Com soluções que reduzem o tempo de execução e a dependência de mão de obra, a industrialização das instalações prediais surge como uma resposta aos principais desafios da construção civil
Há décadas a construção civil enfrenta um desafio crítico: a baixa produtividade.
De acordo com o estudo Reinventing construction: A route to higher productivity, desenvolvido pela McKinsey Global Institute, a produtividade na construção cresceu uma média de 1% nas últimas duas décadas, enquanto a média de crescimento geral da economia global foi de 2,8%.
Entre os principais gargalos estão as instalações prediais, que impactam diretamente o cronograma e o orçamento das obras. Isso porque as instalações estão presentes em praticamente todas as etapas da construção e têm interface direta com outras disciplinas. Portanto, um atraso ou incompatibilidade nessa área pode gerar um efeito cascata, impactando não só seus próprios custos, mas também estrutura, acabamentos e outras etapas da obra.
Diante desse desafio, a industrialização surge como uma solução promissora, capaz de trazer melhorias significativas na produtividade.
Esse foi o pano de fundo da sétima edição do INCORPOD, webinar promovido pela Celere com o objetivo de debater soluções para uma construção mais eficiente, sustentável e lucrativa.
Durante o evento, Raphael Chelin (CEO da Celere), Mauro de Couet (diretor executivo da Alfa Engenharia) e Paulo Borges (Diretor Técnico da Sky Master) conversaram sobre como os kits hidráulicos e elétricos industrializados podem facilitar o gerenciamento das suas instalações, reduzir a dependência de mão de obra, minimizar retrabalhos e acelerar a execução dos seus projetos.
A seguir, destacamos os principais pontos da conversa. Acompanhe!
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Entendendo os desafios do mercado de instalações prediais
Embora representem aproximadamente 13% do custo total da obra, as instalações prediais têm um impacto significativo no cronograma e no orçamento. “O impacto de atraso, incompatibilidade de projeto, retrabalho e desperdício pode representar um custo adicional não só em cima dos 13%, mas em cima do custo da obra inteira”, alerta Raphael Chelin.
O cenário é ainda mais preocupante quando observamos a qualidade das entregas. Segundo Mauro de Couet, um estudo da USP revela que mais de 80% das patologias em sistemas construtivos – excluindo fachadas e estruturas – estão relacionadas às instalações hidrossanitárias.
“As instalações no Brasil sempre foram mostradas como o ‘patinho feio’ dos projetos. Cheguei a ter uma reunião ano passado com uma incorporadora que entrega empreendimentos de apartamentos acima de 4 milhões em que eles ainda não fazem projeto sanitário – simplesmente o encanador monta o banheiro e depois eles locam aquilo em projeto para fazer o manual do usuário”, conta.
Esse cenário de baixa qualidade nas entregas, somado à escassez e ao alto custo da mão de obra, tem levado o setor a buscar alternativas mais eficientes e padronizadas para a execução das instalações prediais. A industrialização e, mais especificamente, os kits hidráulicos e elétricos industrializados, emergem desse contexto.
O que é industrialização na construção civil?
“Industrialização não é só pré-fabricar componentes em ambientes controlados, como fábricas, e depois transportá-los para o canteiro de obras, onde serão instalados. É pensar em processos mais eficientes, desde o projeto até a execução. É integrar todas as etapas da obra para garantir que tudo funcione de forma coordenada e sem desperdícios”, explica o CEO da Celere.
No caso específico dos kits hidráulicos e elétricos, a industrialização se refere ao processo de montar tubulações, conexões e outros elementos em módulos prontos para instalação, reduzindo a necessidade de mão de obra no local e minimizando erros e retrabalhos.
O Sistema Liga Fácil, apresentado durante o INCORPOD, exemplifica como essa transformação pode acontecer de forma estruturada. “O processo começa quando recebemos o projeto elétrico ou hidráulico”, explica Paulo Borges. “Nossa equipe de engenharia analisa todo o projeto, faz o levantamento quantitativo e avalia possibilidades de otimização – seja melhorando circuitos ou aprimorando a interface entre a distribuição hidráulica e outras disciplinas”, complementa.
Uma demonstração prática durante o webinar evidenciou a diferença de produtividade: uma instalação que tradicionalmente levaria 60 minutos pode ser realizada em apenas 15 minutos com os kits industrializados.
O sistema foi desenvolvido para atender diversos métodos construtivos:
- Sistema convencional viga-laje-pilar com vedação em alvenaria ou drywall
- Steel frame
- Wood frame
- Alvenaria estrutural
- Pré-moldado
Os resultados incluem:
- Redução de até 75% no tempo de execução, acelerando o cronograma das obras;
- Eliminação de até 70% da dependência de mão de obra no canteiro, reduzindo riscos relacionados à falta de profissionais qualificados;
- Diminuição significativa de retrabalhos, já que os kits são produzidos com alto controle de qualidade;
- Otimização de recursos e redução de desperdícios, com melhor aproveitamento de materiais.
Para garantir a excelência em todas as etapas, a industrialização demanda um rigoroso controle de qualidade. A Sky Master, por exemplo, mantém um laboratório credenciado pelo INMETRO onde todos os materiais são testados antes da montagem dos kits, independentemente de marca ou certificação.
O processo de implementação também segue protocolos específicos. A primeira instalação sempre conta com uma equipe da fábrica para treinamento completo das equipes locais. Os kits chegam identificados por cores e acompanhados de manuais intuitivos, facilitando a montagem. Para otimizar a logística, especialmente em grandes centros urbanos onde o espaço é limitado, o sistema permite entregas just-in-time num raio de até 100km da fábrica.
Para viabilizar essa transformação na forma de executar instalações, é fundamental contar com tecnologias que permitam um planejamento preciso e uma execução controlada. É aí que entra o BIM (Building Information Modeling).
O papel do BIM na industrialização
A adoção do BIM foi um dos temas centrais do webinar. Raphael Chelin explicou como a Celere utiliza a metodologia para integrar todas as etapas do projeto, desde o planejamento até a execução:
“Nós orçamos 100% das obras em BIM. Não usamos planilhas em Excel nem desenhos em 2D. Tudo é feito em uma plataforma própria que integra modelo, quantitativo e orçamento. Isso nos permite ter uma precisão muito maior e reduzir a insegurança nos quantitativos. O resultado é um controle de custos mais eficiente e um planejamento mais integrado”, conta.
Ele também destacou que, mesmo em projetos que não foram desenvolvidos em BIM, a Celere utiliza modeladores internos para criar modelos digitais e garantir um orçamento detalhado. “Isso permite que empresas que ainda não adotaram o BIM possam se beneficiar dessa metodologia”, afirma.
Mauro de Couet compartilhou sua experiência com o BIM na Alfa Engenharia, que há oito anos só desenvolve projetos nessa metodologia.
“Quando começamos a usar o BIM, em 2012, achávamos que em 2020 o mercado estaria 80% digitalizado. Hoje, vemos que ainda estamos longe disso. Mas os ganhos são inegáveis”, destaca.
A combinação entre BIM e industrialização tem mostrado resultados expressivos. Um exemplo disso é a redução de até 75% no tempo de execução quando se utiliza kits hidráulicos e elétricos em projetos modelados em BIM, comparado a métodos tradicionais.
Ele também citou um caso em que o BIM ajudou a evitar um erro crítico em um projeto de grande porte. “Em um empreendimento de 18 andares, descobrimos que as escadas não tinham as dimensões corretas no projeto arquitetônico. Se isso fosse identificado apenas na obra, o custo de retrabalho seria enorme. Com o BIM, conseguimos resolver o problema ainda na fase de projeto, economizando tempo e dinheiro”, aponta.
No fim, a combinação entre industrialização e tecnologia BIM representa um caminho sem volta para o setor. Com reduções expressivas no tempo de execução e na necessidade de mão de obra, somadas a ganhos significativos em qualidade e sustentabilidade, os kits industrializados emergem como uma solução concreta para alguns dos principais desafios da construção civil brasileira.
“Precisamos reduzir a quantidade de mão de obra, colocar industrialização. Para isso, é preciso olhar para dentro, revisar processos e colocar tecnologia onde for possível”, finaliza o CEO da Celere.
Como a CELERE pode ajudar sua empresa a dar esse passo?
Para auxiliar construtoras e incorporadoras a se beneficiarem da industrialização e do BIM, a CELERE desenvolveu uma metodologia exclusiva que permite:
- Criar orçamentos precisos, mesmo quando os projetos ainda não estão em BIM
- Planejar e controlar a implementação de soluções industrializadas
- Avaliar diferentes cenários e alternativas construtivas
- Garantir rastreabilidade de custos em todas as etapas
O uso da nossa tecnologia e dos dados gerados, ajuda você a:
- Fazer um orçamento melhor;
- Ter um planejamento integrado, com curva físico e financeira;
- Comprar e contratar melhor;
- Controlar a obra de forma mais simples e fácil.
Com apenas alguns cliques, você tem acesso a todos os serviços, quantidades e custos necessários para cada local da sua obra. E o melhor: você não precisa ter experiência prévia com BIM, nem seus projetos precisam estar modelados.
Entre em contato com a gente e descubra como podemos otimizar seus processos e aumentar a produtividade da sua obra.
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