Conheça as características de diferentes tipos de solo de acordo com os materiais de que são feitos e saiba quais são as fundações mais recomendadas em cada caso
Recentemente, produzimos um artigo sobre fundações e destacamos a importância de analisar as características do terreno para definir o melhor tipo de fundação para um projeto.
Hoje, apresentamos os diferentes tipos de solo e revelamos quais são as fundações mais recomendadas em cada caso. Acompanhe!
A importância do estudo do solo em projetos de construção
O tipo de solo direciona decisões importantes sobre materiais, elementos e sistemas construtivos mais adequados para uma obra. Afinal, a fundação transfere a carga de toda a obra para o terreno, portanto, saber como o solo se comporta ao receber a pressão do peso da edificação é crucial para entender o melhor dimensionamento e materiais a serem utilizados nas fundações.
Cada tipo de solo apresenta características particulares e exige determinadas formas de execução da fundação. Sendo assim, o tipo de solo pode facilitar a execução de uma obra ou ser um limitador quanto ao tipo de edificação que aquele terreno aceita.
De acordo com o tipo de solo, o engenheiro deve determinar os sistemas mais adequados para garantir a segurança e a estabilidade da obra no longo prazo.
Em grandes obras, realiza-se um estudo chamado de sondagem do terreno para conhecer as camadas mais profundas do solo.
Já em construções de pequeno porte, com baixa carga distribuída no terreno, a realização da sondagem não é obrigatória. Contudo, quanto mais informações sobre o solo, mais preparado o engenheiro estará para determinar a fundação mais adequada.
Uma fundação inadequada pode resultar não somente na deterioração da edificação no longo prazo, mas também em acidentes graves.
Um exemplo disso aconteceu no Morro do Bumba, em Niterói (RJ). Várias casas foram construídas em cima de um terreno que era um lixão desativado. Sem a correta fundação e com um alto volume de chuva, após um desabamento, várias casas foram destruídas e muitas pessoas perderam suas vidas.
Como funciona a sondagem de solo
Regida pela norma ABNT NBR 6484, a sondagem à percussão com ensaio (SPT – Standard Penetration Test) é a alternativa mais utilizada para investigação de solos no Brasil.
Nesse tipo de sondagem, enterra-se um amostrador padrão no terreno, com o uso de martelo. Para cada metro de profundidade que o equipamento atinge, informa-se qual é a resistência da camada de subsolo.
Caso pedaços de rochas sejam encontrados, torna-se necessário realizar a sondagem rotativa. Nesse tipo de sondagem, utiliza-se uma coroa de diamante na ponta da tubulação para perfurar as pedras e permitir a passagem dos equipamentos.
A sondagem rotativa permite determinar especificamente a qualidade da rocha. Para descobrir a resistência do minério, é preciso retirar uma amostra e levar para análise em laboratório.
Além disso, a sondagem rotativa é indicada para determinar a extensão do elemento rochoso. No subsolo, existem grandes bolas de pedra chamadas matacão. O ensaio é capaz de indicar se a concentração mineral encontrada é esse tipo de formação geológica ou se realmente foi atingida uma camada espessa de rochas.
Por fim, existem outros ensaios complementares que podem ajudar a detalhar ainda mais as características do solo, determinando, por exemplo, a resistência exata do terreno. Ensaio de penetração de cone (CPT) e ensaio com dilatômetro de Marchetti (DMT) são exemplos de análises extras nesse sentido.
Os três principais tipos de solo
Os tipos de solo variam de acordo com o material de que são compostos. Dependendo do material, o solo pode ser mais ou menos rígido. Quanto mais rígido, menor a necessidade de fundações profundas. Já se o solo sofre mais deformação, ele vai precisar de um fundamento mais fortalecido e profundo.
Os principais tipos de solo, que variam de acordo com o tipo de material do qual eles são majoritariamente compostos, são:
- Arenoso;
- Argiloso;
- Siltoso.
É importante salientar que não existe um tipo de solo feito de apenas um material. Os solos em diferentes regiões são compostos por diferentes tipos de materiais, em volumes variados. Portanto, quando dizemos que um solo é argiloso, por exemplo, significa que a maior parte da sua composição é argila. Contudo, não existe um solo que seja 100% feito de argila.
A seguir, entenda mais sobre as características dos principais tipos de solo.
Solo arenoso
Esse tipo de solo é composto predominantemente por areia e tem uma granulometria entre 0,05 milímetros e 4,8 milímetros.
O solo arenoso se movimenta facilmente e é altamente permeável, o que é um desafio para qualquer construção.
Normalmente é preciso utilizar estacas de concreto armado e estacas metálicas na fundação de obra nesse tipo de terreno.
Esse tipo de solo é resistente quando está confinado, ou seja, quando não tem para onde escapar. Porém, se movimenta com muita facilidade. Então, escavações próximas ou mesmo rebaixamento do lençol freático podem dar espaço para a movimentação do solo arenoso e acabar gerando problemas nas obras, como recalque.
Um exemplo disso aconteceu na orla de Santos (SP). O recalque das fundações causou a inclinação dos prédios.
Solo argiloso
O solo argiloso é o mais comum no Brasil, e terrenos com esse tipo de solo são considerados bons para construir. Como a argila é bastante densa e se aglutina com facilidade, os solos em que ela é predominante são muito resistentes quando bem compactados.
Em terrenos com solos argilosos, utilizam-se fundações rasas – como sapatas e radiers. Contudo, o tipo de fundação também pode variar de acordo com a dimensão da obra.
O terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos microscópicos (com diâmetro máximo de 0,005 milímetros), de cores vivas e de grande impermeabilidade. Como consequência do tamanho dos grãos, a argila:
- Pode ser facilmente moldada com água;
- Tem dificuldade de desagregação;
- Forma barro plástico e viscoso quando úmida;
- Permite o posicionamento de taludes com ângulos praticamente na vertical.
Solo siltoso
Este solo possui granulometria maior que 0,005 e menor que 0,05 – é, portanto, um intermediário entre a areia e a argila.
O solo siltoso é considerado um solo ‘ruim’. É difícil trabalhar nesse terreno, já que há níveis elevados de erosão e desagregação natural. Apesar de ser microscópico como a argila, não possui o mesmo grau de coesão e não tem a mesma plasticidade quando molhado.
Aliás, uma característica bem marcante do solo siltoso é que ele forma lama com muita facilidade. Quando usado em estradas, por exemplo, gera lama no período chuvoso e, por outro lado, muita poeira no período de seca.
De maneira geral, solos desse tipo demandam muito mais atenção e cuidado. Em casos de solo siltoso, recomenda-se fazer um estudo prévio com um geólogo para entender melhor o comportamento do terreno e determinar o tipo de fundação mais adequado.
Tipos de solo por cor
Além da forma de classificação do solo por tipo de material, os terrenos também podem ser categorizados de acordo com suas cores, que indicam características importantes do terreno.
Entenda:
- Solos avermelhados
O solo mais avermelhado, ou amarelado, é um solo que possui bastante óxido de ferro. Normalmente é um solo bom para as fundações. - Solos escuros
Indicam a presença de muita matéria orgânica decomposta ou em decomposição. É um solo muito bom para agricultura, mas não é um solo bom para fundações, já que não tem uma boa compactação e cria “vazios” devido à decomposição da matéria orgânica. - Solos claros
Indicam pouca presença de matéria orgânica na sua composição. Normalmente, são arenosos e considerados bons para fundações.
Usos mais aconselháveis para os três principais tipos de solo
Depois de identificar a fundação mais adequada para o seu empreendimento, é hora de começar a planejar o projeto e alinhar o orçamento com todas as necessidades demandadas pelo tipo de fundação, elementos e materiais a serem utilizados na obra.
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Informações: InovaCivil; Mapa da Obra; Revista Construa