar a eficiência e a performance dos projetos?

Uma das propostas da Tools Gerenciamento e Engenharia é adotar um plano de execução que se baseia em três pilares fundamentais:

Durante a quarta edição do Incorpod – webinar realizado pela Celere para debater temas relevantes para construtoras e incorporadoras que desejam se manter atualizadas e alinhadas ao mercado –, Flávio Graziano (sócio-diretor da Tools Gerenciamento e Engenharia) contou como esse plano funciona. Acompanhe!

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Plano Tools para execução BIM nas empresas de construção

Plano Tools para execução BIM nas empresas de construção

Contratação assertiva

Flávio explica que, seguindo as diretrizes padrão do BIM, a primeira etapa é definir os objetivos do trabalho e entender por que a empresa deseja implementar o BIM naquele projeto.

Nesse sentido, ele salienta que é essencial fazer perguntas práticas para evitar expectativas exageradas.

Começando por aí, ele destaca, é importante montar uma equipe que tenha sinergia e que seja capaz de entregar resultados.

“Às vezes, entramos nos processos com as equipes já formadas, mas é fundamental revisar nossa lista de fornecedores internos, classificando-os em diferentes aspectos – incluindo o BIM. 

Se o BIM for utilizado em um nível mais complexo, é necessário ter fornecedores que estejam à altura do desafio. Endereçamos essa demanda por meio de cartas-convite, em que especificamos objetivos e níveis de exigência em termos de informação e modelagem. Isso permite que possamos avaliar os custos do projeto de forma mais precisa”, detalha.

O executivo aponta ainda que ter um plano de execução BIM e um mandato pré-contratual é essencial, pois proporciona previsibilidade para o trabalho e facilita o cálculo das horas de trabalho necessárias para o desenvolvimento do projeto. 

Por fim, também é importante ter um sistema de medição vinculado a esses parâmetros de contratação, para garantir que o BIM não seja negligenciado. Cada entrega deve atender a determinados parâmetros de qualidade para que possa ser aprovada e passada para o próximo stakeholder do processo. Essa etapa inicial é fundamental para garantir a organização do processo de BIM”, acrescenta.

Planejamento estratégico

Na etapa de planejamento estratégico, acontece a consolidação do plano de execução do BIM, por meio do mapeamento da capacidade de entrega dos projetistas. 

Flávio detalha que não existe um processo padrão, pois cada projetista opera em um nível de maturidade diferente e utiliza seu próprio software. “Portanto, é necessário avaliar como os diferentes softwares podem interoperar e como podemos elaborar um cronograma de trabalho que leve em consideração essa complexidade, dividindo os pacotes de informação entre diferentes fases do projeto – como embasamento, zona baixa e zona alta”, indica.

Dessa forma, destaca o especialista, é possível criar um modelo que reflita o cronograma de projetos, indo além do cronograma básico. 

“Em seguida, realizamos uma reunião para explicar as regras do jogo e iniciamos o projeto com essas informações. Isso nos permite ter um orçamento preliminar, solicitando que os modelos entregues tenham um certo grau de qualidade e nível de informação para que outras equipes possam utilizá-los para extração de quantidades vinculadas a uma estrutura analítica do projeto e, assim, obter estimativas de custo ao longo de seu desenvolvimento”, aponta.

Uso de tecnologia

Segundo Flávio, a integração da tecnologia aos processos é a última etapa desse plano. 

Os projetos desenvolvidos em BIM envolvem a compatibilização 3D e a colaboração por meio de plataformas colaborativas, muitas das quais já consolidadas em nosso processo. Em algumas situações, especialmente em contratos para retrofit ou em projetos com construções existentes, é crucial receber as bases tridimensionais por meio de ferramentas de digitalização de obra”, salienta. 

Especialização do mercado e adoção de processos mais enxutos e terceirizados

O executivo da Tools destaca que esse processo feito em etapas e de forma personalizada está alinhado à tendência atual de uma especialização cada vez maior do mercado.

“O incorporador agora não precisa assumir outras responsabilidades além da incorporação e da construção. Não é mais necessário realizar um trabalho de implementação de BIM super complexo, que às vezes leva anos até a conclusão de um projeto piloto.

Com este processo, acreditamos que podemos desenvolver projetos em BIM sem grandes esforços, utilizando ferramentas gratuitas de visualização 3D, adotando um processo de Open BIM e garantindo uma boa contratação e emissão adequada de documentações que servirão como base para embasar as regras do jogo”, revela. 

Raphael Chelin, CEO da Celere, concorda com Flávio.

Para ele, o papel do incorporador está mudando, e agora há uma fragmentação de especialistas, tornando as empresas mais enxutas.

“Há apenas uma década, cada empresa tinha uma estrutura gigante para lidar com tudo. No entanto, essa abordagem de ter uma grande estrutura para todas as atividades começa a perder sentido.

É importante repensar qual é o verdadeiro foco da empresa. Com especialistas dedicados a pesquisar e desenvolver soluções, os resultados obtidos são melhores quando comparado a várias empresas grandes tentando resolver esses mesmos problemas”, aponta Raphael.

Na visão de Raphael, se as grandes empresas continuam tentando fazer tudo sozinhas, desperdiçam energia e recursos. Em vez disso, ele acredita que seria mais eficiente contar com uma equipe de especialistas para colaborar em um processo conjunto. 

É como montar um time: que cada membro é especialista em sua área. Muitas empresas terceirizam a execução da estrutura, instalações e alvenaria, mas relutam em terceirizar a gestão de projetos ou a elaboração de orçamentos, pois querem manter tudo sob controle. Eu acredito firmemente nesse movimento de especialização e vejo que estamos progredindo nessa direção”, reflete. 

Processo Celere de integração BIM 5D:
o BIM para todas as empresas de construção

A Celere tem como missão entregar segurança e otimização de recursos através de tecnologia e dados para as empresas de incorporação e construção.

Com isso em mente e ciente do potencial do BIM nesse sentido, a construtech criou uma metodologia e ferramentas que ajudam a levar o BIM para todas as empresas, inclusive para aquelas que ainda não usam modelos 3D. 

Durante o Incorpod 4, o CEO da Celere explicou como funciona.

Mesmo que iniciemos no meio do processo ou recebamos um projeto em 2D, podemos modelá-lo e extrair todas as informações necessárias para fornecer um BIM 5D. Isso é possível graças ao nosso processo adaptável, que garante que o cliente obtenha um orçamento preciso, independentemente do estágio do projeto ou da presença inicial de um processo BIM completo”, detalha.

Ele conta que, dentro do fluxo do ciclo imobiliário, a Celere desenvolveu duas soluções que envolvem BIM 5D: o orçamento preliminar e o orçamento executivo

O executivo aponta que muitos incorporadores enfrentam o desafio de desenvolver projetos (produtos) sem ter uma noção clara dos custos até o estágio final do orçamento executivo. Com a abordagem Celere, é possível garantir os resultados previstos inicialmente e custos fechados desde o início do empreendimento.

“Dois aspectos tornam o orçamento preliminar especialmente vantajoso para os incorporadores. Primeiro, evita retrabalhos desnecessários, pois permite simulações de custo antes de avançar para estágios mais avançados de projeto.

Segundo, oferece flexibilidade para explorar diferentes opções de acabamento e metodologias construtivas e ajustar o produto e projetos conforme necessário, tudo de forma preliminar, antes do lançamento”, indica Raphael. 

Saiba mais:
Inteligência de dados para orçamentos de obras precisos em todas as fases dos projetos de construção

Como funciona o plano da Celere de execução BIM 

Para ajudar as construtoras e incorporadoras a entrar na nova era da construção e aproveitar todos os benefícios do BIM 5D, desenvolvemos uma metodologia exclusiva para fazer a transição de modelos tradicionais para um orçamento em BIM 5D.

Fazemos isso por meio da nossa plataforma de gestão de orçamento de obras – o Budget Express e o Budget Analytics –, que cria um orçamento integrado ao modelo (BIM 5D), mesmo que os projetos ainda não estejam modelados.

Funciona assim:

  • Importamos os dados do modelo em nossa plataforma, onde adicionamos os memoriais e critérios de contratação específicos de cada empreendimento e cliente.
  • O resultado é um banco de dados com informações com alto nível de detalhamento de tudo que é preciso comprar e contratar. E ainda, de um relatório em BI, para facilitar e simplificar as análises. Além de um banco de dados completo com a memória de cálculo para todos os serviços e locais.
  • Em apenas quatro cliques, é possível saber todos os serviços envolvidos na obra, com suas quantidades e custos necessários para cada ambiente.

Saiba mais:
BIM 5D: a revolução que o mercado de construção precisa!

Checklist para organizar as informações estratégicas do projeto

Raphael ressalta que o principal objetivo dessa metodologia é adaptar a teoria BIM à realidade do mercado, pois a maioria das construtoras e incorporadoras ainda trabalha com projetos em 2D.

“Acreditamos que nosso trabalho com a Tools nos permite reutilizar uma grande parte do modelo, complementando-o conforme necessário, em vez de começar do zero. Isso reduz significativamente a quantidade de retrabalho. Implementamos essa abordagem como uma solução para garantir que possamos fornecer um BIM 5D, independentemente da qualidade ou disponibilidade das informações iniciais”, indica.

O especialista conta que, devido à falta de informações completas em muitos projetos, a Celere criou uma metodologia para complementar as informações ainda não disponíveis. 

“Desenvolvemos uma metodologia interna para a equipe de projeto na qual elaboramos um extenso checklist com centenas de itens, abordando todos os aspectos da execução do projeto. Essa abordagem consultiva visa garantir que todos os procedimentos e requisitos necessários estejam devidamente documentados no projeto e nos modelos”, explica.

Flávio destaca que esse checklist é fundamental para antecipar decisões e organizar informações. 

No caso do orçamento preliminar, o cerne está na definição das premissas, não é necessário ter todos os detalhes, mas sim alguma estrutura organizada. Portanto, é essencial registrar as premissas para acabamentos, instalações etc. por meio de formulários ou memorandos, e disponibilizá-los para os projetistas revisarem suas premissas.

Esse trabalho inicial de gerenciamento de projetos, com foco no orçamento, estabelece uma série de diretrizes a serem seguidas até o final do processo”, reforça.

Seguindo esse processo de alinhamento das informações, quando ocorrerem alterações no projeto, é possível verificar se estão alinhadas com as premissas do orçamento.

Isso proporciona uma maior previsibilidade em um processo mais organizado, mesmo sem necessariamente ter todas as informações provenientes do modelo”, conclui o executivo da Tools.

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