Entenda como funcionam os painéis monolíticos, conheça os benefícios de se utilizar essa solução e saiba o que levar em conta na hora de instalar essas placas
Quando o assunto são materiais de construção resistentes, é bem provável que ‘isopor’ não seja o primeiro item que venha à sua mente. Porém, placas de isopor sobrepostas por malhas de aço podem, sim, oferecer uma base vigorosa para as construções. Além disso, podem proporcionar mais flexibilidade e agilidade para as obras.
Os painéis monolíticos se encaixam perfeitamente nessa descrição. Esse é um sistema construtivo altamente resistente, impermeável e isolante que, além de tudo, pode ser uma alternativa mais eficiente e sustentável.
O que são painéis monolíticos
A palavra “monolítico” está relacionada a monólito, uma estrutura geológica constituída por um só bloco de pedra ou rocha.
Painéis monolíticos são placas de poliestireno expandido (EPS) – isopor – sobrepostas por malhas de aço leve de alta resistência interligadas por barras de aço.
As malhas e barras de aço utilizadas nos painéis monolíticos variam dependendo da aplicação da estrutura. Como o painel leva uma armação de estrutura em seu interior, ele por ser utilizado como autoportante, ou seja, como elemento estrutural que diminui o uso de pilares e vigas.
Esse sistema construtivo foi criado na Itália, com o objetivo de atender a demandas de regiões propensas a terremotos. A ideia era criar uma estrutura monolítica que não desmoronasse e que reunisse elementos de isolamento térmico.
Basicamente, os painéis monolíticos são compostos por:
- Núcleo central de poliestireno expandido, não tóxico, autoextinguível, quimicamente inerte e de densidade e morfologia variável com o modelo do painel (10 kg/m3).
- Redes de armaduras eletrosoldadas, de aço trefilado e galvanizado, colocadas em ambas as faces do poliestireno expandido e ligadas entre si por conectores do mesmo material. Os diâmetros dos varões variam com o modelo do painel e a direção da armadura.
Vantagens dos painéis monolíticos
🏗 Economia
Os painéis monolíticos contribuem para a diminuição dos custos com armações de ferro, lajes e outros materiais. Afinal, são autoportantes e diminuem a necessidade de elementos estruturais como pilares e vigas.
🌡 Baixa condutividade térmica
Em sua composição, o EPS tem pequenas bolhas de ar que cumprem o papel de isolante térmico.
⚖️ Baixo peso
Os painéis monolíticos devem utilizar o EPS com densidade de, no mínimo, 10 kg/m³ (tipo 1), e pesam no máximo 90 kg/m². Em comparação, uma parede de blocos cerâmicos chega aproximadamente a 220 kg/m². Portanto, por serem mais leves, os painéis de EPS facilitam a mão de obra e geram mais agilidade para a obra.
⚙️ Resistência mecânica elevada
Apesar de muito leve, o EPS tem uma resistência mecânica elevada, que permite o seu emprego onde esta característica é necessária.
☔️ Baixa absorção de água
O EPS não é higroscópico (ou seja, não absorve a umidade do ar) e possui uma grande resistência à passagem do vapor. Mesmo quando imerso em água, o EPS absorve pouco líquido. Portanto, o material mantém suas características térmicas e mecânicas mesmo sob a ação da umidade.
⏳ Resistência contra o tempo
Justamente por sua alta resistência mecânica e baixa absorção de água, o EPS possui uma vida útil longa. Esse material não embolora, não apodrece e não é solúvel.
🧱 Geração de menos resíduos
Por fim, por serem fabricados fora do canteiro de obras e diminuírem a necessidade de construção de pilares e vigas, os painéis monolíticos contribuem para a geração de menos resíduos.
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Cuidados ao utilizar painéis monolíticos
Por se tratar de um sistema construtivo bastante diferente do tradicional, a utilização de painéis monolíticos exige cuidados especiais. Vamos a eles.
Trabalhabilidade
Isoladamente, o EPS não expande ou retrai mediante calor ou frio. Já o aço e a argamassa estrutural, que compõem o sistema, trabalham de acordo com suas propriedades.
Sendo assim, para evitar fissuras na argamassa, as juntas podem ser tratadas com produtos apropriados, como, por exemplo, massas elastoméricas e selantes à base de poliuretano – além de impermeabilizantes.
Além disso, painéis monolíticos de EPS podem receber revestimento de madeira, principalmente em ambientes internos – já que a madeira tem trabalhabilidade elevada. Também é possível utilizar materiais como cerâmica ou papel de parede.
Ajustes
Os painéis monolíticos costumam chegar na obra em forma de placas de isopor com as armaduras já feitas. Quando houver a necessidade de fazer alguma emenda ou recorte, o engenheiro responsável deve acompanhar de perto a execução da obra e verificar como fazer o reforço da armação do painel monolítico.
Isso é importante ao estabelecer aberturas para portas, janelas e fazer os furos para estrutura hidráulica e elétrica, bem como nas emendas de um painel com outro.
Fundações
Depois de o terreno ser preparado para a obra, define-se o tipo de fundação a ser empregado. Para obras com painéis monolíticos autoportantes, normalmente utilizam-se fundações do tipo radier.
Porém, é possível utilizar outros tipos de fundação – como, por exemplo, vigas sobre estacas ou sapatas corridas, dependendo do tipo de obra e especificações do projetista estrutural. No caso de reformas e ampliações, os painéis monolíticos podem ser fixados sobre lajes existentes, desde que tenham capacidade de carga condizente.
Alinhamento e prumo
Um dos principais cuidados na execução de paredes com painéis monolíticos de EPS é a garantia do prumo das peças. As placas têm que ficar absolutamente retas. Caso os painéis não fiquem bem alinhados, haverá mais gastos com argamassa, o que resultará em desperdício de material e tempo, além de acrescentar peso às paredes.
Normas técnicas relacionadas aos painéis monolíticos
Para garantir a qualidade e segurança total da obra com painéis monolíticos e alcançar todos os potenciais benefícios desse sistema construtivo, siga as normas que regem a instalação dessas soluções:
- ABNT NBR 16866:2020. Poliestireno expandido (EPS) — Determinação das propriedades — Métodos de ensaio;
- ABNT NBR 7973:2007. Poliestireno expandido para isolação térmica – Determinação de absorção de água;
- ABNT NBR 8081:2015. Espuma rígida de poliuretano para fins de isolação térmica – Permeabilidade ao vapor de água;
- ABNT NBR 11752:2016. Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na construção civil e refrigeração industrial;
- ABNT NBR 11949:2007. Poliestireno expandido para isolação térmica – Determinação da massa específica aparente;
- ABNT NBR 12094:1991. Espuma rígida de poliuretano para fins de isolamento térmico – Determinação da condutividade térmica – Método de ensaio;
- ABNT NBR 8082:2016. Espuma rígida de poliuretano para fins de isolação térmica – Resistência à compressão – Método de ensaio.